quarta-feira, 31 de março de 2010

Vou-me Embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

terça-feira, 30 de março de 2010

Um prefeito que o PT esconde



O município de Jordão ficou conhecido por matéria do Fantástico que exibiu como vivem os moradores de uma cidade que figura entre as três com pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. Sei que a questão levantou muita polêmica na época (março de 2009) e que algum petralha vai resmungar, ao ler este post, algo do tipo "ah, ele está requentando notícia velha". Aviso, porém, que o assunto não envelheceu, sobretudo porque a situação de Jordão continua a mesma.

O governo petista, que gosta tanto de pavonear-se com aquilo que faz e com o muito que promete, deveria mostrar a condução administrativa da cidade de Jordão. Ou será que o anonimato em que vive o prefeito Hilário de Holanda Melo não é proposital?

A foto aí acima não deixa dúvida sobre o descuido do petista com a limpeza da cidade. E este é, infelizmente, o menor dos muitos problemas enfrentados pelos habitantes do Jordão.

Novo visual

Queridos, com a ajuda do cartunista Francisco Braga, o blog está de cara nova. Graças aos mais modernos programas de edição de imagem, o Braga conseguiu, não obstante os meus 37 anos, me deixar com cara de 36 e meio.

A ele agradeço o empenho e a arte. Não é todo dia que a gente pode contar com o talento de um grande artista em troca de um simples cafezinho.

Eles mentem – sobretudo se a imprensa deixa

O presidente Luís Inácio Lula da Silva teve que admitir ontem que as obras do PAC estão atrasadas. Não o fez, óbvio, de bom grado, principalmente porque o anúncio coincidiu com o lançamento do PAC 2. Mentir é imperativo de todo petralha que se preze. E se o presidente resolveu dizer a verdade sobre o andamento do PAC, foi por medo de ser desmentido publicamente.

No dia 2 de março deste ano, o jornal Folha de S. Paulo revelou que o governo federal havia maquiado balanços oficiais para encobrir o atraso nas principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento. “Três de cada quatro ações destacadas no primeiro balanço do programa não foram cumpridas no prazo original”, dizia a matéria.

Nesta segunda, a Folha Online publicou que de acordo com levantamento feito pelo site Contas Abertas “46% das ações do programa estão em andamento ou já foram entregues, enquanto metade (54%) delas sequer saiu do papel desde que o PAC foi lançado em 2007”.

Todo mundo sabe que o 2 vem depois do 1. Estando a versão primeira do PAC ainda pendente de resultados, é cristalino o motivo da antecipação do PAC 2. E se o governo não esconde que o carro, nesse caso, foi colocado à frente dos bois, é porque a grande imprensa se mantém atenta ao trotar dos bovídeos.

Aqui os jornais dormem um sono de Bela Adormecida. No domingo, por exemplo, li no jornal A Gazeta uma matéria de página inteira que apresentava Jorge Viana como a grande inovação política do estado (não obstante ele receber aposentadoria de ex-governador por ter ficado oito anos no cargo).

E enquanto a imprensa cochila, nossos governantes mentem e depois desmentem a si mesmos, como aconteceu com Binho Marques sobre o asfaltamento da BR-364. Quando assumiu o governo, Binho prometeu asfaltar a estrada até o fim deste ano (veja aqui e aqui). Quando se deu conta de que terminaria o governo devendo a conclusão da obra, inventou que nunca havia feito tal promessa.

Como os jornais não cobram essas contradições e até colaboram com a fraude, os petralhas do Acre se danam a mentir. E haja tinta e papel pra tanta ficção...

segunda-feira, 29 de março de 2010

Passado

Poema enviado ao blog pelo leitor Jânio da Cunha Bastos

Passado, presente realizado.
Presente, passado se realizando e se inventando.
Futuro, tempo da espera – ou a ação do presente?
Passado, em ti jaz meu eu de outrora,
Refletido nessas imagens baças da memória,
Que me dão esse prazer fugaz de relatar-te e reviver-te.
Não que eu pense que falo de ti mesmo,
Como objetivo-presente; na mesma atmosfera emocional que aconteces-te.
Pois tu te perdeste nesse oceano de fragmentos - a memória.
E, se te trago ainda comigo, é apenas por que me divertes esses teus trazes caleidoscópicos, esse turbilhão de vividos que me acompanham,
Que, por contraste, me dizem quem sou agora - fluição.
De memórias herdadas, vividas e inventadas és constituído,
Mas nem por isso, posso viver sem ti.

Jânio da Cunha Bastos, 27 anos, é aluno do 7º período do curso de História da Universidade Federal do Acre.

Interpretações cavilosas

O engenheiro Valterlúcio Campelo se pronunciou sobre o debate que se desenrolou entre mim e o deputado Moisés Diniz a partir de um texto seu. Valter manteve a afirmação que gerou a discordância, contestada por mim e apoiada por Diniz, mas 'desautorizou' a conotação que o deputado pretendeu dar-lhe às premissas.

Prova de que muita tese por aí acaba dando carona a interpretações cavilosas.

Veja aqui.

Premissa subordinada à exceção

Por vezes a exatidão teórica tem de esbarrar na incidentalidade dos fatos. O filósofo Hegel soube o que é isso, e assim acabou por dizer que "Se os fatos não confirmam a minha teoria, pior para os fatos".

O deputado Moisés Diniz (PCdoB) acredita em tudo que lê quando a leitura reflete suas idéias subjacentes. Mas se for confrontado com os buracos de alguma teoria que lhe cabe na algibeira, trata de apelar para as exceções. Essas, como convém ao senso comum, servem apenas para "confirmar as regras".

Moisés "comprou" rapidamente a idéia de que senadores são eleitos linkados a programas de governo. O motivo de tão ligeira adesão é óbvia. Ante, porém, um exemplo que lhe expus aqui, ele tratou de apelar às "premissas da exceção".

Qual a validade de uma regra que se subordina às suas exceções e à eventualidade dos fatos?

Moisés Diniz parece vislumbrar aritmética onde só enxergo retórica.

Esse é o nosso presidente!

"Ao invés da mulher ficar batendo no marido com o chinelo, com a concha de pegar feijão, é melhor trancar ele do lado de fora, ele fica na varandinha refrescando a cabeça."

Luís Inácio Lula da Silva, ao justificar que os apartamentos do PAC em Osasco (SP) são entregues sem azulejos, contrariando exigência contratual, mas com uma "varandinha" para o marido não apanhar da mulher.

sábado, 27 de março de 2010

Premissa falsa

Quando os argumentos de um adversário casam com nossas pretensões, torna-se de bom alvitre alardeá-los, não é mesmo? E o motivo é simples: se um aliado político defende idéias semelhantes às minhas, é porque é aliado. Mas se minhas idéias encontram eco na argumentação de um adversário, é porque estaríamos diante de uma - digamos assim - verdade absoluta.

O engenheiro Valterlúcio Campelo, em seu blog, sustenta que a escolha dos candidatos a senador, por se tratar de cargo majoritário, "tem uma colagem com a candidatura ao Governo muito maior que a de deputados federais e estaduais. De modo estrito, o Senador representa o Estado e não o povo, portanto suas respostas estão necessariamente vinculadas a uma agenda de governo, consequentemente, ao projeto de governo ao qual se alia".

E prossegue:

"É bastante razoável afirmar que uma provável unidade das oposições na chapa majoritária não significa, como se poderia pensar ligeiramente, a garantia de eleição de um senador, pelo menos. O fato de existirem duas vagas não determina uma vitória da oposição".

A segunda parte do raciocínio é mais precisa que a primeira. Mas o deputado Moisés Diniz, eleitor de Jorge Viana e Edvaldo Magalhães, aplaude, claro, o discurso do "adversário" Valterlúcio, porque gostaria de enfiar duas violas no mesmo saco.

E quando digo que a primeira parte do raciciocínio não é tão precisa, é porque em São Paulo, por exemplo, cujo governo há duas décadas vem sendo ocupado pelo PSDB, há nada menos que dois senadores petistas (Aloísio Mercadante e Eduardo Suplicy). O terceiro senador é Romeu Tuma, do PTB, outro aliado dos petralhas. Ora, considerando a "colagem" apregoada por Valterlúcio entre candidatos ao Senado e a plataforma de governo tucana, parece que os eleitores paulistas andam desrespeitando a lógica.

Ou será que eles, ao contrário do deputado Moisés Diniz, não estão nem aí pra teoria na hora de escolher seus senadores?

Efeito Datafolha

Por Kennedy Alencar, na Folha Online

Mais do que frear o clima de "já ganhou" que se instalava no PT e no governo, o resultado da pesquisa Datafolha tira poder do presidente Lula numa hora de decisões importantes para as pré-candidaturas de Dilma Rousseff e de José Serra.

Nesta nova fase da eleição, quando os dois candidatos vão sair de seus cargos, ganha importância a formação das alianças políticas. O Datafolha mostrou recuperação de Serra exatamente um mês após uma pesquisa ruim para o tucano feita pelo mesmo instituto.

No final de fevereiro, Dilma encostou em Serra. No fim de março, Serra voltou a crescer, e Dilma estacionou.

O primeiro efeito é dar uma injeção de ânimo a uma pré-candidatura quase clandestina, assumida apenas nos bastidores pelo governador de São Paulo. Agora, Serra tem nove pontos de diferença sobre Dilma no Datafolha (36% a 27%). Não é uma vantagem confortável, mas é a vantagem necessária para o momento.

Havia muita preocupação no PSDB em relação ao clima da cerimônia de 10 de abril em Brasília para Serra se lançar como candidato. Tinha tucano esperando a divulgação de pesquisa com Dilma na frente.

O resultado não será suficiente para que o PMDB reveja o plano de apoiar Dilma. Mas dará a alas serristas do peemedebismo mais discurso contra o grupo governista. Também redundará numa perda de poder do PT e de Lula para tentar impor ao PMDB o nome do candidato a vice de Dilma.

O Datafolha fura, por ora, "a bolha Henrique Meirelles". Filiado ao PMDB, o presidente do BC terá de decidir se deixa o cargo para ser candidato a senador ou a governador no Estado de Goiás. O sonho de vice de Dilma ficou mais distante.

A pesquisa vitaminará conversas de Serra para fechar uma aliança oficial com o PTB de Roberto Jefferson e seduzir parcelas do PP. Isso sem falar no aumento da pressão para que Aécio Neves, governador de Minas, forme a chapa pura com Serra, criando mais um fato positivo para a candidatura da oposição.

Em certo sentido, a pesquisa é positiva para Dilma do ponto de vista estratégico. Melhor tomar uma ducha de água fria agora. Ajuda a agir com mais realismo e menos arrogância, sobretudo da parte do presidente Lula, o maior incentivador de um prematuro e arriscado clima de "já ganhou".

Para Serra, a pesquisa é mais do que positiva. O resultado do Datafolha veio no momento em que ele mais precisava mostrar força perante o mundo político. Inteligente, preparado, duro na queda, parece, aos olhos de hoje, um adversário difícil de ser batido.

Kennedy Alencar, 42 anos, é colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Chuva


Rio Branco debaixo de chuva, nesta sexta-feira. A imagem é do fotógrafo Dhárcules Pinheiro, do jornal A Tribuna.

Sobre imprensa domesticada e jornalões

Acabo de ler, na edição da Folha de S. Paulo desta sexta-feira, artigo do jornalista Jânio de Freitas sobre as queixas de Lula contra a imprensa. A chorumela presidencial baseia-se na presunção de que jornais têm predileção por desgraças. O fato, exemplifica Lula, de que 2 mil casas construídas pelo governo federal não virem manchete, mas o desabamento de um barraco sim, provaria o pressuposto anterior.

Freitas lembra que o déficit habitacional no Brasil é de aproximadamente 6 milhões de habitações. O que seriam, portanto, 2 mil casas populares ante o tamanho do problema, para que jornais dediquem à ação governista a manchete pretendida?

Em relação ao barraco soterrado, deixo ao autor do artigo a explicação sobre a repercussão midiática:

"O olhar do jornalismo para um barraco arruinado não é predileção, não é atração. É repulsa, é pasmo, é emoção. Não do jornalismo: dos seres humanos. Dos que são leitores, espectadores, ouvintes - e, valei-os Senhor, jornalistas. É o valor da vida, não é o barraco. É o peso da tragédia, da avalanche e da enchente fatais, do desastre aéreo, do assassinato horrorizante".

Certa vez, ao tomar um cafezinho com o secretário de Comunicação do governo, Aníbal Diniz, ele se queixava do jornalista Altino Machado por este ter feito, no Página 20, uma matéria sobre uma família da periferia de Rio Branco que passava fome. O raciocínio de Aníbal era pragmático: com tanta coisa boa sendo feita pelo governo, por que ocupar-se em mostrar desgraças?

A contradição dos fatos não explica a questão em si. Dizer que os petralhas chegaram ao poder escancarando as mazelas sociais e agora fazem tudo para escondê-las é apenas parte do problema. E não que essa gente ignore a existência dos famintos, dos desabrigados, mas exibi-los nos jornais é demonstração de atraso, de golpismo e de opção pela calamidade. É como se dissessem: "sim, os miseráveis existem, mas mostrá-los para quê, se isso pode nos incomodar ligeiramente na hora do jantar?"

Essa questão, claro, está resolvida no âmbito local, onde a "inaguração" de um ramal asfaltado parece resolver todos os problemas de escoamento da incipiente produção agrícola acreana. Mas ainda é uma pedra no sapato dos petralhas federais. Se aqui o jornalismo cedeu espaço à comunicação estatal, em troca de alguns caraminguás, no Planalto Central as coisas não são tão simples como financiar a boa vida dos prorietários dos veículos de comunicação e ver-se livre das críticas.

A Lula, então, sobram irritação e desespero. Nessas horas me pergunto se o petralha-mor não sente uma pontinha de inveja do colega Hugo Chávez.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O professor Dirceu e um aluno exemplar



José Dirceu continua réu no processo do mensalão. O caso se arrasta desde 2007 no Supremo Tribunal Federal, como convém aos larápios que podem contar com a assistência de sapientes jurisconsultos.

Na semana passada, dia 14, o relator, ministro Joaquim Barbosa, incluiu na pauta da sessão do STF uma discussão sobre o andamento do processo contra os 40 mensaleiros que, na versão do então procurador geral da República, Antonio Fernando Souza, eram liderados por Dirceu.

Ninguém de bom senso duvida que as firulas legais estiquem o caso por muitos anos ainda. Faz parte da nossa cultura jurídica que ladrão graúdo envelheça longe do cárcere. Quando pegam algum, como ocorreu com José Roberto Arruda, é por questões alheias à pilhagem.

Dirceu veio ao Acre dar palestra sobre a conjuntura política atual. Ele tem currículo extenso e interesses variados. Não é economista, como se sabe. Mas posa de professor da matéria por onde passa. Aqui não agiu diferente. Ciceroneado pelo ex-governador Jorge Viana, falou sobre vários assuntos com conhecimento de causa.

Jornalistas que foram à palestra no auditório da Fieac se impressionaram com o que ouviram. Alguns saíram com a impressão de que Jorge Viana ainda tem muito a aprender com o ex-ministro. Ledo engano.

O ex-governador do Acre, acreditem, tem currículo suficiente para dar aula a Zé Dirceu.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Sem Lula, Dilma inaugura estrada com asfalto inacabado

KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Humaitá (AM)

A ministra e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, inaugurou nesta quarta-feira trecho da BR-319 ainda com o asfalto inacabado, entre Humaitá (AM) e Porto Velho (RO), e fez um discurso com elogios ao presidente Lula e ao ministro Alfredo Nascimento (Transportes), pré-candidato do PR ao governo do Amazonas.

O trecho da estrada inaugurado hoje é de 38 km, mas só 8 km têm duas camadas de asfalto. Os outros 30 km, com só uma camada, são transitáveis, mas o asfalto pode se desgastar rapidamente com a chuva e o tráfego. O Dnit disse que a segunda camada será aplicada no máximo até dezembro.

Leia a íntegra da matéria aqui.

Comento
No ritmo que a coisa vai, a ministra deve inaugurar também a BR-364 até Cruzeiro do Sul. Aqui, como podo ocorrer em Humaitá, o asfalto se desgasta rapidamente (graças à chuva e ao tráfego), como tem ocorrido desde que o governo do PT começou a pavimentar a estrada.

Ciro Gomes é aliado e não "capacho"

Da Agência Brasil (o título aí acima é meu)

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) voltou a afirmar que não abrirá mão da disputa pelo Palácio do Planalto neste ano mesmo se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o convidar para ser vice na chapa da ministra petista Dima Rousseff (Casa Civil). "Sou candidato a presidente, não a vice", disse, em entrevista à TV Brasil.

Ciro afirmou também que o ex-ministro José Dirceu continua atuando nos bastidores das próximas eleições e que tem ameaçado alguns governadores --entre eles, seu irmão Cid Gomes (PSB), do Ceará-- caso não apoiem a candidatura de Dilma. Ele ainda criticou a forma como o PT trata seus aliados. José Dirceu e PT não quiseram comentar as afirmações de Ciro Gomes.

Durante quase uma hora de entrevista, Ciro criticou tucanos e petistas e apresentou as mudanças que faria, caso fosse eleito, principalmente na condução da economia.

"Sou um aliado do PT. Agora, sou um aliado que exige respeito. O PT está acostumado a tratar seus aliados como se fossem seus empregados e a destratá-los, como faz com o PC do B", disse Ciro.

Leia a íntegra da matéria aqui.


Comento
Bem que Ciro Gomes poderia dar uma palestra no Acre sobre algo do tipo "A arte de ser insolente com o patrão sem perder o emprego". Não sei o que os camaradas acreanos acham do que disse Ciro sobre o PT, mas estou certo de que tem muita gente nos demais partidos que compõem a Frente Popular do Acre com ganas de chutar o traseiro dos petralhas. Vez por outra alguém salta do barco por não aguentar o tratamento ignominioso. Para a maioria, porém, a ignomínia é mais fácil de suportar que as agruras de uma vida na oposição.

terça-feira, 23 de março de 2010

Bem parecido com o purgatório

Berenice Sales da Silva carrega nos braços as marcas do calvário que se obriga a viver por conta da insuficiência renal. No antebraço direito as protuberâncias causadas pelas agulhadas - necessárias ao procedimento da hemodiálise a que ela se submete regularmente - são a evidência maior de que seu dia a dia não é fácil. Mas Berenice não se queixa da vida. Suas reclamações têm endereço certo: o local em que ela e outras dezenas de pacientes são obrigados a fazer hemodiálise.

Segundo Berenice, o setor de hemodiálise da Fundação Hospitalar é algo bem parecido com o purgatório. Ela levou à Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, algumas imagens que comprovam suas queixas contra os serviços oferecidos pelo governo estadual. Não é a primeira vez que se dirige aos deputados para denunciar as condições em que se encontra o setor. Berenice afirma ter cansado de esperar sentada, diante da máquina que não funciona por falta de peças, uma solução do poder público. E por isso tem peregrinado pelos corredores de instituições, como a Aleac e o Ministério Público Federal, em busca de soluções.

O deputado Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na Aleac, clamou a seus pares que o assunto não fosse politizado. Argumentou, com toda razão, que a todos interessa a solução do problema e não um debate infrutífero sobre a situação dos pacientes e a quem cabe a culpa por isso.

Estivesse o parlamentar na oposição, o governo seria crucificado sob o estigma da incompetência. E companheiros e camaradas certamente correriam para um abraço na Fundhacre.

Mas ainda que o debate se amenize sob o apelo persuasivo de Moisés Diniz, nada impedirá que neste ano os acreanos avaliem nas urnas as promessas de saúde de primeiro mundo feitas pelo senador Tião Viana.


Seis das 17 máquinas estão em "manutenção" desde novembro


Encosto da poltrona precisa de apoio de um banquinho


O "lanche" dado aos pacientes como cortesia do governo

segunda-feira, 22 de março de 2010

Marina Silva e suas lições a granel

A senadora Marina Silva (PV) assina artigo nesta segunda-feira no jornal Folha de S. Paulo. O texto, intitulado "Dia da Vida", fala sobre o Dia Mundial da Água. Ao final da preleção, a senadora afirma que "saneamento básico é a prioridade, investimento obrigatório para quem deseja uma sociedade que sabe cuidar das suas águas em benefício de seus cidadãos".

Há muito tempo uma cidadã do mundo, Marina fala agora para o Brasil, de olho na cadeira de presidente da República. Mas poderia ter feito alguns apelos aos companheiros acreanos, para os quais a tubulação que se enterra sob as ruas nunca foi lá muito atraente devido, talvez, ao seu reduzido apelo eleitoral.

Confesso que a postura messiânica da senadora me irrita. E mais irritante ainda me soa um artigo em que ela, a pretexto de figurar como a grande defensora do meio ambiente, nos lembra, por exemplo, que "a maior parte do esgoto gerado nas cidades é despejado sem tratamento nos cursos d'água" quando, aqui no Acre, sofremos do mesmo problema por obra do governo que ela continua a apoiar.

Onde estava a senadora, por exemplo, enquanto o companheiro Jorge Viana resolvia suprimir do Parque da Maternidade o lago de decantação? Nunca ouvi da boca de Marina uma única crítica ao fato do rio Acre, por conta da ausência de um "filtro" previsto no projeto original, receber in natura o esgoto da cidade.

Vendo essas contradições e os ensinamentos que Marina Silva distribui a granel, fico com a impressão de que é mais fácil salvar o Planeta do que recuperar o Igarapé São Francisco.

Internato rotatório

Por Miguel Angel Suárez Ortiz

Notícia divulgada nos jornais da Capital dá conta da aprovação pela Câmara Municipal de Rio Branco de um projeto de lei apresentado por um vereador para autorizar o município a celebrar convênios com Universidades da Bolívia através dos quais os alunos dessas universidades seriam admitidos para realizar o internato rotatório nas unidades de saúde da Capital. Alega-se como justificativa que isso facilitaria a vida das famílias que mandaram seus filhos para estudar Medicina na Bolívia evitando-lhes despesas com a permanência desnecessária naquele país durante o internato e que, ademais, resolveria o problema da falta de médicos nas unidades de saúde do município.

O oportunismo político, a insensatez e a desinformação deveriam ter limites entre políticos e principalmente entre aqueles com mandato, assistidos por um elenco de “assessores”, em tese, aptos para evitar atos falhos e dar substrato aos projetos apresentados. Não é o que acontece neste caso, onde há clara manipulação de fatos em busca de votos, porquanto é segredo gritado por todos os cantos que o vereador autor do projeto é candidato a deputado estadual.

Restringindo-nos ao tema, digamos, primeiro que o INTERNATO ROTATÓRIO é parte integrante e não destacável, do curso de graduação em Medicina. Trocando em miúdos, um curso de graduação em Medicina é constituído por três ciclos: o básico, o clínico ou profissional e o de aplicação ou internato. O básico e o clínico acontecem em sala de aula e em laboratórios específicos para a formação teórica do futuro médico. Já no INTERNATO o aluno deve receber treinamento prático e intensivo, sob a forma de estágios em instituições prestadoras de serviço médico, de modo a assumir progressivamente e sob supervisão permanente de seus professores, a responsabilidade pela saúde e tratamento dos pacientes ali atendidos.

O internato é denominado Rotatório, porque o aluno deve passar obrigatoriamente pelas quatro grandes áreas da medicina: Clínica Médica, Pediatria, Gineco-Obstetrícia e Clínica Cirúrgica e aqui no Brasil, pela última incorporada depois da implantação do SUS, Medicina da Família e Comunitária.

Os ALUNOS durante o INTERNATO cumprem estágios em unidades de saúde específicas, sempre sob orientação de professores porque, repitamos, o objetivo é formar médicos indiferenciados, mas capacitados para atender à população em nível básico pelo menos. Para completar, recordemos que no internato rotatório o treinamento em serviço é complementado com aulas acadêmicas.

Pois o projeto do vereador desconsidera esses fatos e tenta vender a idéia de que o interno já é um médico e que como tal pode atender à população o que, convenhamos, é uma soberana estultice.

Com o tipo de atendimento que é dispensado aos nossos pacientes na rede pública do município de Rio Branco, onde atá médicos estão sendo substituídos por enfermeiras que se fazem chamar de doutoras para passar como tais e que, por outro lado, sequer conta com laboratórios para os exames clínicos de rotina, esses coitados alunos de Medicina poderiam aprender o quê?

Será que é esse o tipo de formação que as famílias acreanas querem para seus filhos estudantes de Medicina na Bolívia?

Olhando em outra direção, sem orientação de docentes universitários, sozinho, qual o tipo de assistência que um aluno de Medicina poderia oferecer à população? Será que o vereador teria coragem de buscar esse atendimento para ele, ou entregar algum filho para ser tratado por esses alunos?

Quanta falta de honestidade, minha gente! Estão querendo fazer política com algo extremamente sério pensando que isso não vai custar nada para a população. Pior, estão querendo transferir um custo que é das universidades bolivianas para nós que nada temos a ver com as bandalheiras que por lá são cometidas uma vez que é condição básica para a implantação de um curso de Medicina o contar com hospitais-escola. Se a universidade em que esses meninos estudam não tem hospital-escola, tirem eles de lá porque essa não é uma escola de Medicina, é um caça-níqueis.

Para a população o custo também deve ser individualizado e deve repercutir no paciente, passível de atendimentos desqualificados ou no coitado do aluno que, despreparado, vai ter de responder por qualquer mínimo erro, e sem chance de desculpa uma vez que nessa hora o político desaparece do mapa.

Vivemos momentos críticos nos quais a politicalha grassa, especialmente, na área médica, com candidatos querendo tirar proveito da miséria alheia sem a menor preocupação com a qualidade do atendimento. E pensar que esse povo se diz orientado por Deus. Vade retro!

*Miguel Angel Suárez Ortiz é advogado

Este blog tinha razão

No dia 9 de fevereiro chamei a atenção do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para o fato do ex-governador Jorge Viana ter feito, no programa Gazeta Entrevista, propagadanda eleitoral antecipada. Sustentei que Viana pediu votos para si, para o irmão e também para Dilma Rousseff, candidata à Presidência da República pelo PT.

Hoje o Ministério Público Eleitoral no Acre entrou com uma representação contra ele junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE). Alega o órgão que Jorge Viana, na entrevista ao apresentador Alan Rick, fez campanha eleitoral e divulgou "sua candidatura ao Senado Federal, bem como a de seu irmão, Tião Viana, ao governo do Estado, nas eleições gerais deste ano", conforme texto do MPF enviado aos jornais.

A representação é assinada pelo procurador eleitoral auxiliar Ricardo Gralha Massia. O jovem procurador, que já provou não ter medo de cara feia, ao contrário de alguns de seus colegas togados, defende pagamento de multa ao petralha Jorge Viana no valor de R$ 25 mil.

Ao Tribunal Regional Eleitoral do Acre, que já aplicou pena ao ex-prefeito de Rodrigues Alves Déda Amorim e ao deputado estadual Luis Tchê pelo mesmo motivo, caberá decidir sobre o pedido do promotor eleitoral.

Em breve saberemos se na tarrafa do TRE cabe um tubarão - ou se ela foi feita pra pescar apenas lambaris.

Leia aqui a íntegra da matéria do MPF.

Nenhuma crença muda a composição química da hóstia ou do daime!

Por Reinaldo Azevedo, da Veja

A hóstia, quando não-consagrada, não passa de farinha misturada a água. Para os que não são católicos, continua a ser farinha com água mesmo depois da consagração. E, ainda assim, seu consumo tem restrições, tenha passado pela Eucaristia ou não: os portadores da doença celíaca — que os torna incompatíveis com glúten — precisam avaliar com cuidado…

Não há crença ou santidade que retire o glúten da hóstia, entenderam? Se alguém quer acreditar que Deus faz milagres a granel, tudo bem; pode esperar que Ele cure a sua incompatibilidade com o glúten. Mas uma coisa eu posso asseverar que Deus não fará: mudar a composição química do glúten.

A ancestralidade do daime não muda a sua química. Continuará a ser uma droga alucinógena que, misturada a outras drogas perigosas, seja o seu consumo ritualístico ou não. E não há patrulha politicamente correta que mude isso.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Isso sim é dificuldade de locomoção



Se no centro da cidade de Rio Branco os deficientes físicos têm dificuldade de locomoção, imaginem na periferia da capital, onde a "terceira revolução acreana" está longe de chegar.

A imagem foi captada pelo repórter-fotográfico Dhárcules Pinheiro, 27 anos, que atua na profissão desde 1998. Atualmente Dhárcules trabalha no jornal A Tribuna.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Santo Daime

Carlos Heitor Conny, na Folha de S. Paulo desta quinta-feira.

RIO DE JANEIRO - À margem do episódio policial que fez duas vítimas fatais, o cartunista Glauco e seu filho, assassinados por um cara desequilibrado, já é hora de examinar fundamente o que é, o que pretende a seita conhecida como Santo Daime. Ramal de alguma das religiões? Alternativa espiritual para melhorar os seus seguidores? Modismo para chamar a atenção dos outros para si mesmo e para seus problemas?

Não sou entendido no assunto nem pretendo me especializar nisso. Conheço dois depoimentos que considero sérios sobre o Daime: o primeiro, da atriz Maitê Proença, que experimentou o tal chá de ervas amazônicas que produzem efeitos alucinógenos, mas provocam náuseas, diarreia e outros derivados. O segundo é o de Otavio Frias Filho, em seu livro "Queda Livre", coletânea em que o autor experimentou diversas modalidades de risco, desde o uso do pára-quedas à peregrinação ao santuário de Compostela, passando por uma incursão à Vila do Mapiá, onde "uma comunidade de místicos adeptos de uma seita nativa no Acre -o Santo Daime- encontrou sua Terra Prometida".

"Em tudo semelhante a tantas outras seitas tributárias do cristianismo popular, o Santo Daime se distingue por seu principal sacramento, a ingestão de uma bebida feita à base de duas plantas amazônicas e capaz de induzir a estados de percepção psicológica alterada".

Em princípio, o Daime seria uma droga como outra qualquer, revestida de um caráter religioso que as outras drogas no mercado dispensam, como o LSD, a maconha, a coca, o crack. Mas o efeito é semelhante. Leva a práticas que podem desaguar num comportamento social também alterado, como o do assassino do cartunista, que, em princípio, usava o Daime para curar exatamente o consumo de droga.

O artigo de Conny sobre o Daime é apenas mais um entre muitos produzidos após a morte do cartunista Glauco e seu filho de 25 anos. A imprensa nacional tem se dedicado ao tema, ao contrário dos articulistas locais. Li de Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, pelo menos três posts diferentes sobre o assunto. Aqui, uma simples opinião contrária ao uso do chá emitida em mesa de bar, como aconteceu com um conhecido, pode gerar bate-boca, contrariedades e talvez até ressentimentos.

Reinaldo Azevedo sustentou que o Daime pode atrair usuários de drogas em busca de um novo, digamos, "barato". Esse conhecido fez o mesmo, e foi de imediato rechaçado por seu interlocutor, adepto de uma seita que faz uso da ayauasca. Para mim o raciocínio faz sentido. E vou além: se a Igreja Católica distribuísse vinho aos seus fiéis, as missas estariam cheias de alcoólatras.

Mas isso não significa, claro, que os adeptos do Santo Daime sejam permissivos com as outras drogas.

Poesia interiorana



Cidadezinha qualquer
(Carlos Drummond de Andrade)

Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Me pego a perguntar aos meus sempre intrigados botões se a vida da gente do interior do Acre, onde estão os mais destemidos, aguerridos e doces seres humanos que já conheci, não é mais cheia de significado e grandeza que esse arremedo de existência que levamos na agitação da capital.

A foto acima, no município do Jordão, revela que a pressa não faz parte do cotidiano. E mesmo açodados viajantes da capital, na falta de um táxi, podem contar com a inventividade de um transporte alternativo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Leal ao próprio estilo

Os médicos do sistema público de saúde do Acre ameaçam fazer da greve um instrumento de tarapia intensiva contra o descaso do governo. Em assembléia na noite de ontem, eles decidiram fazer uma paralisação no dia 23. Trata-se de um aviso da categoria de que as negociações em torno da pretensão de reajuste salarial precisam ir adiante.

Mesmo com o aviso de que isso poderia acontecer, feito pelo deputado Donald Fernandes (PSDB), na semana passada, não houve da parte do governo interesse em adiantar-se à decisão e evitar o pior. Segundo o tucano, os médicos cansaram de ser enrolados pela comissão encarregada da negociação. Daqui por diante, ao que tudo indica, o remédio será amargo.

O site agazeta.net publicou nesta quarta-feira matéria da repórter Nayanne Santana sobre a decisão da classe médica. Nayanne ouviu Osvaldo Leal por telefone, já que o secretário se encontra em Brasília.

Antes de prosseguirmos, é preciso dizer também que o jornal A Tribuna de hoje publicou texto, assinado por Gilberto Lobo, sobre a situação do Centro de Nefrologia. O repórter entrevistou, na terça, uma funcionária da Saúde segundo a qual o governo não comprou máquinas novas de hemodiálise, e fez a inauguração do novo Centro de Nefrologia com o equipamento antigo. A fonte foi além, ao sustentar que a sessão de nefrologia foi suspensa para que o governo pudesse inaugurar o estelionato.

Leal ao próprio estilo, o secretário de Saúde está na Capital Federal enquanto tudo isso acontece. Não é a primeira vez que ele se ausenta enquanto o circo corre o risco de pegar fogo.

Ao final do governo Binho Marques, Osvaldo Leal terá enriquecido o próprio currículo, a conta bancária e a experiência como turista.

Em troca terá nos deixado a certeza de que bons médicos podem ser péssimos gestores.

Nem a pau, Juvenal!

Lembram daquela propaganda na qual uma velinha chega ao mercado pedindo 300 gramas de presunto Sadia cortado em fatias bem fininhas? O funcionário, então, pergunta:

- Dona Euvira, a senhora não gostaria de levar o outro, só pra experimentar?

E a velhinha:

- Qual o seu nome mesmo?

E o rapaz:

- Juvenal, dona Euvira.

Ela pega na bochecha dele e diz:

- Nem a pau, Juvenal!

Muita gente não gostou da propaganda, mas eu a considero genial. A atuação da atriz que faz a dona Euvira é simplesmente irretocável.

Pois bem, quando hoje vi uma matéria do repórter Jaidesson Peres, do site Contilnet, me lembrei desse anúncio. Não sei por que cargas d'água, mas recordei a velhinha pegando na bochecha do funcionário do mercadinho para dizer aquela frase que dá à peça publicitária um toque tão singular.

O texto do repórter da Contilnet não é sobre presuntos - é sobre como um político tenta pegar carona na alta do preço do tomate. O mocinho da matéria é o vereador Juracy Nogueira (PP), da base de sustentação do prefeito Angelim. Ele reclamou na sessão desta quarta-feira da alta no valor dos alimentos na capital. E atribuiu o fato à ausência de política agrícola nas esferas muncipal e estadual.

Parece - mas não é - apenas coincidência que Juracy tenha reparado no preço do tomate um dia depois que um grupo de produtores rurais foi à Assembleia Legislativa reclamar das proibições impostas pelo pessoal da Ceasa, fato que ganhou grande destaque no noticiário. E estranha que o vereador só agora tenha atinado para a falta de incentivos aos produtores rurais.

Para se eleger e se reeleger, Juracy Nogueira contou com apoio do deputado N. Lima (DEM),opositor ferrenho do governo petista. Enquanto, na Aleac, um morde, o outro, na Câmara Municipal, trata de assoprar.

Dá pra confiar nesse tipo de político? A dona Euvira da propaganda saberia, claro, como responder a essa pergunta.

terça-feira, 16 de março de 2010

Espingarda do cano torto

"Como a área do cérebro reservada à acumulação de conhecimentos é um terreno baldio, Lula não sabe quase nada. E continua a discursar sobre tudo".

Vale a pena ler o artigo do jornalista Augusto Nunes (um dos mais competentes do país) sobre a verborragia inconsequente do chefe dos petralhas. Aqui.

Pro espaço

Alertado pelo blog, o pessoal da Agência de Notícias do Acre tirou do ar a matéria da assessora da Secretaria de Estado de Educação sobre a Escola Boa União, conforme o post aí abaixo. E o experiente repórter Edmilson Ferreira foi designado para compor novo texto (veja).

O link da matéria antiga foi para o espaço. Para lá também deveriam ser mandados alguns jornalistas que prestam serviço ao governo, e cuja experiência profissional é flagrantemente desproporcional à inclinação do nariz.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Quando a pena espanca a língua

Se tivesse o mesmo cuidado em preservar a língua portuguesa como tem em controlar o conteúdo dos jornais, o governo estadual trataria de oferecer uns cursinhos de capacitação ao seu time de redatores. Nesta segunda-feira as redações receberam um release sobre a inauguração da Escola Jovem Boa União, assinado por Pollyana Dourado, da Secretaria de Estado de Educação, que diz o seguinte:

"Possibilitar o acesso à educação aos moradores de periferias e municípios com maiores dificuldades de locomoção tem sido um dos desafios e avanços na educação do Acre nos últimos 10 anos". Leia a íntegra do texto aqui.

Suponho que esses municípios com dificuldade de locomoção poderiam integrar aquele programa de distribuição de muletas e cadeiras de rodas do senador Tião Viana.

E arrisco dizer que, a continuar escrevendo desse jeito, Pollyana Dourado, a exemplo da colega Tatiana Campos, será forte concorrente ao Chalub Leite 2010.

Da borracharia aos restaurantes

Do blog Porto Acre Aki sobre a gestão do petista Zé Maria:

"Fornecedores dos mais diversos tipos de serviços têm reclamado da dificuldade que estão encontrando para receber do poder público municipal. A Prefeitura deve da borracharia a restaurantes, incluindo trabalhadores braçais dos serviços de limpeza. Os atrasos são os mais variados, existindo casos em que os pagamentos estão atrasados há mais de seis meses.

Porto Acre é hoje um dos municípios com a economia fragilizada em decorrência da falta de incentivo à geração de emprego e renda, os produtores rurais não têm o que vender e “fazer” dinheiro, estão desistindo de plantar pelas péssimas condições em que se encontram os ramais, restando apenas os escassos repasses da União somados aos salários dos funcionários e aposentados como fonte de recursos para movimentar a economia local".

Leia a íntegra do texto.

Comento
Para infelicidade dos acreanos que habitam o interior do Acre, as condições relatas pelo autor do blog sobre como vivem os produtores rurais de Porto Acre não estão circunscritas àquele município. Nos quatro cantos do Estado os agricultores amargam, há mais de uma década, uma gravíssima situação de abandono.

Enquanto isso o governador Binho Marques e o ex-governador Jorge Viana vão a Havard explicar como transformaram um Estado pequeno e pobre num pedaço do paraíso.

sábado, 13 de março de 2010

Um Granma de democracia

O senador Tião Viana (PT) reuniu no final da manhã deste sábado repórteres fotográficos e cinesgrafistas acreanos no Pinheiro Palace Hotel. A boca livre tem justificativa menos prosaica que a candidatura certa de Tião ao cargo mais importante da esfera estadual. O senador não gosta de ficar "feio na foto", e em época recente, ao ver estampada em diário local uma imagem desabonadora de sua beleza apolínea, tratou de ligar ao dono se queixando do descuido profissional.

Aliás, um dos temas abordados pelo petista em discurso feito aos profissionais da imagem foi a anterior contrariedade com que se deparava com matérias e fotografias publicadas na imprensa. O tempo, porém, lhe aplacou tal aborrecimento. "Gosto da democracia", teria dito o senador, para quem os diários locais tratam os assuntos políticos da aldeia com a imparcialidade exigida pela variedade de opiniões.

Ideologicamente, Tião Viana está alinhado com os democratas Chávez e Fidel. Lá em Cuba, por exemplo, o jornal de maior tiragem, o Granma, é uma publicação oficial do Estado. O diário se dedica a publicar, entre outros assuntos, os discursos de Fidel Castro, os anúncios oficiais do governo e notícias sobre o desenvolvimento cubano - algo bem parecido com o que se passa no Acre, não é mesmo?

Mas o que mais deve encantar o senador petista é que o Granma, em quase 45 anos de existência, nunca publicou uma fotografia que pudesse irritar o jefe.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O índio pedreiro e dois pinóquios em Harvard



Onze anos de propaganda petista não convenceram o kaxinawá Cláudio Alberto Nunes (foto) de que a florestania pode redimir da penúria os que vivem dentro da mata.

Cláudio, ou Hunikui Muru, como é conhecido pelos seus parentes indígenas, tem 27 anos e experiência profissional como ajudante de pedreiro. Ele mora outra vez na aldeia Boca do Grota, no rio Envira, após longa temporada vivendo na capital do Acre. O kaxinawá levou de volta à aldeia a convicção de que salário no fim do mês, ainda que oriundo de trabalho braçal, é bem melhor que a incerteza dos que tiram o sustento da terra.

Na Universidade de Harvard, Estados Unidos, para aonde foram o ex-governador Jorge Viana e o atual, Binho Marques, os ouvintes de uma palestra proferida pelos acreanos, na quarta-feira, souberam que o Acre é “modelo de desenvolvimento” para o resto do mundo.

O cosmopolita Binho Marques, já bem tarimbado em excursões internacionais, resolveu viajar também na maionese ao afirmar haver “um interesse impressionante sobre o Acre em todas as partes do mundo, especialmente nos centros de estudos". E emendou: "Todos querem entender por que o Acre conseguiu fazer tanto, em tão pouco tempo, com recursos escassos”.

Tenho uma questão simples a formular à dupla de pínóquios: como um governo que defende os povos da floresta explica que um índio prefira a dureza do trabalho de ajudante de pedreiro ao êxtase perpétuo de viver no seu habitat?

Ganha um dólar americano aquele que souber a resposta certa.

quinta-feira, 11 de março de 2010

As imagens que Harvard não verá

A deputada Idalina Onofre (PPS) sabe que uma incursão pelos corredores da saúde de primeiro mundo do governo estadual pode revelar imagens inesquecíveis. Ao visitar uma conterrânea, transferida do Juruá para o pronto-socorro da capital, Idalina não esqueceu de levar sua máquina fotográfica. Momentos marcantes devem ser registrados para a posteridade, sobretudo quando o presente é falsamente apregoado como um salto fabuloso que se faz do oco passado diretamente para as glórias do futuro.

As imagens que Idalina Onofre fez do interior do PS nesta quinta-feira jamais serão exibidas na propaganda oficial do governo, onde cabem apenas os rostinhos risonhos dos que fingem ser o Acre um pedaço desgarrado da Europa resplandecente.

Diz o ditado que uma ilustração vale mais do que mil palavras. As fotos tiradas pela deputada Idalina, e reproduzidas a seguir, valem mais que mil discursos falaciosos proferidos em Havard sobre um Acre inexistente.







quarta-feira, 10 de março de 2010

É o fim da picada - mas só para os fumantes...



O senador Tião Viana comemorou, nesta quarta-feira, a aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, do projeto de lei que proíbe o uso do fumo nos recintos coletivos, privados ou públicos, de todo o território nacional. O projeto depende ainda de uma decisão da Comissão de Assuntos Sociais antes de seguir para votação na Câmara dos Deputados.

Tião justificou assim o próprio ufanismo: "[O fumo] Mata mais do que a Aids, a tuberculose e a malária juntas”. O senador petista espera, com a iniciativa, minimizar as milhares de mortes causadas, todos os anos, pelo tabagismo no país. A iniciativa é válida. Pena que os Anopheles do Juruá estejam a salvo da caneta do senador.

A malária citada pelo petista fez milhares de vítimas na região do Juruá ao longo de três governos da Frente Popular. E como não dá para resolver o problema apresentando um projeto de lei no Senado, o povo juruaense que aguente a incompetência do governo e o zunido dos mosquitos.

E vou logo adiantando que dispenso a versão de alguns tontos capazes de vir aqui só para dizer que antes do PT os mosquitos picavam mais...

A mãe do PAC é também a mãe do Chuck



Recebi de um amigo, por e-mail, e quase morri de rir.

terça-feira, 9 de março de 2010

Greve de fome em Cuba e o feijão com arroz de Lula

Leia matéria do Estadão desta terça-feira (9). Comento em seguida.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou nesta terça-feira, 9, o método utilizado por opositores políticos cubanos para pressionarem por sua libertação.

"Eu penso que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem liberdade", disse o presidente.

Lula também pediu respeito às determinações da justiça cubana sobre detenção dos dissidentes que estão em greve de fome, um dos quais morreu.

"Temos que respeitar a determinação da justiça e do governo cubanos, como quero que respeitem o Brasil", afirmou Lula em uma entrevista à AP.

Suas declarações foram feitas no momento em que o dissidente cubano Guillermo Fariñas se mantém em greve de fome desde 24 de fevereiro na cidade de Santa Clara.

No final desse mês, o opositor Orlando Zapata morreu devido a complicações de saúde provocadas também por uma greve de fome enquanto Lula visitava Cuba para se encontrar com o presidente Raúl Castro e seu irmão, o ex-líder Fidel.

Lula recordou que em seu tempo de líder sindical de oposição à ditadura militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985, fez greves de fome e qualificou a prática como uma "insanidade".

"Gostaria que não ocorressem (detenções de presos políticos) mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os prendeu, como tão pouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil", acrescentou o líder.

Segundo uma fonte da presidência que preferiu manter o anonimato, Lula também afirmou que não recebeu nenhuma carta de dissidentes cubanos ligados a Guillermo Fariñas, e que desconhece um pedido para que interceda por presos políticos em Cuba.

Comento: na retórica embusteira do presidente Lula, ladrão de carro e preso político são a mesmíssima coisa. As cadeias brasileiras estão cheias do primeiro tipo, e as cubanas, do segundo. Ao comparar o delito dos que usurpam o bem alheio pondo a vítima sob a mira de um tresoitão ao protesto solitário de quem resiste a uma ditadura de cinco décadas, Lula mistura alhos com bugalhos.

É também no mínimo cômico que o presidente evoque agora o direito da justiça e do governo cubanos de tocar os próprios problemas quando o Brasil não teve o mesmo entendimento no caso da destituição de Manuel Zelaya da presidência de Honduras. Se o país pôde imiscuir-se em tema peculiar à justiça e ao legislativo hondurenhos, por que o súbito ataque de imparcialidade quanto aos descalabros cubanos?

O cardápio lulista do que é ou não palatável aponta como inadmissível uma greve de fome contra a ditadura comunista, mas acolhe quem, como Cesare Battisti, abateu quatro adversários e era procurado pela justiça italiana por crimes comuns.

O feijão com arroz das argumentações de Lula às vezes sai do fogo com gosto de pó. E se engana quem acha que houve erro nas medidas. A verdade é que os cozinheiros petistas admitem assaltantes de banco mexendo nas panelas do Estado, mas sentem aversão a presos políticos que decidem fazer da fome um libelo contra a tirania.

Debates necessários

Horas depois de o governador Binho Marques entregar, na sexta-feira (5), uma escola de 1,6 milhão de reais para os moradores do Belo Jardim, o site ac24horas escancarava aos internautas o desleixo do prefeito cassado Juarez Leitão, também do PT, com a educação infantil em Feijó. A fotografia publicada pelo site mostrou a palhoça que os alunos da zona rural do município são obrigados a freqüentar.

Um dia antes do foguetório governista no Belo Jardim, o deputado Donald Fernandes (PSDB) denunciava na Assembléia Legislativa o descaso com a escola do Pólo Taquari. Construída há mais de oito meses, a obra não recebeu visitas ilustres. Concluída e abandonada antes mesmo de começar a funcionar, a iniciativa nos ensina que o desperdício não é prerrogativa da abastança - estados pobres e desleixados também jogam dinheiro no ralo.

Enquanto o governo se dá ao luxo de ignorar um colégio pronto para receber os alunos, crianças do rio Envira aguardam a oportunidade de estudar.

Vem também do rio Envira, da aldeia Boca do Grota, a reclamação dos índios Kaxinawá sobre as condições da escola construída há uma década para as aulas dos curumins. O cacique Edson reclama que o Estado não dá a mínima para as reivindicações dos que desejam estudar em um ambiente com o mínimo de dignidade (veja a foto aí embaixo).

Para mim é sintomático que no último ano de governo Binho Marques a população comece por avaliar os feitos e defeitos na área da educação. É certo também que terminaremos o segundo semestre de 2010 com um debate necessário em torno da saúde de primeiro mundo.


Índios querem escola decente

quinta-feira, 4 de março de 2010

Nunca antes nestipaiz

Observe as imagens abaixo.





Somados os valores gastos no local, chega-se ao montante de R$ 4,036 milhões. Não é pouco dinheiro, convenhamos. Agora veja abaixo o que virou, nas mãos dos petralhas, toda essa dinheirama.







Mais um detalhe: a maracutaia foi tamanha que instalaram no "aeroporto" a caixa d'água e as lâmpadas, mas esqueceram de levar a água e a energia elétrica.



Conclusão: nunca antes nestipaiz se fez tão pouco com tantos recursos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Estranha mania de dar pitaco no arranjo alheio

Leio na Folha Online que a senadora acreana Marina Silva desaprova a chapa puro-sangue do PSDB, com José Serra no papel principal e Aécio Neves de coadjuvante. A hipótese tem sido aventada depois que as pesquisas mostraram a ministra Dilma Rousseff (PT) encostada no governador paulista.

Marina rechaça a idéia de que a dobradinha é garantia de vitória. "Se eu considerasse essa chapa imbatível, não seria candidata", disse.

Estranho essa mania de dar pitaco no arranjo alheio. Marina Silva repete o que se vê no Acre, quando o pequeno príncipe dos petralhas sai por aí a afirmar que a oposição entra em campo com time reserva. Se a chapa Serra-Aécio não preocupasse a acreana, a melhor estratégia seria calar-se sobre a composição. Mas como vê a possibilidade de continuar achatada na corrida presidencial, com 8% de intenção de voto, o lamento de Marina soa compreensível.

Ninguém alardeia os erros do adversário se este, uma vez avisado, terá tempo de corrigi-los, não é mesmo? Ou haveria alguém da oposição capaz de zombar da Frente Popular se ela resolvesse ir de Cabide como candidato ao governo?

O que Marina parece almejar com essa lengalenga é o posto que os tucanos insistem em oferecer ao governador de Minas.

Na fronteira entre o descaso e o descalabro

Leia a seguir matéria do repórter Gilberto Lobo, do jornal A Tribuna, edição desta quarta-feira 3. Comento ao final.

"Quase 90% da população carcerária do Estado têm relação direta ou indireta com o tráfico de drogas, segundo o corregedor do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), Samoel Evangelista. O magistrado destacou que a estimativa não é oficial, tem base apenas na experiência profissional dele. O Acre é região de fronteira e isso facilita a entrada de entorpecentes.

“É possível confirmar essa informação apenas olhando a capa de pauta dos julgamentos. Ou é tráfico ou está ligado ao tráfico, são roubos e outros crimes”, acrescentou Samoel. Ainda segundo Evangelista, outro fator que pode ajudar a explicar o número de presos no Acre pode ser o bom funcionamento do aparelho de segurança do Estado. “A medida que nós prendemos é um sinal que o aparelho está funcionando”, completou.

O Acre tem hoje proporcionalmente a maior taxa de encarceramento do país. A estatística é de cerca de 500 presos para cada 100 mil habitantes. Até o final do ano passado, o Estado tinha 3.426 detentos. De acordo com dados apresentados ontem pelo presidente do TJAC, Pedro Ranzi, 30% dos detentos no Acre ainda são provisórios.

A média nacional é de 60%. “Ainda estamos bem abaixo dos outros Estados e isso é um ponto positivo”, disse. E no ranking das maiores populações carcerárias do país, em segundo lugar está Rondônia, seguido do Mato Grosso do Sul".

Voltei: Observe que os dados não vieram a público pela iniciativa do governo estadual. No que depender dos petralhas, as informações sobre a Segurança Pública continuarão sob o tapete, para aonde foram varridas desde o governo Jorge Viana. E não é por acaso que os números da criminalidade receberam esse destino.

Em janeiro de 1998 havia 358 detentos no Acre. Esse número saltou para 580 no primeiro ano do governo petista. Nos oito anos subsequentes, os hóspedes da carceragem somaram 13,6 mil, contando-se apenas os que entraram no xilindró pela primeira vez, o que significa que o dado ignora os reincidentes.

Entre 1920 e 1998, portanto em 78 anos, passaram pelo sistema carcerário acreano 4,8 mil detentos. É bem menos que os 13,6 mil do período vianista.

São inúmeras as razões para tanta gente encarcerada. Uma delas pode ser a inflexibilidade da justiça com pequenos delitos, cuja pena poderia ser revertida em prestação de serviços à comunidade. Assim mesmo, há que se ponderarem as razões que levam milhares de pessoas ao envolvimento com as drogas.

Outra explicação possível é que teria aumentado a eficiência policial nos governos do PT. Mas essa tese esbarra na situação atual da criminalidade, cuja expansão é notória e invalida (ou no mínimo enfraquece) a tese anterior.

Ninguém em sã consciência poderia deixar de acrescentar a essas razões o desemprego e a falta de perspectivas da juventude em um Estado dominado pelo tráfico e o abuso de drogas. O apetite governista pelas grande obras, em detrimento de pequenas iniciativas sociais, pode ser outro motivo do descalabro.

A vizinhança com a Bolívia do cocaleiro Evo Marales é outro fator a engrossar o contingente nas penitenciárias acreanas. Na campanha eleitoral de 2006, o pessoal da Frente Popular fez um enorme alarido quando o programa do candidato Geraldo Alckmin mostrou que a droga que escraviza e mata a juventude brasileira tem larga passagem pelas fronteiras acreanas.

Essas fronteiras continuam escancaradas aos traficantes. E quanto mais drogas entram pelo Acre, mais acreanos são mandados à penal.

Gabinete sobre as águas



Manoel Santos de Carvalho, o Vavá, é vereador pelo PSDB no município de Jordão. Ele tem casa e família em Tarauacá, mas leva a vida dentro de um barco. Este passa a maior parte do tempo ancorado em frente ao município onde Vavá foi eleito.

Ali, ele dorme, cozinha, faz as refeições e recebe amigos e eleitores. Provavelmente se trate do único gabinete flutuante do planeta.

Reparem ao fundo da imagem, à direita, onde está pendurado o paletó dentro do qual o vereador se apresenta, uma vez por semana, nas sessões da Câmara Municipal do Jordão.

terça-feira, 2 de março de 2010

A filha da mãe do PAC

Do jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (íntegra da matéria apenas para assinantes).

Maquiagem camufla os atrasos nas obras do PAC

Eduardo Scolese
Ramier Bragon
Da sucursal de Brasília

O governo federal maquiou balanços oficiais para encobrir um mega-atraso nas principais obras do PAC. Três de cada quatro ações destacadas no primeiro balanço do programa não foram cumpridas no prazo original.

Lançado em 2007 com o objetivo de impulsionar a economia, o Programa de Aceleração do Crescimento é usado hoje pelo presidente Lula para certificar o que seria a capacidade de gerenciamento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Pré-candidata ao Planalto, foi apelidada por Lula de "mãe do PAC".

No início do mês passado, Dilma comandou a divulgação do balanço de três anos do programa afirmando que 40% das ações previstas haviam sido cumpridas até aquele momento. Nas principais obras, apontava conclusão de 36%.

Mas esse documento oficial, fartamente ilustrado, passa ao largo dos gargalos de calendário: nele é divulgada uma profusão de carimbos verdes com a palavra "adequado" para cada uma das principais obras, com pequenas exceções de carimbos amarelos ("atenção") e vermelhos ("preocupante").

Comento: Em campanha eleitoral desde o início do ano passado, a ministra Dilma tem negligenciado os deveres funcionais, para cujo cumprimento recebe salário mensal às expensas da patuléia. Não é de estranhar que não dê conta de tocar as obras do PAC, já que se esmera em participar das inaugurações-comícios que a alavancaram nas pesquisas de opinião. Se o motivo for outro, porém, a mãe do PAC não pode servir para babá da República.

Já Lula, o garoto propaganda da campanha antecipada, também arma das suas e faz de conta que vai consertar o mundo. Na posse do novo presidente Uruguaio, José Pepe Mujica, deu no pé antes do encerramento da cerimônia sob a desculpa de que precisava botar ordem no Chile. É cada uma, minha gente...

Cheguei

Fiquei alguns dias "fora do ar", mas voltei com algumas imagens e informações que irei postando ao longo da semana. Em Marechal Thaumaturgo e Jordão as pessoas estão apartadas do resto do mundo - a internet funciona de vez em quando e o sistema de telefonia pública deve estar entre os piores do planeta.