quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Azia lá, deleite aqui

Lula diz que não perdeu nada por não ler jornais no seu governo

Da Folha Online

Em entrevista à TV Brasil, na noite desta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não perdeu nada por deixar de ler jornais e revistas durante seu mandato. Ele voltou a afirmar que a leitura matinal dos jornais lhe dá azia. Em entrevista no ano passado à revista Piauí, Lula disse que não lia notícias para não ter problemas no fígado.

"Tomei a atitude de não ficar com a raiva que eles [imprensa] pensam que eu vou ficar (...). Pensam que eu vou ler, vou ficar com azia, disse ao [ministro da Comunicação], Franklin [Martins] 'vou parar de lê-los, não vou ficar com azia. E não perdi nada", disse o presidente à TV Brasil.

Íntegra aqui.

Lula molusco!

Por Reinaldo Azevedo

“Não é o meu nome, é o nome de um crustáceo. Pensei que só tinha lula pequena, aquela que a gente faz isca, esses dias vi que tem lula de 17 m, a lula colossal”.

A fala acima é do Babalorixá de Banânia, numa saudação a Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras. Ele se referia ao fato de que a empresa rebatizou os poços de petróleo de Tupi e Iracema: agora eles se chamam “Campo de Lula”. Segundo a Petrobras, as duas áreas têm um volume recuperável de 8,3 bilhões de barris de óleo.

A lula é um molusco, não um crustáceo, e Lula é presidente da República, não um vulto da nossa história. A lei proíbe que áreas públicas sejam batizadas com nomes de pessoas vivas. A desculpa, no caso, é que a Petrobras sempre recorre a nomes marinhos…

Há, assim, a decisão deliberada de escarnecer da lei, recorrendo a um truquezinho vigarista. Nada que não esteja à altura de Gabrielli, o presidente da Petrobras que se entregou, nas eleições, ao mais descarado proselitismo.

Uma mão suja a outra… de óleo. Ontem, depois da “homenagem”, o Babalorixá anunciou a permanência de Gabrielli no cargo. Não esperou que Dilma Rousseff o fizesse. Nomeia quem manda.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um dia...



Será ao som de Claire de Lune, de Debussy, que um dia hei de comemorar o êxtase do regresso, o equilíbrio definitivo, a fé inabável em uma vida a salvo das aflições comezinhas. E nesse dia não serei mais apenas eu.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

É Natal...



Imagem do fotógrafo Dhárcules Pinheiro.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Protesto solitário e bem humorado



Imagem do fotógrafo Dhárcules Pinheiro.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O peso da farra no bolso do eleitor acreano

A farra patrocinada pelos parlamentares de Brasília, que se auto-concederam aumento de quase 62% de salário, passará a custar mais caro para o eleitor acreano. Serão R$ 192 mil a mais todos os meses para o sustento das excelências. Isso dá R$ 2,3 milhões por ano.

O pior é que a farra será extensiva aos nobres vereadores, o que vai onerar ainda mais o orçamento público. Sem falar que os bacanas do Acre ainda recebem aposentadoria de R$ 23 mil ao mês por quatro anos de prestação de serviços no governo - um brinde que nos foi dado pelo ex-governador Jorge Viana.

Eles tudo podem. A gente só se phode.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Trama companheira

No mês passado a imprensa nacional divulgou que Lula defendia aumento salarial para a companheira Dilma Rousseff, e alguns dias depois a própria disse que, devido ao valor dos vencimentos dos ministros, estava difícil preencher os cargos. Abordei o assunto em dois posts diferentes (aqui e aqui).

Como essa gente não tem vergonha na cara, e os que votam neles menos ainda, o aumento para a companheira Dilma, cujo salário passará de R$ 11,4 mil para mais de R$ 26,6 mil, custará cerca de R$ 1,8 bilhão aos cofres públicos, já que o reajuste sofrerá o chamado efeito cascata.

É claro que essa dinheirama vai fazer falta aos governos. Mas o do Acre haverá de compensar a perda com mais uma ida ao guichê do Banco Mundial.

Estranho orgulho maternal

Releio A História da Filosofia, de Will Durant - livro fascinante que integra a coleção Os Pensadores, da editora Nova Cultural. A obra é essencial para aqueles que sabem (ou pelo menos desconfiam) que filosofia é bem mais do que loquacidade empolada.

Ainda que me arrisque em destrinchar a complexidade de alguns dos principais autores do ramo, estou certo de que suas histórias pessoais são bem mais interessantes que suas cogitações.

É o caso de Schopenhauer. A narrativa de seus insucessos e dissabores, abordados no livro de Durant, me fez lembrar, por conta da releitura, uma senhora, mãe de quatro filhos, a quem um dia tive oportunidade de contar uma das passagens da vida do pensador alemão.

Filho de um comerciante de mau gênio, Arthur Schopenhauer tomou ao pai o caráter prático e a aspereza no trato interpessoal. Era um sujeito casmurro, portanto. A mãe apresentava pendores literários, e em sua época se tornou conhecida autora de romances.

Morto o comerciante, a viúva entregou-se a um estilo de vida "mundano", adotando ela o amor livre como conduta. Abriu também os salões de sua nova residência em Weimar, para aonde se mudou, aos intelectuais mais populares do início do século 19.

Jovem talentoso, Schopenhauer rivalizava com ela a propensão ao brilhantismo intelectual. Ao ponto de Goethe dizer dele que ainda seria um homem muito famoso. A resposta da Sra. Schopenhauer a essa observação não poderia descrever melhor o ódio que reinava entre os dois. Segundo ela, não havia na mesma família lugar para dois gênios.

O relacionamento de ambos se deteriorava de tal forma que, certo dia, durante uma discussão, a escritora empurrou o filho escada abaixo. Foi por essa ocasião que o filósofo disse, ríspido, que a mãe só seria lembrada pela posteridade graças à fama que ele haveria de granjear.

A moral da história é que por trás de muita filosofia de boa reputação pode haver deploráveis acontecimentos familiares. E que por trás de muita família de renome, nenhuma filosofia.

Essa passagem da vida de Schopenhauer eu narrei à senhora citada anteriormente. Ao mencionar que o pensador acertara em sua previsão, acrescentando que ninguém hoje sabe o nome da mãe dele ou é capaz de lembrar-lhe o título de uma única obra, vi pousar-lhe uma sombra sobre o rosto. E compreendi que a narrativa lhe havia ferido o orgulho maternal. Visivelmente incomodada, ela mudou de assunto, como se a predominância do gênio filial sobre a fama materna fosse um sacrilégio imperdoável.

Então senti um forte desejo (devidamente reprimido pela prudência) de acalmá-la com a observação de que, porquanto não fosse ela uma intelectual, menos ainda de renome, seus filhos estavam a salvo de ter o brilhantismo de um Arthur Schopenhauer.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Deve ter sido espancado com lixa de unha...

Acusado de furta (sic) casa quase e (sic) lixado (sic) no conjunto esperança‏

Do rdnoticias.com.br, um site que certamente faz Machado de Assis se revirar no túmulo.

Vejam por que:

"Deuzimar da silva Lisboa de 19 anos, foi preso por policias militares do quarto batalhão na noite de sexta feira 10/12 acusado de tenta furtava varias casas no conjunto esperança .

Segundo a policia o mesmo furtou varias casas mais só não conseguiu devidos aos moradores do local que ao perceberei o acusado partiram para cima do mesmo que só não foi lixado devido a chegada dos policiais que impediram que os moradores lixasse o acusado que ainda levou varias porradas dos moradores segundo u dos moradores o acusado teria tentado furta as casas mais ao percebe a presenças das pessoas o mesmo teria saído correndo pulando de casa em casa mais os moradores conseguiram pegar o mesmo e se não fosse a chegada da policia, o mesmo teria sido lixado.segundo a guarnição que prendeu o acusado o mesmo ainda teria pegado uma faca para tenta reagi a prisão,e que não é a primeira vês que o acusado é preso em outra vez e o mesmo já estava solto praticando novos furtos".

Moral da história: escrever não é pra qualquer analfabeto.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tenha a santa misericórdia!

Panfleto da Santa Casa de Misericórdia do Acre que circula pela cidade:



Destaquei a parte que interessa, para o leitor ter ideia do "profissionalismo" do responsável pela peça publicitária:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Que pena



"Olha só você
Depois de me perder
Veja só você
Que pena...

Você não quis me ouvir
Você não quis saber
Desfez do meu amor
Que pena..."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cale a boca, jornalista!

GOVERNO ESTUDA REGULAR CONTEÚDO DE RÁDIO E TELEVISÃO

Andreza Matais, da Folha em Brasília

primeira versão do projeto do governo para o setor de telecomunicação e radiodifusão prevê a criação de um novo órgão, a ANC (Agência Nacional de Comunicação), para regular o conteúdo de rádio e TV.

A Folha teve acesso à minuta da proposta, batizada de Lei Geral da Comunicação Social. O texto tem cerca de 40 páginas e vem sendo mantido em sigilo.

(...)

Para o governo, a agência não significa censura, porque o conteúdo será analisado depois de veiculado.

Representantes do setor, porém, avaliam que a proposta abre brechas para cercear jornalismo e dramaturgia. Além disso, dizem, a Constituição já prevê punição para os abusos.

A criação da agência para regular conteúdo tem apoio de entidades que defendem o "controle social da mídia".

Íntegra aqui.

Comento
A sanha companheira pelo controle da mídia pôde ser vislumbrada durante todo o mandarinato do Sr. Luiz Inácio. Laivos de autoritarismo não faltam aos que atribuem à liberdade de expressão a grande ameaça ao projeto de eternizar-se no poder. Nesse quesito, o Acre tem know how a exportar. Nossa esperança consiste na constatação de que lá fora os empresários da comunicação não dependem dos caraminguás estatais que por aqui fazem a felicidade de meia dúzia de doutos comerciantes do ramo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pela quarta vez, às voltas com os brabos da Amazônia

Ocupo-me no momento da revisão de Amazônia dos Brabos. É a quarta que faço desde que botei, há sete anos, um ponto final na história de João Gabriel de Carvalho e Melo. Faço-o novamente não apenas por desvelo profissional, mas por ter percebido na edição do Senado que a revisora extrapolou sua função ao decidir meter o bedelho onde não devia. Parece brincadeira que alguém resolva em dois ou três segundos rearranjar aquilo que levou semanas ou meses para ser concebido e organizado.

A revisão, claro, tem uma razão de ser: vou reenviar o romance às editoras para tentar republicá-lo, desta vez dentro de um esquema profissional.

Desejem-me sorte.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Geometria (ou aritmética) do amor

Se a vida fosse como a geometria, bastaria que traçássemos uma linha reta e nela seguíssemos sem tropeços. Eu, por exemplo, me encerraria em meu quadrado para ver o tempo passar - sem angústias ou desejos, sobressaltos ou rancores, apenas a doce disposição de não fazer parte do drama exasperante do cotidiano. E criaria uma paráfrase de Spinoza, que em sua Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras teve a bondade de nos provar, sob a mais sólida argumentação filosófica, que Deus de fato existe.

Eu, por exemplo, provaria a existência do amor, argumentando nos termos de Spinoza: duas retas paralelas acabam por se encontrar no infinito. O problema é que esse encontro para mim deixou de ser uma possibilidade. Restou-me apenas a constatação de que nem a aritmética explica a minha desdita: 1 + 1 já não são dois.

O pior da vida é quando nem mesmo a teoria nos consola do que nos foi tirado pela crueza da realidade.