Os jornalistas estatais são pródigos em alquimias. Dessa vez eles conseguiram transformar críticas ácidas do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, em afagos ao colega Jorge Viana, do PT.
Enquanto a Folha Online afirmou nesta quarta que "Aécio bate boca com petistas em 1º discurso na tribuna do Senado", a assessoria de imprensa do acreano enviava à redação dos jornais release com o título "Aécio Neves acredita em consenso".
A Folha atribui ao senador mineiro a frase "entre o interesse do país e do partido, o PT escolheu o do PT". Já o texto chão da assessoria pinçou do discurso do tucano afirmação de que "o exercício da oposição deve ser organizado com coragem, responsabilidade e ética”.
Aécio, segundo a Folha, disse que "Não é interesse do país que o poder federal patrocine o grave aparelhamento e o inchaço do Estado brasileiro, como nunca antes se viu na nossa história." No texto da assessoria, ele teria dito que “Não devemos temer [com o governo do PT] uma relação aberta e transparente”.
Sobre a celeuma que causou o pronunciamento, nenhuma palavra no texto enviado aos jornais da aldeia. A peça termina com uma referência poética sobre dois construtores de pontes.
Jornalismo nunca foi literatura, apesar de grandes escritores como Truman Capote terem feito do ofício de repórter uma verdadeira arte da composição literária. Mas no Acre há um arremedo de jornalismo que não apenas avilta as verdades como desonra a ficção.
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