Ilzamar Gadelha, a viúva de Chico Mendes, assassinado em 1988, desmente que esteja devendo honorários advocatícios a Jair Medeiros, conforme um site local noticiou nesta terça-feira (1°). Medeiros cobra R$ 250 mil referentes a serviços prestados à família de Ilzamar em ação contra o Estado pela morte do líder seringueiro.
Mesmo sem apresentar contrato que sustente sua versão e tendo recebido os R$ 10 mil de sucumbência (quando a ação é extinta), Medeiros insiste em cobrar um valor acima do acordado entre Ilzamar e a Procuradoria Geral do Estado em 2006, um total R$ 200 mil – divididos igualmente entre os três filhos e a viúva. O advogado baseia sua petição sobre os R$ 1,5 milhão da ação proposta em 1996.
“Acontece que não houve assinatura de contrato sobre os honorários advocatícios, pois a Dra. Gessy Bandeira [de cujo escritório faz parte Jair Medeiros] concordou em nos defender em troca do prestígio profissional que um caso de grande repercussão lhe proporcionaria”, defende-se Ilzamar.
A viúva de Chico Mendes alega ainda que o advogado incluiu nos autos até mesmo os valores das bolsas de estudo concedidas aos filhos dela por força da lei 1.305/99, enviada pelo então governador Jorge Viana à Assembleia Legislativa e aprovada por unanimidade.
Histórico da contenda
Em 1996, Ilzamar foi levada ao escritório da advogada Gessy Bandeira pelas mãos de Josué Fernandes, então professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) e amigo de Chico Mendes. O historiador persuadiu a advogada a pegar o caso, argumentando que ele lhe traria dividendos profissionais. Gessy, alega Ilzamar, sabia que a família não tinha como arcar com as despesas decorrentes dos serviços advocatícios e por essa razão, também, não exigiu honorários. Ilzamar afirma ter assinado apenas uma procuração.
Quinze meses depois dessa visita, os advogados entraram com a ação contra o Estado. Na primeira audiência, quatro anos depois, para surpresa de Ilzamar, o escritório determinou que sua defesa fosse feita por Jair Medeiros, que havia defendido, num primeiro momento, os assassinos de Chico Mendes.
A viúva entrou em contato com Gessy Bandeira para avisar que não queria ser representada por Medeiros. A advogada prometeu tirá-lo do caso.
Causas ambientais
Identificando-se com as causas defendidas por Chico Mendes, o então governador Jorge Viana (PT) orientou Ilzamar a fazer um acordo com o Estado. Jorge deplorava a repercussão do caso sob seu governo, e Ilzamar foi encaminhada à PGE para selar os detalhes do ajuste.
Ela diz ter comunicado o fato aos advogados e sustenta que nenhum representante do escritório de Gessy Bandeira compareceu ao encontro com os procuradores estaduais.
“Para minha surpresa, anos depois, o advogado Jair Medeiros me aparece exigindo o pagamento de R$ 250 mil por serviços que nunca existiram”, afirma.
O advogado ainda requer a indenização por danos morais. Ele alega ter ficado sem trabalhar em função da dedicação ao processo da viúva de Chico Mendes. Ocorre, porém, que a defesa dela juntou aos autos os casos em que Jair Medeiros atuou durante todos esses anos.
Ilzamar lamentou ainda a alegação do site segundo a qual ela não teria sido encontrada para dar sua versão dos fatos.
“Fui retratada como caloteira e sequer me deram a oportunidade de me defender”, desabafou.
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