sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Minha colheita

Nada há de mais triste nesta vida
Que olhar pela janela do passado
E se ver com os pés sobre o arado
De uma terra infértil e ressequida

De tudo tentei cultivar, todavia.
Plantei amor despudorado,
Prazeres vãos e um bom bocado
De ingênua esperança e alegria.

Plantou, colheu, é uma verdade
Que vale para tudo nesta vida.
Pois por longos anos minha lida
Foi a de colher calamidades

Não culpo a chuva ou o granizo,
Não choro as pragas sorrateiras.
O certo é que perdi as estribeiras
Ao jogar por terra o meu juízo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A voz do vento

De repente, não mais que de repente
Você largou minha mão, tão decidida,
E eu com uma dor mais que pungente
chorei a confirmação de sua partida.

Agora sei: o que nos dói nas despedidas
É compreender que se foi tão imprudente
Ao revelar de forma desmedida
O amor que se movia vorazmente

E eu que tanto cri na sua doçura
Sequer atinei aos seus rompantes
De afastar de si minha ternura

Chamei teu nome noite adentro
Na ânsia de rever os dois amantes
Mas em resposta só ouvi a voz do vento

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Justiça afasta Randson Almeida da prefeitura de Marechal Thaumaturgo

A prefeitura de Marechal Thaumaturgo está de portas fechadas desde a quarta-feira, data em que o juiz Francisco Vilela, titular da 1ª Vara Cível da Comarca de Cruzeiro do Sul, determinou o afastamento de Randson Almeida (PMDB) do cargo. A Polícia Federal (PF) fez diversas diligências no município e em Cruzeiro do Sul em busca de computadores e documentos. Houve prisões.

Enquanto durarem as investigações, Maurício Praxedes (PMDB), vice de Randson, responderá pelo município. Ontem, por telefone, Praxedes confirmou que a PF recolheu computadores e documentos da prefeitura. Ele determinou a exoneração de todos os secretários nomeados por Randson, e na segunda-feira deverá anunciar os novos nomes de sua equipe.

A denúncia que afastou o prefeito peemedebista foi oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) com base em fartas evidências de improbidade administrativa. O depoimento da ex-secretária de Educação Sandra Pinheiro foi determinante à ação do MPE.

Sandra revelou fortes indícios de irregularidades na merenda escolar, na compra de combustíveis para o transporte de alunos, no fornecimento de alimentação de servidores, além de falsificação de assinaturas de cheques do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e no uso destes para compra de bens pessoais e pagamentos de dívidas pessoais de Randson.

Segundo o MPE, os atos do prefeito teriam causado um desfalque nos cofres públicos no valor total de R$ 3.201.912,06. O promotor Rodrigo Fontoura de Carvalho, autor da ação cautelar do MPE enviada ao juiz da 1ª Vara Cível de Cruzeiro do Sul, sustentou que havia “robustos elementos que indicam que uma quadrilha está instalada na prefeitura de Marechal Thaumaturgo”.

Além do afastamento, a Justiça decretou a indisponibilidade dos bens e dos direitos do prefeito afastado. O pedido foi feito para garantir o ressarcimento, em caso de condenação, dos valores supostamente desviados.

A empresa Rio Amonia, de propriedade do primo do prefeito, Marcildo Oliveira de Almeida, também teve seus bens bloqueados pela Justiça.

Fontoura viu com desconfiança a transferência de titularidade de um imóvel localizado na Rua do Embira, 427, bairro João Alves, Cruzeiro do Sul, no valor de R$ 432.788,77. Antes no nome de Randson Almeida, o bem foi supostamente vendido à empresa Rio Amonia assim que as diligências do MPE, da PF e do Tribunal de Contas do Estado se iniciaram em Marechal Thaumaturgo.

O MPE também detectou a existência de funcionários fantasmas e de servidores irregulares, a retenção ilegal de impostos, compra irregular de embarcações, reforma e construção superfaturadas de escolas, além de concessão indevida de bens públicos a terceiros.

O TCE encontrou inúmeras irregularidades na administração e enfrentou muita resistência no fornecimento de documentos que comprovassem as despesas da prefeitura.

Debandada
Randson Almeida deixou o município assim que os agentes da PF iniciaram, na terça-feira, uma série de diligências e depoimentos de pessoas ligadas à atual administração. Muitos secretários municipais também saíram do município.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

MPE pede afastamento do prefeito de Marechal Thaumaturgo

Ação cautelar aponta que uma quadrilha na administração de Randson Almeida desviou mais de R$ 3,2 milhões

Com base em inúmeros indícios de improbidade administrativa, o Ministério Público Estadual pediu nesta sexta-feira o afastamento provisório e a indisponibilidade dos bens do prefeito de Marechal Thaumaturgo, Randson Almeida (PMDB). O pedido se estende à empresa Rio Amonia, de propriedade do primo do prefeito, Marcildo Oliveira de Almeida.

Segundo o promotor Rodrigo Fontoura de Carvalho, autor da ação cautelar do MPE enviada ao juiz da 1ª Vara Cível de Cruzeiro do Sul, há “robustos elementos que indicam que uma quadrilha está instalada na prefeitura de Marechal Thaumaturgo”.

O propósito desse grupo, segundo o promotor, seria praticar crimes diversos e atos de improbidade, ocasionando malversação de recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a existência de funcionários fantasmas e de servidores irregulares, desvio de dinheiro da merenda escolar, retenção ilegal de impostos, compra irregular de embarcações, reforma e construção superfaturadas de escolas, além de concessão imprópria de bens públicos a terceiros.

Fontoura aponta ainda como suspeita a transferência de um imóvel localizado na Rua do Embira, 427, bairro João Alves, Cruzeiro do Sul, no valor de R$ 432.788,77. Antes no nome de Randson Almeida, o bem foi transferido à empresa de Marcildo Almeida, a Rio Amonia, assim que as diligências do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas do Estado e da Polícia Federal se iniciaram em Marechal Thaumaturgo.

Registrada no Cartório de Imóveis, Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas de Cruzeiro do Sul, a transação foi classificada pelo promotor como uma tentativa de “desfalque malicioso” do patrimônio do prefeito Randson para evitar prejuízo em caso de condenação judicial.

Indícios robustos

A ação cautelar proposta pelo MPE se baseia, principalmente, no depoimento da ex-secretária de Educação do município Sandra Pinheiro e em relatórios do Tribunal de Contas do Estado. Sandra forneceu os primeiros detalhes de como o dinheiro do Fundeb era desviado pelo grupo o prefeito, e quais as consequências dos desfalques para o sistema municipal de educação.

Técnicos do TCE encontraram inúmeras irregularidades na administração e encontraram muitos percalços para obter documentos que comprovassem as despesas da prefeitura. A ação cautelar também se baseou em matérias e notas publicadas no jornal Página 20 sobre denúncias de corrupção na prefeitura.

Diligências do MPE a Marechal Thaumaturgo constataram uma série de irregularidades na educação. Rodrigo Fontoura detalhou a situação das escolas e da merenda escolar entregue aos funcionários na zona rural – em alguns casos com prazo de validade vencido e quase sempre em quantidades inferiores ao que estava discriminado nas notas fiscais.

O relatório aponta ainda a inexistência de fogão a gás na zona rural, o que obrigava os servidores a prepararem os alimentos dos alunos em fogareiros a lenha, além da falta ou entrega tardia de combustível para transporte de alunos via fluvial.

A atuação do MPE pode sepultar de vez a carreira de Randson Almeida, filho do ex-prefeito Leandro Tavares, outro que responde na justiça por atos nebulosos resultantes de sua passagem pela prefeitura de Marechal Thaumaturgo.