terça-feira, 9 de março de 2010

Greve de fome em Cuba e o feijão com arroz de Lula

Leia matéria do Estadão desta terça-feira (9). Comento em seguida.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou nesta terça-feira, 9, o método utilizado por opositores políticos cubanos para pressionarem por sua libertação.

"Eu penso que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem liberdade", disse o presidente.

Lula também pediu respeito às determinações da justiça cubana sobre detenção dos dissidentes que estão em greve de fome, um dos quais morreu.

"Temos que respeitar a determinação da justiça e do governo cubanos, como quero que respeitem o Brasil", afirmou Lula em uma entrevista à AP.

Suas declarações foram feitas no momento em que o dissidente cubano Guillermo Fariñas se mantém em greve de fome desde 24 de fevereiro na cidade de Santa Clara.

No final desse mês, o opositor Orlando Zapata morreu devido a complicações de saúde provocadas também por uma greve de fome enquanto Lula visitava Cuba para se encontrar com o presidente Raúl Castro e seu irmão, o ex-líder Fidel.

Lula recordou que em seu tempo de líder sindical de oposição à ditadura militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985, fez greves de fome e qualificou a prática como uma "insanidade".

"Gostaria que não ocorressem (detenções de presos políticos) mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os prendeu, como tão pouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil", acrescentou o líder.

Segundo uma fonte da presidência que preferiu manter o anonimato, Lula também afirmou que não recebeu nenhuma carta de dissidentes cubanos ligados a Guillermo Fariñas, e que desconhece um pedido para que interceda por presos políticos em Cuba.

Comento: na retórica embusteira do presidente Lula, ladrão de carro e preso político são a mesmíssima coisa. As cadeias brasileiras estão cheias do primeiro tipo, e as cubanas, do segundo. Ao comparar o delito dos que usurpam o bem alheio pondo a vítima sob a mira de um tresoitão ao protesto solitário de quem resiste a uma ditadura de cinco décadas, Lula mistura alhos com bugalhos.

É também no mínimo cômico que o presidente evoque agora o direito da justiça e do governo cubanos de tocar os próprios problemas quando o Brasil não teve o mesmo entendimento no caso da destituição de Manuel Zelaya da presidência de Honduras. Se o país pôde imiscuir-se em tema peculiar à justiça e ao legislativo hondurenhos, por que o súbito ataque de imparcialidade quanto aos descalabros cubanos?

O cardápio lulista do que é ou não palatável aponta como inadmissível uma greve de fome contra a ditadura comunista, mas acolhe quem, como Cesare Battisti, abateu quatro adversários e era procurado pela justiça italiana por crimes comuns.

O feijão com arroz das argumentações de Lula às vezes sai do fogo com gosto de pó. E se engana quem acha que houve erro nas medidas. A verdade é que os cozinheiros petistas admitem assaltantes de banco mexendo nas panelas do Estado, mas sentem aversão a presos políticos que decidem fazer da fome um libelo contra a tirania.

7 comentários:

  1. Você está falando do Lula que encoberta o maior escândalo de corrupção da política brasileira - o mensalão petista de 2002? Seria o Lula que na era FHC não queria nem ouvir falar em bolsa-família? Você se refere a um certo Lula que gaba-se de não haver concluído um curso superior, mesmo tendo oportunidade para isso? Ou seria um Lula que fecha os olhos para as tranquinagens do filho pródigo? Ah, tá!

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  2. Blog altamente parcial, inclusive nos comentários.

    Também, escrito por alguém que já assessorou o Wanderley "Cotoco" Viana, o que esperar?

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  3. Caro anônimo, vc queria um blog imparcial quando os jornais acreanos são pagos com dinheiro público para ter um lado só? Ora, tenha paciência! Blog é um veículo de comunicação pessoal, e neste aqui mando eu, escrevo o que bem entender, sacou?

    Quanto à assessoria que prestei ao ex-prefeito Wanderley Viana, ela não me deprecia profissionalmente. Se o PT daqui pode se juntar a Orleir Cameli, José Bestene, Narciso Mendes, Ronivon Santiago e Osmir Lima, o no plano nacional Lula pode andar acompanhado de Jader Barbalho, José Sarney e Fernando Collor, não me venha com papo furado de criticar o Cotoco. Ah, e ao invés de dar uma de covarde, se escondendo no anonimato, por que vc não mostra sua carinha de pau para que eu possa dar umas bolachas nela?

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  4. Archibaldo meu herói das letras..permita-me uma dica: Nunca discuta com um idiota,ele te rebaixa ao nível dele e depois te vence por experiência.
    Bjinho
    Iara

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  5. Nunca antes "nestipaiz' tivemos uma política externa tão medíocre,tão constrangedora.Lula é presidente,é um fato que jamais vamos varrer da nossa história,porém jamais será um ESTADISTA.Seria de uma comicidade estonteante,se não fosse pelo lado trágico e desumando da parcialidade do Sr.Lula com os fascínoras cubanos.Para Lula a justiça cubana tem que ser respeitada,mas a italiana,a hondurenha,essas não.Lula pode defender o terrorista Cesare Battisti,o ditador Manuel Zelaya,etc.Só não pode defender seres humanos que ousaram contradizer a ditadura cubana.Isso é o que eu chamo de apologia ao homicídio de Estado e do Estado.Que o presidente não esqueça:"a semeadura é livre,mas a colheita é obrigatória".

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  6. "Lula nunca teve problemas de relacionamento com ditadores. Da África, do Oriente Médio, da Ásia, da América.Elogia o presidente do Irã, abraça-se com Kaddafi. Com Fidel, então, Lula chega a revirar os olhinhos de tanta alegria".Lula e a greve de fome,do blog da cientista política Lúcia Hippólito.

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  7. Concordo inteiramente com o post e faço questão de comentá-lo, ainda que tardiamente. Dia desses, Joelmir Beting falou sobre o assunto no Jornal da Band.
    Disse ele sobre a posição de Lula: "Ditadura de direita, não pode, de esquerda, pode; dissidente de esquerda é herói, mártir, de direita é bandido".
    Para mim, definiu tudo, ainda que os conceitos de "direita" e "esquerda" hoje já não sejam tão definidos.

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