quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Da coluna Poronga

Protesto
Um grupo de médicos organizou no Facebook uma campanha para protestar contra a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo.

Em tom descontraído
Tudo porque no dia 21 de janeiro, no programa Tribuna Livre, da TV Rio Branco, Suely sugeriu, em tom bem humorado e descontraído, que o dinheiro e o status movem parte da categoria.

Meia dúzia
Bastou isso para que a secretária fosse execrada por meia dúzia de oportunistas, cujas razões políticas são mais do que óbvias.

Manobra
Para arregimentar cúmplices, o pessoal que se espevitou com a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo, tratou de descontextualizar sua declaração, para torná-la um libelo contra a classe inteira.

Deletados do baile
A coisa é tão dirigida pelo Sindmed, responsável pelo alarido na rede social, que comentários contrários à iniciativa tratam logo de ser apagados.

Dois pesos
É uma questão até hilariante: o pessoal que exerce o direito de protestar acaba por censurar as opiniões contraditórias.

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Denúncia aponta descaso com escolas da zona rural de Cruzeiro do Sul


A desativação da escola Sidney Vilela (foto), na comunidade Baturité, no Alto Lagoinha, a cinco horas de barco de Cruzeiro do Sul, divide opiniões. O autor da denúncia, o economista Rafael Dene, esteve no local e diz ter conversado com membros da comunidade, que imploram pela reabertura da unidade de ensino. Já o secretário de Educação do município, Ivo Galvão, afirmou que a escola foi fechada pelo fato de no local haver apenas quatro crianças em idade escolar.

Rafael Dene conta ter encontrado 16 alunos que precisam caminhar por dentro da mata durante três horas para frequentar aulas na comunidade Barro Alto. Outro problema, segundo ele, é que na prefeitura há documento em que consta a existência de professor lecionando na escola fechada.

Além disso, os 16 alunos que precisam caminhar até três horas para ter aula nem sempre recebem merenda, afirma. Dene refez, junto com as crianças, a caminhada de três horas por dentro da floresta. “Voltei pra cidade com bolhas nos pés”, diz. “Os alunos também declaram que na escola Airton Senna quase não houve merenda no ano passado”, conta Dene.

Tudo junto e misturado
Segundo Rafael Dene, a falta de escolas e professores tem obrigado que crianças de 1ª a 4ª série se juntem numa única sala, para assistir às aulas dadas por um único professor – isso quando ele aparece para cumprir as obrigações.

O garoto Ismael, de 10 anos, devido a esse problema, ainda não aprendeu a ler, e sequer sabe escrever o próprio nome. O fato é confirmado pelo produtor rural Raimundo Virgínio de Souza, 62 anos. Outras escolas, segundo Dene, passam pelo mesmo problema de falta de professores: a Raimunda e Castro Lebre, localizada na BR-364, Ramal do Zacarias, e a escola Padre Manoel da Nóbrega I, na comunidade Mundo Novo. Esta última ainda tem o agravante de estar em péssimas condições estruturais e com problema de oferta e merenda, de acordo com Dene.

O economista também questiona a construção da escola Airton Senna da Silva, no valor de R$ 70 mil. Para ele, o gasto não condiz com a simplicidade de sua estrutura.

Dene ressaltou ainda que os moradores imploram pela reabertura da escola fechada pelo prefeito Vagner Sales (PMDB).

Outro lado
O secretário de Educação de Cruzeiro do Sul, Ivo Galvão, confirmou o fechamento da escola há dois anos. Mas desmentiu a existência de 16 crianças em idade escolar na comunidade Baturité. “A comunidade é dispersa, só há quatro crianças lá em idade escolar e nenhum sistema de ensino no mundo admite manter uma escola funcionamento para apenas quatro alunos”, assegurou, admitindo, porém, que eles estão sem estudar devido o fechamento da escola.

Galvão assegurou à reportagem do Página 20 que em todas as escolas da zona rural sobrou merenda em 2011. “Gastamos quase o dobro do que é repassado pelo FNDE [Fundo Nacional de Alimentação Escolar], de 30 centavos ao dia por aluno”, argumentou.

Ele também refutou a suspeita de superfaturamento da escola Airton Senna. E disse que a construção seguiu os padrões técnicos ditados pelos engenheiros e que a prefeitura não teme qualquer investigação nos contratos com as empresas vencedoras das licitações.

Sobre a falta de professores para trabalhar na comunidade Baturité, Ivo Galvão afirmou que nenhum dos professores concursados aceitou trabalhar no local. E ironizou o denunciante, dizendo que se Rafael Dene quiser lecionar lá, a prefeitura lhe arranjaria um contrato.

O secretário disse ainda que a prefeitura mantém 54 barqueiros para transporte de alunos na zona rural.