terça-feira, 23 de março de 2010

Bem parecido com o purgatório

Berenice Sales da Silva carrega nos braços as marcas do calvário que se obriga a viver por conta da insuficiência renal. No antebraço direito as protuberâncias causadas pelas agulhadas - necessárias ao procedimento da hemodiálise a que ela se submete regularmente - são a evidência maior de que seu dia a dia não é fácil. Mas Berenice não se queixa da vida. Suas reclamações têm endereço certo: o local em que ela e outras dezenas de pacientes são obrigados a fazer hemodiálise.

Segundo Berenice, o setor de hemodiálise da Fundação Hospitalar é algo bem parecido com o purgatório. Ela levou à Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, algumas imagens que comprovam suas queixas contra os serviços oferecidos pelo governo estadual. Não é a primeira vez que se dirige aos deputados para denunciar as condições em que se encontra o setor. Berenice afirma ter cansado de esperar sentada, diante da máquina que não funciona por falta de peças, uma solução do poder público. E por isso tem peregrinado pelos corredores de instituições, como a Aleac e o Ministério Público Federal, em busca de soluções.

O deputado Moisés Diniz (PCdoB), líder do governo na Aleac, clamou a seus pares que o assunto não fosse politizado. Argumentou, com toda razão, que a todos interessa a solução do problema e não um debate infrutífero sobre a situação dos pacientes e a quem cabe a culpa por isso.

Estivesse o parlamentar na oposição, o governo seria crucificado sob o estigma da incompetência. E companheiros e camaradas certamente correriam para um abraço na Fundhacre.

Mas ainda que o debate se amenize sob o apelo persuasivo de Moisés Diniz, nada impedirá que neste ano os acreanos avaliem nas urnas as promessas de saúde de primeiro mundo feitas pelo senador Tião Viana.


Seis das 17 máquinas estão em "manutenção" desde novembro


Encosto da poltrona precisa de apoio de um banquinho


O "lanche" dado aos pacientes como cortesia do governo

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