quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Petecão e Flaviano Melo destinam emendas para São Paulo e Brasília

Montante alocado pelos parlamentares acreanos desde 2009 soma mais de R$ 1 milhão em emendas individuais do Orçamento Geral da União

O senador Sérgio Petecão (PSD) e o deputado federal Flaviano Melo (PMDB) destinaram emendas para o Estado de São Paulo e para o Distrito Federal, distantes do Acre 3.604 e 3.123 quilômetros, respectivamente. Segundo levantamento feito pelo economista Rafael Dene, os dois alocaram para aquelas unidades, desde 2009, quando Petecão ainda era deputado federal, um total de R$ 1,1 milhão.

Flaviano Melo demonstrou interesse, em 2009, até no fomento do turismo da cidade de Rio Claro, no interior paulista, para onde enviou emenda no valor de R$ 100 mil. Nos três anos subsequentes, o parlamentar acreano brindou a saúde paulista com outros R$ 600 mil, num total de R$ 200 mil a cada ano.

Por telefone, Flaviano explicou que o Hospital do Rim, em São Paulo, recebe “muitos conhecidos”, além de ser uma instituição pública e prestar assistência médica gratuita. Mas ele não soube especificar se os conhecidos a quem se referiu são acreanos.

Mui amigos

Para o ano de 2012, o senador Sérgio Petecão reservou emenda individual no valor de R$ 100 mil para apoiar a manutenção de unidades de saúde do Estado de Paulo. Vale ressaltar que o prefeito da capital paulista é Gilberto Kassab, do mesmo partido que o senador acreano.

Desde 2010 Petecão tem presenteado os paulistas e os moradores do Distrito Federal com recursos do Orçamento Geral da União. Neste ano foram duas emendas no valor de R$ 100 mil cada uma, enviadas a São Paulo e ao Distrito Federal. E em 2011 ele destinou outros R$ 100 mil para a saúde paulista.

São Paulo tem 70 deputados federais e três senadores e nenhum deles se preocupou em alocar emendas para o Acre. O Estado também tem o maior PIB (Produto Interno Bruto) do país.

A reportagem do Página 20 tentou contato com o senador, mas seu celular estava fora da área de serviço.

“Pouca vergonha”

O autor do levantamento, o economista Rafael Dene, definiu como “pouca vergonha” a atitude dos parlamentares acreanos.

“Esse dinheiro todo faz falta para os acreanos. É ridículo ouvir deles que estão trabalhando pelo Acre, pois só o que se vê é politicagem, é o jogo de interesses pessoais. Qual será a desculpa que eles têm para dar aos eleitores do Acre?”, desabafou Dene.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

De alma enxuta!


No dia 4 de outubro de 2010 postei esta foto aqui sob o título "De alma lavada!". Quatro meses depois a realidade me aniquilou o sonho. Em 120 dias aprendi sobre o Sr. Marcio Bittar o que não pude perceber durante sete anos de convivência. Empossado, ele mostrou toda a sua arrogância e indiferença para com aqueles que lhe foram leais até o último minuto.

Sete anos de trabalho com o Sr. Bittar me renderam quatro meses em seu gabinete e a constatação de que a presunção solapa muita carreira política; que o egoísmo afasta de nós os mais dedicados; que as melhores lições nem sempre são as mais agradáveis; e que não importa o que nos dão, mas o que fazemos com aquilo que nos é dado.

2011 foi um ano de perfídias, decepções, iniquidades. Mas foi também o ano em que aprendi que a vida compensa, com extrema generosidade, tudo o que nos fazem de mal. E que, no fim das contas, teremos de ser gratos àqueles que, com sua sacanagem, contribuem para que sejamos mais fortes e preparados.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Flor de malva

Era de graça
Era inteiramente seu
Caloroso como abraço
Estava longe
De ser falso
Mas agora se perdeu

Era só seu
E de mais ninguém
E foi de graça
Que você o recebeu

Era como estrela
D’alva
Uma bela
Flor de malva
Que agora feneceu

Era lindo
Como as garças
Útil como a traça
Que devora os papéis
Que ninguém leu

Talvez você não saiba
Mas foi o destino,
Esse cretino,
Quem lhe deu
E que a culpa
É da desgraça,
Mãe de todas as trapaças,
Que mandou
Que fosse seu

Agora não há graça
Em ver que por pirraça
Você mo devolveu

Era de graça
E estava longe
De ser farsa.

Mas agora se perdeu...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um anônimo comenta e eu respondo

Anônimo disse...

"Assim como tudo tem um preço qual é o seu? o Homem que pregava a injustiças por parte do Partido dos Trabalhadores! Agora esta do lado vermelho? Quem diria! Archibaldo não seja hipócrita com você mesmo. Afinal, nunca sabemos o dia de amanhã..." 19 de dezembro de 2011 22:09

Minha resposta:

Meu caríssimo anônimo:

Todas as coisas que escrevi contra os petistas foram devidamente assinadas, porque nunca tive e nem tenho medo de mostrar a minha cara, que já levou muito tapa (no sentido retórico, claro) de vagabundo tanto do governo quanto da oposição. E todas as coisas que tenha que continuar escrevendo sobre eles continuarão devidamente assinadas porque, afinal, hipocrisia é esconder-se por trás do anonimato para fugir às consequências do que se diz.

Não devo satisfação a ninguém sobre minha atuação profissional, a qual por muito tempo devotei a uma corja de canalhas que quando chegam ao poder deixam de ser altruístas e solidários e passam a agir com o maior e mais descarado egoísmo. Mas vou te responder por pura indulgência, ok? O meu preço é o da honra, da dignidade, do profissional que se fez sozinho, estudando e lendo madrugadas inteiras e ralando sob sol e chuva, e que não se deixa mais enganar por larápios, estejam eles na oposição ou no poder. Se quer saber de que lado estou, meu amigo, eu lhe digo: do meu, do lado daqueles que me querem bem e dos que me respeitam pelo valor humano e profissional que tenho.

Quanto aos que permanecem na oposição, achando que os marcios da vida lhes farão justiça, só tenho a dizer que paguei um preço muito alto e que lhes desejo maior sorte que a minha - que, aliás, mudou bastante, graças a Deus.

Feliz Natal para você e sua família (espero que tenha uma, porque até isso eu perdi já faz dois anos).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O velho bondoso e o menino esperto

Um velho encontrou um menino de rua e perguntou se ele queria ter mais bondade no coração ou uma nota de cem reais.

– Mais bondade, respondeu prontamente o menino.

E assim o velho lhe deu duas notas de cem.

Antes de ir embora, o velho ainda se virou para o menino e perguntou como ele sabia que, dando a resposta certa, ganharia duas notas ao invés de uma.

– Eu não sabia. Mas tinha certeza que devia parecer bonzinho pra ganhar alguma coisa.

Moral da história: às vezes a esperteza vale o dobro da bondade.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O mundo seria teu

Eu te daria o mundo
Se o mundo fosse meu.
Te daria reinos não tivesse nascido
Um raio de plebeu.
Daria astros não fosse um terráqueo,
E um lugar no céu, se lá houvesse espaço
Para pecadores como eu.

Eu te daria diamantes se houvesse como
Garimpá-los ao léu.
Te presentearia com estrelas, não fossem elas
Meros estilhaços
Do amor que se perdeu.

Não haveria Monalisa,
Apenas tu, se Da Vinci fosse eu.
Te daria oceanos,
Os cinco continentes,
Faria de ti a deusa do Olimpo
Se não nascera Zé, mas fosse Zeus.

Mas nada disso posso fazer, amor meu.
Por isso ofereço só o que posso:
Um coração que voltou a pulsar intensamente
No instante em que meus olhos
Pousaram sobre os teus.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sobre boquetes, parlamentares evangélicos e exageros conceituais

Existe uma grande diferença entre a verdade que se diz e o julgamento sobre quem diz uma verdade. Uma índole decrépita não torna menos precisa uma asserção justa, assim como um sujeito de reputação ilibada não confere maior valor às mentiras que porventura possa dizer. O filósofo Olavo de Carvalho, autor de O Imbecil Coletivo e o Jardim das Aflições, costuma observar que no Brasil, quando se trata de debater quaisquer assuntos, os “intelequituais” (como grafaria Millôr Fernandes) recorrem ao recurso de detratar os adversários quando se veem incapacitados para redarguir seus argumentos.

Os primeiros reflexos dos que reagem às condenações feitas aos eventos da Parada Gay são geralmente do tipo: “Quem são esses hipócritas para condenar o homossexualismo ou a Parada Gay?”. E o julgamento se acirra sobremaneira quando a condenação parte de um parlamentar, já que a classe política é sempre tão vilipendiada pelo senso comum – e até por quem, pelo discernimento que diz possuir, deveria ser menos genérico nos seus juízos.

Se na intimidade o autor da crítica ao que houve na Parada Gay é um promíscuo ou mau caráter, isso não invalida a condenação que ele faz a eventos flagrantemente ofensivos e criminosos, como o que se tornou o símbolo da passeata gay deste ano no Acre, protagonizado pelo cabeleireiro Carlos Duarte. Além do mais, quem julga a índole dos críticos à Parada Gay sem informações que justifiquem o julgamento, incorre no mesmo preconceito deletério de que se diz vítima por ser homossexual ou simpatizante da causa.

O artigo do meu colega Jaidesson Peres, publicado no blog do Altino com o título “Esqueçam o boquete, deputados”, tem algo de enviesado – pelo que se nega a debater – e muito de exagero conceitual. Explico: em exatas 592 palavras, o autor não deixa claro o que acha da “performance” do Sr. Duarte em plena via pública, mas parece usar o ataque aos deputados para discretamente sinalizar ao leitor que é a favor do despropósito. Também comete alguns exageros conceituais, ao invocar o período medieval para desqualificar o discurso evangélico, como a ignorar que o período medievo sofreu enorme influência da Igreja Católica, da qual os evangélicos são dissidentes por obra de Martinho Lutero.

Não é preciosismo de minha parte evocar esses detalhes, já que Voltaire estava coberto de razão ao dizer: “Se queres conversar comigo, defina seus termos”. Sem termos definidos e conceitos ajustados às exigências do debate, a refrega descamba para o sinuoso caminho do bate-boca vazio.

Jaidesson também argumenta que o “moralismo em pleno século 21 chega a ser inadmissível e cômico”, já que mulheres ganharam o direito de fumar e beber em público e a prostituição deixou de ser crime (ele não diz, mas em alguns países, como os Estados Unidos, continua sendo), e duas pessoas do mesmo sexo agora podem se beijar na televisão. Segundo o escriba, os valores mudam, os estereótipos caem por terra e a religião, “embora com força ainda, tende a perder influência”.

Como seu artigo antecedeu a decisão do Supremo Tribunal Federal de liberar a marcha em favor da maconha, esse argumento não lhe entrou no rol das permissividades, das quais temo o paroxismo de precisarmos, quem sabe um dia, ter de enfrentar marchas favoráveis ao estupro ou à pedofilia, por exemplo. E tudo em nome da liberdade de expressão – a mesma que o jornalista diz defender quando se trata da passeata gay, mas parece desejar suprimir quando as opiniões contrárias são manifestas da tribuna da Assembleia Legislativa.

E antes que algum miolo-mole me venha dizer que estou a comparar homossexuais a pedófilos ou estupradores, quero lembrar que apenas aos idiotas é lícito tirar conclusões sobre o que não está escrito.

Jaidesson Peres, do alto dos seus 22 anos, ainda açoita a cultura dos deputados estaduais ao afirmar que eles desconhecem as leis brasileiras. Como ele também parece desconhecê-las, se faz necessário lembrar que o Código Penal Brasileiro (CPB), em seu artigo 233, diz que a prática de “ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público” é passível de detenção de três meses a um ano, ou multa.

O artigo 208 do CPB afirma ainda que quem “vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”, como ocorreu na Parada Gay com um hino evangélico, está sujeito a pena de detenção de um mês a um ano, ou multa.

Se há fundamentalismo religioso a rotular injustamente os adeptos das práticas homossexuais, alguns destes também incorrem no mesmo erro ao avaliar as motivações daqueles. Sidarta Gautama, o Buda, já dizia, seis séculos antes do nascimento de Cristo, que devemos trilhar o caminho do meio. Ele se referia ao equilíbrio de que precisamos para não incorrer nos extremos que nos levam à dor e ao sofrimento.

Isso se aplica a tudo na vida. Mas, principalmente, ao que fazemos em público.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dois rubis

Para Jaqueline Teles

Teus olhos, como brasas, cintilam
Na noite fria e vazia do meu humor.
Esqueço das coisas que desbrilham
E me concentro apenas no seu fulgor.

No breu do tédio, quais candeias,
Duas cintilações em minhas quimeras
– assim são teus olhos, que clareiam
Como o sol e as flores a primavera.

Porém se vão, em breve, os dois rubis.
Clamo a esmo teu nome, grito “Volta!
Me empresta essa luz que sai de ti”.

Só me resta escuro, o silêncio espesso.
O lamento dos grilos à minha porta,
E uma doce emoção que desconheço...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tribuna Livre


Neste sábado, a partir das 10 da noite, a TV Rio Branco leva ao ar o programa Tribuna Livre. Trata-se de um espaço para o debate de temas de interesse da população acreana. O primeiro programa será sobre sucessão municipal, e os convidados são Airton Rocha, presidente do PPS, e o ex-deputado estadual Luiz Calixto, do PSL.

Narciso Mendes e Osmir Lima são os debatedores da TV. A mim coube a apresentação do programa, como mediador.

Espero contar com sua audiência neste sábado, às 22 horas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vítima de um estelionato moral

Por Valtelúcio Campelo

Conheço o jornalista acreano Archibaldo Antunes há muitos anos. Estivemos juntos várias vezes enquanto partilhávamos o mesmo projeto que para nós era político, de transformação, de realização da capacidade produtiva do Acre mas que, aos poucos, foi se revelando uma fraude, um projeto pessoal de um ser desprezível, arrogante e manipulador, cujo único objetivo é o enriquecimento, já que para ele o dinheiro substitui com vantagens o conhecimento, a cultura, o saber, a reflexão criativa, acúmulos do qual é solenemente incapaz.

Arquibaldo Antunes é, todos sabem, um exímio redator. Sua pena talvez seja a mais hábil e interessante entre os jornalistas acreanos. Possui uma inteligência rara, nutrida pela leitura e observação crítica dos fatos. Talvez paradoxalmente é, também, um crédulo. Por muitos anos emprestou sua elaboração à perspectiva de um projeto que necessariamente tinha um líder e uma interlocução política com a sociedade e, para isso, não mediu esforços. Tomou partido, foi contra a corrente, se indispôs, quebrou pontes. Em alguns momentos renunciou à carreira, ao trabalho formal, aos colegas de profissão e dedicou-se de modo quase solitário a sustentar no verbo escrito, na assistência intelectual, na assessoria direta, um discurso e uma estratégia política. Foi enganado.

Arquibaldo foi vítima de um estelionato moral. O que é isso? Explico. A correspondência privada de afinidades e atitudes, a demonstração de afeição, admiração etc., pertencem ao campo da moral, fazem parte do que conhecemos como amizade e, em seu nome, favores, concessões e mesmo sacrifícios são pedidos e oferecidos. Quem não é capaz de se sacrificar por um verdadeiro amigo? Quem não é capaz de ser generoso quando se trata de ajudar ou socorrer um amigo? Pois é. Infelizmente há gente que ardilosamente identifica essa capacidade nas pesssoas para explorá-las em benefício próprio. De um Arquibaldo é capaz de arrancar a melhor idéia, a melhor elaboração, o melhor texto, tudo em nome de uma suposta amizade, já que a remuneração, quando há, é irrisória, afinal está-se tratando de "amigos". O crédulo nem nota a exploração de que é vítima até que ela se revela com toda crueza como estelionato - a amizade oferecida é vazia como um cheque sem fundos.

Há neste contexto outro aspecto que precisa ser explicado. Os avarentos e exploradores da boa fé alheia precificam a amizade. É o seu caráter mais desumano e calhorda. O Arquibaldo foi precificado, não o seu trabalho, pois se de trabalho se tratasse este teria sido corretamente avaliado, negociado e pago desde o inicio. Ao dispensar ao jornalista o tratamento mesquinho e pulisânime o estelionatário fez um cálculo e concluiu que lhe dar as costas era financeiramente mais vantajoso. Outros Arquibaldos sempre há por ai, pensou o oportunista. Melhor ainda se puder desqualificá-lo, se puder diminuí-lo profissionalmente.

Não. Pode parecer, mas não sou um amigo em defesa do Arquibaldo. Não privo de sua companhia, nunca fui na sua casa, nunca saimos para beber juntos, não conheço seus filhos (nem sei se os tem). O Arquibaldo tem a minha admiração como intelectual e jornalista e tem a minha solidariedade.

Valterlúcio Campelo é engenheiro agrônomo e mestre em Economia Rural. Foi Secretário de Finanças de Rio Branco, trabalhou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Integração Nacional. Fez parte do grupo que elaborou o PAS - Plano Amazônia Sustentável.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Danos morais

Estou ingressando no Juizado de Pequenas Causas contra um político de oposição devido às constantes calúnias que têm feito contra meu desempenho profissional. O sujeito, além das regalias na Câmara dos Deputados, é fazendeiro, e nas últimas eleições apresentou à Justiça Eleitoral declaração de que possui patrimônio de mais de 1,5 milhão de reais.

Como não cumpriu os compromissos que firmou comigo, resolveu justificar a canalhice me detratando a capacidade produtiva. E ele só descobriu esse "defeito" após três campanhas eleitorais, das quais participei ativamente como assessor de imprensa, redator publicitário para impressos e programas de TV, além de entregador de jornal e até carregador de malas. Mais um detalhe: nas duas últimas campanhas fui tirado do emprego a fim de atuar ao lado dele.

Eu teria engolido a afronta de ter sido enganado depois de tudo que fiz pelo sujeito, mas não vou deixar barato a tentativa de me denegrir como profissional para justificar a própria calhordice.

Aviso que levarei ao tribunal as declarações dos dois donos de jornais nos quais trabalho. Eles haverão de atestar que começo minha jornada diária às 9 da manhã e a encerro apenas por volta das 23 horas. E que sou um jornalista produtivo e cumpridor do meu dever.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Viúva de Chico Mendes desmente dívida com advogado

Ilzamar Gadelha, a viúva de Chico Mendes, assassinado em 1988, desmente que esteja devendo honorários advocatícios a Jair Medeiros, conforme um site local noticiou nesta terça-feira (1°). Medeiros cobra R$ 250 mil referentes a serviços prestados à família de Ilzamar em ação contra o Estado pela morte do líder seringueiro.

Mesmo sem apresentar contrato que sustente sua versão e tendo recebido os R$ 10 mil de sucumbência (quando a ação é extinta), Medeiros insiste em cobrar um valor acima do acordado entre Ilzamar e a Procuradoria Geral do Estado em 2006, um total R$ 200 mil – divididos igualmente entre os três filhos e a viúva. O advogado baseia sua petição sobre os R$ 1,5 milhão da ação proposta em 1996.

“Acontece que não houve assinatura de contrato sobre os honorários advocatícios, pois a Dra. Gessy Bandeira [de cujo escritório faz parte Jair Medeiros] concordou em nos defender em troca do prestígio profissional que um caso de grande repercussão lhe proporcionaria”, defende-se Ilzamar.

A viúva de Chico Mendes alega ainda que o advogado incluiu nos autos até mesmo os valores das bolsas de estudo concedidas aos filhos dela por força da lei 1.305/99, enviada pelo então governador Jorge Viana à Assembleia Legislativa e aprovada por unanimidade.

Histórico da contenda
Em 1996, Ilzamar foi levada ao escritório da advogada Gessy Bandeira pelas mãos de Josué Fernandes, então professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) e amigo de Chico Mendes. O historiador persuadiu a advogada a pegar o caso, argumentando que ele lhe traria dividendos profissionais. Gessy, alega Ilzamar, sabia que a família não tinha como arcar com as despesas decorrentes dos serviços advocatícios e por essa razão, também, não exigiu honorários. Ilzamar afirma ter assinado apenas uma procuração.

Quinze meses depois dessa visita, os advogados entraram com a ação contra o Estado. Na primeira audiência, quatro anos depois, para surpresa de Ilzamar, o escritório determinou que sua defesa fosse feita por Jair Medeiros, que havia defendido, num primeiro momento, os assassinos de Chico Mendes.

A viúva entrou em contato com Gessy Bandeira para avisar que não queria ser representada por Medeiros. A advogada prometeu tirá-lo do caso.

Causas ambientais
Identificando-se com as causas defendidas por Chico Mendes, o então governador Jorge Viana (PT) orientou Ilzamar a fazer um acordo com o Estado. Jorge deplorava a repercussão do caso sob seu governo, e Ilzamar foi encaminhada à PGE para selar os detalhes do ajuste.

Ela diz ter comunicado o fato aos advogados e sustenta que nenhum representante do escritório de Gessy Bandeira compareceu ao encontro com os procuradores estaduais.

“Para minha surpresa, anos depois, o advogado Jair Medeiros me aparece exigindo o pagamento de R$ 250 mil por serviços que nunca existiram”, afirma.

O advogado ainda requer a indenização por danos morais. Ele alega ter ficado sem trabalhar em função da dedicação ao processo da viúva de Chico Mendes. Ocorre, porém, que a defesa dela juntou aos autos os casos em que Jair Medeiros atuou durante todos esses anos.

Ilzamar lamentou ainda a alegação do site segundo a qual ela não teria sido encontrada para dar sua versão dos fatos.

“Fui retratada como caloteira e sequer me deram a oportunidade de me defender”, desabafou.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Minha colheita

Nada há de mais triste nesta vida
Que olhar pela janela do passado
E se ver com os pés sobre o arado
De uma terra infértil e ressequida

De tudo tentei cultivar, todavia.
Plantei amor despudorado,
Prazeres vãos e um bom bocado
De ingênua esperança e alegria.

Plantou, colheu, é uma verdade
Que vale para tudo nesta vida.
Pois por longos anos minha lida
Foi a de colher calamidades

Não culpo a chuva ou o granizo,
Não choro as pragas sorrateiras.
O certo é que perdi as estribeiras
Ao jogar por terra o meu juízo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A voz do vento

De repente, não mais que de repente
Você largou minha mão, tão decidida,
E eu com uma dor mais que pungente
chorei a confirmação de sua partida.

Agora sei: o que nos dói nas despedidas
É compreender que se foi tão imprudente
Ao revelar de forma desmedida
O amor que se movia vorazmente

E eu que tanto cri na sua doçura
Sequer atinei aos seus rompantes
De afastar de si minha ternura

Chamei teu nome noite adentro
Na ânsia de rever os dois amantes
Mas em resposta só ouvi a voz do vento

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Justiça afasta Randson Almeida da prefeitura de Marechal Thaumaturgo

A prefeitura de Marechal Thaumaturgo está de portas fechadas desde a quarta-feira, data em que o juiz Francisco Vilela, titular da 1ª Vara Cível da Comarca de Cruzeiro do Sul, determinou o afastamento de Randson Almeida (PMDB) do cargo. A Polícia Federal (PF) fez diversas diligências no município e em Cruzeiro do Sul em busca de computadores e documentos. Houve prisões.

Enquanto durarem as investigações, Maurício Praxedes (PMDB), vice de Randson, responderá pelo município. Ontem, por telefone, Praxedes confirmou que a PF recolheu computadores e documentos da prefeitura. Ele determinou a exoneração de todos os secretários nomeados por Randson, e na segunda-feira deverá anunciar os novos nomes de sua equipe.

A denúncia que afastou o prefeito peemedebista foi oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) com base em fartas evidências de improbidade administrativa. O depoimento da ex-secretária de Educação Sandra Pinheiro foi determinante à ação do MPE.

Sandra revelou fortes indícios de irregularidades na merenda escolar, na compra de combustíveis para o transporte de alunos, no fornecimento de alimentação de servidores, além de falsificação de assinaturas de cheques do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e no uso destes para compra de bens pessoais e pagamentos de dívidas pessoais de Randson.

Segundo o MPE, os atos do prefeito teriam causado um desfalque nos cofres públicos no valor total de R$ 3.201.912,06. O promotor Rodrigo Fontoura de Carvalho, autor da ação cautelar do MPE enviada ao juiz da 1ª Vara Cível de Cruzeiro do Sul, sustentou que havia “robustos elementos que indicam que uma quadrilha está instalada na prefeitura de Marechal Thaumaturgo”.

Além do afastamento, a Justiça decretou a indisponibilidade dos bens e dos direitos do prefeito afastado. O pedido foi feito para garantir o ressarcimento, em caso de condenação, dos valores supostamente desviados.

A empresa Rio Amonia, de propriedade do primo do prefeito, Marcildo Oliveira de Almeida, também teve seus bens bloqueados pela Justiça.

Fontoura viu com desconfiança a transferência de titularidade de um imóvel localizado na Rua do Embira, 427, bairro João Alves, Cruzeiro do Sul, no valor de R$ 432.788,77. Antes no nome de Randson Almeida, o bem foi supostamente vendido à empresa Rio Amonia assim que as diligências do MPE, da PF e do Tribunal de Contas do Estado se iniciaram em Marechal Thaumaturgo.

O MPE também detectou a existência de funcionários fantasmas e de servidores irregulares, a retenção ilegal de impostos, compra irregular de embarcações, reforma e construção superfaturadas de escolas, além de concessão indevida de bens públicos a terceiros.

O TCE encontrou inúmeras irregularidades na administração e enfrentou muita resistência no fornecimento de documentos que comprovassem as despesas da prefeitura.

Debandada
Randson Almeida deixou o município assim que os agentes da PF iniciaram, na terça-feira, uma série de diligências e depoimentos de pessoas ligadas à atual administração. Muitos secretários municipais também saíram do município.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

MPE pede afastamento do prefeito de Marechal Thaumaturgo

Ação cautelar aponta que uma quadrilha na administração de Randson Almeida desviou mais de R$ 3,2 milhões

Com base em inúmeros indícios de improbidade administrativa, o Ministério Público Estadual pediu nesta sexta-feira o afastamento provisório e a indisponibilidade dos bens do prefeito de Marechal Thaumaturgo, Randson Almeida (PMDB). O pedido se estende à empresa Rio Amonia, de propriedade do primo do prefeito, Marcildo Oliveira de Almeida.

Segundo o promotor Rodrigo Fontoura de Carvalho, autor da ação cautelar do MPE enviada ao juiz da 1ª Vara Cível de Cruzeiro do Sul, há “robustos elementos que indicam que uma quadrilha está instalada na prefeitura de Marechal Thaumaturgo”.

O propósito desse grupo, segundo o promotor, seria praticar crimes diversos e atos de improbidade, ocasionando malversação de recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a existência de funcionários fantasmas e de servidores irregulares, desvio de dinheiro da merenda escolar, retenção ilegal de impostos, compra irregular de embarcações, reforma e construção superfaturadas de escolas, além de concessão imprópria de bens públicos a terceiros.

Fontoura aponta ainda como suspeita a transferência de um imóvel localizado na Rua do Embira, 427, bairro João Alves, Cruzeiro do Sul, no valor de R$ 432.788,77. Antes no nome de Randson Almeida, o bem foi transferido à empresa de Marcildo Almeida, a Rio Amonia, assim que as diligências do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas do Estado e da Polícia Federal se iniciaram em Marechal Thaumaturgo.

Registrada no Cartório de Imóveis, Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas de Cruzeiro do Sul, a transação foi classificada pelo promotor como uma tentativa de “desfalque malicioso” do patrimônio do prefeito Randson para evitar prejuízo em caso de condenação judicial.

Indícios robustos

A ação cautelar proposta pelo MPE se baseia, principalmente, no depoimento da ex-secretária de Educação do município Sandra Pinheiro e em relatórios do Tribunal de Contas do Estado. Sandra forneceu os primeiros detalhes de como o dinheiro do Fundeb era desviado pelo grupo o prefeito, e quais as consequências dos desfalques para o sistema municipal de educação.

Técnicos do TCE encontraram inúmeras irregularidades na administração e encontraram muitos percalços para obter documentos que comprovassem as despesas da prefeitura. A ação cautelar também se baseou em matérias e notas publicadas no jornal Página 20 sobre denúncias de corrupção na prefeitura.

Diligências do MPE a Marechal Thaumaturgo constataram uma série de irregularidades na educação. Rodrigo Fontoura detalhou a situação das escolas e da merenda escolar entregue aos funcionários na zona rural – em alguns casos com prazo de validade vencido e quase sempre em quantidades inferiores ao que estava discriminado nas notas fiscais.

O relatório aponta ainda a inexistência de fogão a gás na zona rural, o que obrigava os servidores a prepararem os alimentos dos alunos em fogareiros a lenha, além da falta ou entrega tardia de combustível para transporte de alunos via fluvial.

A atuação do MPE pode sepultar de vez a carreira de Randson Almeida, filho do ex-prefeito Leandro Tavares, outro que responde na justiça por atos nebulosos resultantes de sua passagem pela prefeitura de Marechal Thaumaturgo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um dia conto tudo

Alguns conhecidos estranham o fato de eu ter deixado, após quatro meses apenas, a assessoria do deputado federal Marcio Bittar (PSDB). Exceto os comentários que faço aos mais íntimos, gente que desde 2004 me via, a cada eleição, às voltas com Marcio, tenho me furtado de contar o porquê do distanciamento, da decepção e do que acho realmente do Sr. Tudo Faço Desde que Para Meu Benefício Pessoal.

Vou me calar por enquanto, mas no devido momento haverei de revelar quem é o sujeito mesquinho e rude que se esconde por trás do amável sedutor.

Tudo a seu tempo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Prefeito de Thaumaturgo investigado por suposto desvio de R$ 2 milhões da Educação

Os ministérios públicos Estadual e Federal analisam indícios de corrupção na Prefeitura de Marechal Thaumaturgo. Os principais documentos fornecidos aos procuradores são cópias de cheques do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e notas supostamente frias de compra de merenda escolar que jamais chegou às escolas. No primeiro caso, assinaturas falsas teriam possibilitado o saque no Banco do Brasil. O rombo chegaria a mais de R$ 2 milhões. E no segundo, empresas ligadas ao prefeito Randson Almeida (PMDB) fariam parte de um esquema de desvio de recursos da merenda escolar. Ele nega as denúncias. A Polícia Federal também investiga o caso.

As informações foram confirmadas na semana passada pela ex-secretária de Educação do município, Sandra Pinheiro de Azevedo. Ela prestou depoimento aos procuradores do MPE e MPF em Cruzeiro do Sul. Segundo ela, o esquema que desviou dinheiro do Fundeb é capitaneado pelo próprio prefeito.

Além dos cheques, há cópias de notas frias de compra de combustível. De acordo com a denunciante, os alunos da zona rural chegaram a ficar sem aulas durante meses porque a prefeitura teria comprado gasolina, mas o combustível nunca foi entregue aos barqueiros responsáveis pelo transporte dos alunos.

Randson também é acusado pela ex-secretária de emitir cheques sem fundo da prefeitura para pagar contas particulares. Ela se referiu a um agiota de outro município que teria emprestado dinheiro ao prefeito e como garantia recebeu quatro deles no valor de R$ 100 mil cada um. Segundo Sandra, por lei os cheques do Fundeb não podem ser emitidos sem saldo na conta.

O vice-prefeito de Marechal Thaumaturgo, Maurício Praxedes, confirma as suspeitas de corrupção. Rompido com Randson, ele diz estar à disposição da Justiça para esclarecer fatos na prefeitura que considera “nebulosos”.

Praxedes confirmou que os secretários municipais não têm autonomia financeira. Segundo ele, empenhos e folhas de cheque do município seriam assinados por Randson Almeida e pelo secretário municipal de Finanças.

“Estou francamente arrependido de ter concorrido como vice de Randson”, declarou o vice-prefeito durante uma reunião no município, no mês passado, em que a ex-secretária de Educação explicou sua saída do cargo.

Sandra exibe ainda um ofício supostamente enviado por ela aos servidores da Educação solicitando pagamento a uma associação indígena. No local destinado à assinatura dela consta a rubrica do prefeito.

Continue lendo aqui.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Dimenor

Por Francisco Braga

Gol do Flamengo! Que jogo!
Escangalha o orelhão indefeso
Um cigarrinho proibido aceso
E um mendigo pra tocar fogo

Armado de arenga e desprezo
Cheinho de marra e coragem
Pronto pra fazer essa viagem
Sem medo algum de ser preso

Taca a tapa na cara da quenga
Aleija, destrói, deixa capenga
Agarra, espanca gringo obeso

Hoje é o domingo do dimenor
Em casa, todo banhado de suor
Dorme na cama do papai, ileso

Francisco Braga é cartunista, poeta, comediante e, sobretudo, boêmio. Publica seus textos e desenhos em seu blog. Leia mais aqui.

sábado, 9 de julho de 2011

Elogio ao pragmatismo


A literatura, as telenovelas e o cinema estão cheios de exemplos de personagens que namoram ou casam por dinheiro. A gente nunca acredita que pessoas pelas quais temos (ou melhor, tínhamos) respeito e consideração serão capazes de fazer o mesmo.

Dinheiro não gera amor, mas sela muito matrimônio. E convenhamos: amor não compra o gás, o leite, o pão, o carro de luxo ou a casa dos sonhos...

sábado, 18 de junho de 2011

Filha de peixe


Minha filha Clara (segurando o cartaz), na Marcha pela Liberdade de Expressão e Direitos Humanos, neste sábado, no centro de Rio Branco.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Lealdade: um produto em falta no mercado de amigos

Meu grande amigo Alencar me perguntou outro dia qual o principal "ingrediente" da amizade. "Lealdade", respondi sem pestanejar. Mas se trata de um produto em falta no mercado. Há quem a receba em abundância, mas se mostra incapaz de retribuir na mesma medida - ou não retribui em medida alguma.

Digo isso porque tenho sido um amigo leal aos meus poucos amigos. Se a lista é exígua, maior a dedicação aos que nela constam. Talvez por isso alguns, cujas relações se contam aos milhares, sejam pouco ou nada leais a quem quer que seja. O que nos leva à conclusão de que só existe lealdade no varejo. No atacado, reina a desatenção, a indiferença e por vezes até a insensibilidade.

Isso nos leva ao ponto seguinte: o que nos mantém leais a alguém é a reciprocidade. Sem ela, o respeito reduz-se ao desapego, a dedicação à negligência, o carinho ao distanciamento.

Da minha minúscula lista de amigos, portanto, risquei esses dias um nome de peso. Alguém que, de tão ocupado consigo, de tão cheio de si próprio, foi incapaz de ser comigo tão honesto e sincero quanto fui com ele.

Não importa. A vida segue seu curso. E trago comigo a lição de que a deslealdade de quem partiu serve para fortalecer em mim a lealdade aos que ficaram.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aqui, eu sei, é diferente

Da coluna de Dora Kramer, no Estadão de hoje.

UMA FOTO DO BRASIL

No dia 10 de maio, uma professora, Amada Gurgel, falou em audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte meia dúzia de verdades que desenharam em parte o cenário da educação no País.

Às autoridades presentes restou o silêncio diante das palavras de uma brasileira angustiada.

As seguintes: "Durante cada fala aqui eu pensava em como organizar a minha fala. Porque são tantas as questões a serem colocadas e tantas as angústias do dia a dia de quem está em sala de aula, que eu queria pelo menos conseguir sintetizar minimamente essas angústias.

"Como as pessoas sempre apresentam muitos números e dizem que eles são irrefutáveis, eu gostaria também de apresentar um número que é composto por três algarismos apenas, bem diferentes de tantos números que são apresentados aqui com tantos algarismos: é o número do meu salário, R$ 930, com nível superior e especialização.

"Eu perguntaria a todos aqui, mas só respondam se não ficarem constrangidos, se vocês conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vida que vocês mantêm, com esse salário. Certamente não conseguiriam.

"Não é suficiente nem para pagar a indumentária que os senhores e as senhoras utilizam para poder frequentar esta Casa. A minha fala não poderia partir de um ponto diferente, porque só quem está em sala de aula, só quem pega três ônibus por dia para chegar a seu local de trabalho é que pode falar com propriedade.

"Fora disso, qualquer consideração aqui é apenas para mascarar uma verdade visível a todo mundo: em nenhum governo, em nenhum momento no nosso Estado, na nossa cidade, no nosso país a educação foi uma prioridade.

"Então, me preocupa muitíssimo a posição da maioria, inclusive da secretária (de Educação) Betânia Ramalho, de não falarmos sobre a situação precária porque isso todo mundo já sabe.

"Como assim, não vamos falar da situação precária? Gente, estamos aceitando a condição precária da educação como uma fatalidade?

"Estão me colocando dentro de uma sala de aula com um giz e um quadro para salvar o Brasil, é isso?

"Salas de aulas superlotadas com os alunos entrando com uma carteira na cabeça porque não têm carteiras nas salas e sou eu a redentora do País? Não tenho condições, muito menos com o salário que recebo.

"A secretária disse que não podemos ser imediatistas, que precisamos pensar a longo prazo. Mas a minha necessidade de alimentação é imediata. A minha necessidade de transporte é imediata, a necessidade dos alunos de ter uma educação de qualidade é imediata.

"Eu gostaria de pedir aos senhores que se libertem dessa concepção extremamente equivocada, e digo isso com mais propriedade do que os grandes estudiosos: parem de associar a qualidade da educação com professor dentro da sala de aula.

"Não há como ter qualidade em educação com professores trabalhando em três turnos seguidos, multiplicando seus salários: R$ 930 de manhã, R$ 930 de tarde, R$ 930 de noite para poder sobreviver. Não é para andar com bolsa de marca nem para usar perfume francês.

"É para pagar a alimentação de seus filhos, para pagar a prestação de um carro que muitas vezes compram para se locomover mais rapidamente entre uma escola e outra.

"Não me sinto constrangida de apresentar meu contracheque, porque penso que o constrangimento deve ser de vocês.

"Lamento, mas deveriam todos estar constrangidos. Entra governo e sai governo e o que se solicita de nós é paciência e tolerância.

"Quero pedir à secretária paciência também porque nós não aguentamos mais esse discurso.

"Não podemos ser responsabilizados pelo caos que na verdade só se apresenta para a sociedade quando nós estamos em greve, mas que está lá todos os dias dentro da sala de aula, em todos os lugares.

"São muitas questões mais complexas que precisariam ser postas aqui. Mas infelizmente o tempo é curto e é isso que eu gostaria de dizer em nome dos meus colegas que pegam três ônibus para chegar ao local de trabalho, em nome dos estudantes que estão sem aula agora por causa da greve, mas que ficam sem aula por muitos outros motivos."

É isso. Embora não seja apenas isso.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Acre, afinal, é referência para o resto do Brasil


A imprensa do país inteiro aponta a porta de entrada do oxi no país. O Acre, finalmente, virou referência nacional.

sábado, 7 de maio de 2011

Bullying – tamanho não é documento...

Por Ademir Pedrosa

Havia na rua onde eu morava um molecão que aterrorizava o bairro inteiro. Aliás, o aumentativo do nome cabia-lhe como uma luva, o moleque era o cão em forma de gente. Não havia um que já não tivesse levado uma surra dele. Menos eu. Eu era o mais mirrado da turma, e todas as vezes que ele insurgia contra a gente, eu me borrava de medo, mas sempre escapava ileso, muito mais por sorte do que por habilidade.

Certo dia, eu brincava na calçada da rua quando surgiu do nada o valentão. E não ficava um, mas eventualmente ele conseguia agarrar um pobre coitado. Espavorido, eu corria que nem o papa-léguas, mas desta vez a sorte não estava do meu lado. O chinelo me escapou do pé, e voltei pra pegá-lo, quando ele me alcançou primeiro.

Ele me agarrou pelas axilas e me ergueu no alto, de frente do seu rosto. Chacoalhou-me feito um boneco desengonçado. Como eu estava gripado, tossi; e soltei um espirro impertinente, que lhe cuspi o rosto. Incontinenti, eu aproveitei a deixa para cuspir-lhe outra vez, dessa vez dissimulado, na manha.

Ele me pôs de volta ao chão, e disse: olha só, seu pirralho, o que tu fizeste! Roguei-lhe perdão. Ele disse: seu merdinha, tu não aguenta um cascudo, tenho pena de ti. Pensei que fosse me surrar, mas teve piedade. De fato, eu não aguentaria sequer um beliscão.

Ele se despiu da camisa para limpar a meleca do rosto – foi forçado usar da própria roupa, pois eu trajava somente um simples calção de chita, o que evidentemente impedia de servir-lhe de toalha. Quando ficou nu da cintura pra cima, pude verificar que o moleque era mesmo forte como um pitbull.

Seu bíceps avantajado era como de um atleta adulto. Aproximei-me, e perguntei se eu podia tocá-lo, ele assentiu com a cabeça, e eu dei três pancadas com as costas da mão em punho em seu tórax. Uma muralha, disse-lhe. Ele espraiou um sorriso incoercível.

Daí passou a se exibir, e exultava da rigidez dos músculos. Ele saltitava, socava o ar numa sequência frenética de golpes. Sacudia os ombros, e balançava a cabeça, como um pêndulo; e erguia o punho, vitorioso. Jactava-se, como se estivesse num ringue, e acabado de derrubar um pugilista imaginário.

Resolvi desafiá-lo. Está vendo aquele tronco? Duvido se tens coragem de dar uma bicuda nele. Era um tronco chamuscado que jazia na calçada. Ele não contou história, desferiu um chute certeiro que o pé, descalço, foi alojar-se no oco do tronco. Foi um sacrifício pra tirá-lo dali, e quando conseguiu se desvencilhar, o pé pingava sangue. Ao se recompor, disse: isso só dói em mariquinhas...

Era chegada a hora do golpe de misericórdia. E eu desdenhava da força dele, dizia que sua valentia era igual de qualquer um. Então eu desafiei. Queria ver se ele fazia que nem o “Cabeça de Aço”, lutador de telequete da tevê que derrotava seus adversários usando só a cabeça. Cada cabeçada era um nocaute.

Havia ali um resto de muro, ruína de um casarão abandonado. Desafiei se era capaz de dar uma cabeçada no muro. Mexi com seu brio. Provoquei-o: du-vi-de-o-dó! No mesmo instante ele tomou impulso, soltou um berro assustador, e deu uma brutal cabeçada no muro. Ouviu-se um barulho surdo e oco. Parte do muro tombou para trás, e ele sucumbiu como um fardo insustentável, desfalecido. Soergueu-se cambaleante, mas já estava nocauteado de pé. Nascera-lhe na testa um galo deste tamanho...

Quando li O Barril de Amontillado, de Allan Poe, eu compreendi que não vale nada de nadas uma vingança se o vingador não fizer com que aquele que o ofendeu compreenda que é ele quem se vinga. Daí eu tive o capricho de mostrar que era eu quem tinha lhe abatido, levado à lona – posto que eu não tivesse lhe tocado um dedo sequer.

Cheguei bem juntinho dele, e disse sussurrando: eu te quebrei o pé e a cabeça, e ainda te cuspi a cara; não te metes comigo que tu não aguentas. E saí dali sem olhar para trás, cheio de bossalidade e feliz à beça com minha traquinagem...

Postscriptum – Se você não tem a destreza de usar os dentes e as unhas, experimenta usar os neurônios. É tiro e queda, especialmente se o tico e o teco do adversário pensa que é o caralho de asa.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

É tudo uma questão de perspectiva





Imagens feitas pelo fotógrafo Dhárcules Pinheiro.

sábado, 30 de abril de 2011

"Entrega ou te dou um tiro na cara"

Minha filha de 13 anos foi assaltada na volta da escola, na sexta-feira à tarde, no bairro Tropical. Ao atender o telefone celular, um bandido se aproximou, apontou-lhe uma arma e confiscou o aparelho. "Entrega ou te dou um tiro na cara", disse o assaltante.

Até 12 anos atrás, quando Jorge Viana assumiu pela primeira vez o governo, esse tipo de ococrrência era rara no melhor lugar da Amazônia para se viver. Três mandatos petistas depois, as pessoas se trancam em casa e nem por isso estão seguras: as quadrilhas armadas agora invadem residências, rendem os proprietários e levam tudo que podem.

Outro dia, em um debate no Facebook, uma amiga, ao defender o governo para o qual trabalha, falou em segunda Revolução Acreana, atribuindo as honrarias aos companheiros Jorge, Binho e Tião. Com o ingresso do oxi no país via Acre, logo as consequências dessa "revolução" serão ainda mais assustadoras.

Só nos resta rezar pela segurança daqueles que amamos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Carta comovente

LIÇÃO DE VIDA PARA O OCIDENTE

A carta abaixo foi escrita por um imigrante vietnamita que é policial em Fukushima, no Japão. Foi enviada a um jornal em Shangai que traduziu e publicou. Eu procurei ser o mais fiel possível ao texto original. Espero que gostem!

"Querido irmão,

Como estão você e sua família? Estes últimos dias tem sido um verdadeiro caos. Quando fecho meus olhos, vejo cadáveres e quando os abro, também vejo cadáveres.

Cada um de nós está trabalhando umas 20 horas por dia e mesmo assim, gostaria que houvesse 48 horas no dia para poder continuar ajudar e resgatar as pessoas.

Estamos sem água e eletricidade e as porções de comida estão quase a zero. Mal conseguimos mudar os refugiados e logo há ordens para mudá-los para outros lugares.

Atualmente estou em Fukushima – a uns 25 quilômetros da usina nuclear. Tenho tanto a contar que se fosse contar tudo, essa carta se tornaria um verdadeiro romance sobre relações humanas e comportamentos durante tempos de crise.

As pessoas aqui permanecem calmas – seu senso de dignidade e seu comportamento são muito bons – assim, as coisas não são tão ruins como poderiam. Entretanto, mais uma semana, não posso garantir que as coisas não cheguem a um ponto onde não poderemos dar proteção e manter a ordem de forma apropriada.

Afinal de contas, eles são humanos e quando a fome e a sede se sobrepõem à digindade, eles farão o que tiver que ser feito para conseguir comida e água. O governo está tentando fornecer suprimentos pelo ar enviando comida e medicamentos, mas é como jogar um pouco de sal no oceano.

Irmão querido, houve um incidente realmente tocante que envolveu um garotinho japonês que ensinou um adulto como eu uma lição de como se comportar como um verdadeiro ser humano.

Ontem à noite fui enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados. Era uma fila muito longa que ia longe. Vi um garotinho de uns 9 anos. Ele estava usando uma camiseta e um par de shorts.

Estava ficando muito frio e o garoto estava no final da fila. Fiquei preocupado se, ao chegar sua vez, poderia não haver mais comida. Fui falar com ele. Ele disse que estava na escola quando o terremoto ocorreu. Seu pai trabalhava perto e estava se dirigindo para a escola. O garoto estava no terraço do terceiro andar quando viu a tsunami levar o carro do seu pai.

Perguntei sobre sua mãe. Ele disse que sua casa era bem perto da praia e que sua mãe e sua irmãzinha provavelmente não sobreviveram. Ele virou a cabeça para limpar uma lágrima quando perguntei sobre sua família.

O garoto estava tremendo. Tirei minha jaqueta de policial e coloquei sobre ele. Foi ai que a minha bolsa de comida caiu. Peguei-a e dei-a a ele. “Quando chegar a sua vez, a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi. Por que você não come”?

Ele pegou a minha comida e fez uma reverência. Pensei que ele iria comer imediatamente, mas ele não o fez. Pegou a bolsa de comida, foi até o início da fila e colocou-a onde todas as outras comidas estavam esperando para serem distribuidas.

Fiquei chocado. Perguntei-lhe por que ele não havia comido ao invés de colocar a comida na pilha de comida para distribuição. Ele respondeu: “Porque vejo pessoas com mais fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles irão distribuir a comida mais igualmente”.

Quando ouvi aquilo, me virei para que as pessoas não me vissem chorar.

Uma sociedade que pode produzir uma pessoa de 9 anos que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior deve ser uma grande sociedade, um grande povo.

Bem, envie minhas saudações a sua família. Tenho que ir, meu plantão já começou.

Ha Minh Thanh".

Recebi o texto por e-mail do amigo Miguel Ortiz. Nele, não há referência ao tradutor.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Aviso aos navegantes

Compromissos profissionais inadiáveis continuam a me manter afastado do blog. Espero voltar a ele a partir de amanhã.

Grato a todos que me acessam aqui.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A versão, companheiro, é sempre mais importante que o fato, não é mesmo?

A matéria do jornal O Globo sobre o oxi, a nova droga que promete transformar o crack num doce de criança, foi rechaçada nesta quarta pelo senador sem votos Anibal Diniz, do PT. A assessoria de imprensa do parlamentar enviou aos veículos de comunicação release em que em Anibal condena a forma "preconceituosa" com que o diário tratou o drama dos viciados.

Segundo ele, “nós não podemos aceitar, enquanto representantes de um Estado pequeno como é o Estado do Acre, que a pecha de facilitação para o tráfico e para consumo de drogas aconteça na comunidade”.

A matéria d'O Globo é clara sobre a responsabilidade do governo federal quanto à fiscalização das fronteiras. Como foram os companheiros de Brasília que passaram a navalha em R$ 1,5 bilhão do orçamento da Polícia Federal, convém criticar os jornalistas que mostraram uma sociedade cada vez mais à mercê dos entorpecentes. Trata-se de uma inversão à altura do discernimento do senador petista.

Ele teria dito ainda, segundo a assessoria, "que o governo do Estado tem procurado entender a questão do aumento no consumo de drogas, especialmente entre os jovens". E para rechaçar a informação, tomou como base os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública.

Como a matéria não revela que dados são esses, fica difícil saber a que se referia o parlamentar.

O pronunciamento de Anibal Diniz é mais uma prova de que aos companheiros não interessam os fatos em si, mas apenas as versões de que eles podem se revestir quando vão parar nas páginas dos jornais.

Foto: José Cruz/Agência Senado.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A lógica, mais uma vez, desmente o governo


Os tomates já eram conhecidos das civilizações inca, maia e asteca antes mesmo da chegada dos europeus ao continente. Cinco séculos depois dos gringos terem ambientado a fruta ao Velho Mundo, o governo petista anuncia que a descoberta de uma nova técnica de plantio vai possibilitar a expansão do cultivo no Estado.

“Essa é uma técnica adequada para o nosso Estado. O produtor tem imensa facilidade no manejo e o tomate é totalmente sem agrotóxico. No balde são colocados apenas areia e material orgânico”. A explicação é do produtor Carlos Aparecido, o Carlão, que segundo a assesoria do governo "implantou um projeto piloto em sua propriedade, no Quinari, e espera faturar R$ 2 mil por mês com a plantação de mil pés de tomate".

Carlão está certo em dizer que a técnica é adequada ao Acre? Duvido. Cultivar hortaliça em balde é coisa de quem mora em cidade grande e não dispõe de espaço para plantar. Não é à toa que seu aprendizado se deu em São Paulo.

Nosso caso é totalmente diferente do que eles pretendem nos fazer acreditar: há terras demais e produção de menos, justamente porque o governo não incentiva os agricultores.

A oposição ainda haverá de aprender que a lógica é a arma mais poderosa que se pode usar contra o governo do PT.

Discurso edulcorado


No dia 12 de março do ano passado, mostrei aqui a história de Cláudio Alberto Nunes, ou Hunikui Muru, como é conhecido pelos seus parentes indígenas. Ele vive na aldeia Boca do Grota, no rio Envira, em Feijó, para onde voltou depois de morar em Rio Branco e trabalhar como ajudante de pedreiro.

Quando o conheci, Cláudio lamentava a situação em que viviam todos de sua aldeia e admitia ter saudades dos tempos em que o trabalho braçal lhe rendia um salário mínimo por mês.

Hoje, Dia do Índio, é também dia de protesto por parte daqueles que há décadas só servem para edulcorar o discurso ufanista e sem vergonha dos donos do poder no Acre.

sábado, 16 de abril de 2011

Memória

Carlos Drummond de Andrade

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

A minha forma de lhe falar...

Para Clara.



Nunca se esqueça nenhum segundo
que eu tenho o amor maior do mundo

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Caridade com o chapéu alheio, ou: como pagaremos as contas dos paraguaios

Energia elétrica no Acre é artigo de luxo,certo? E com cerca de 40% do valor pago apenas em impostos, o usufruto do serviço é coisa para gente bacana, como costuma dizer o deputado Moisés Diniz, do PCdoB.

O movimento que tenta amainar a voracidade do governo por tarifas escorchantes, responsáveis estas pela carestia das contas de luz, haverá de esbarrar na penúria dos cofres públicos.

Como a maré econômica não está pra peixe, minha opinião é que o movimento por menos tarifas e mais energia vai morrer na praia. Não bastasse o pessimismo dos que, como eu, sabem que os governos nada produzem a não ser despesas a serem pagas pela puleia, a companheirada resolveu passar o chapéu para ajudar os paraguaios. Isso mesmo, os paraguaios.

Como há certas notícias para as quais a imprensa do Acre faz ouvidos de mercador, nada foi dito sobre a aprovação na Câmara dos Deputados do projeto de decreto legislativo referente ao Tratado de Itaipu, na semana passada. Pela proposta do governo federal, os repasses da União ao governo dos hermanos - relativos ao uso do excedente de energia da usina hidrelétrica de Itaipu - seriam reajustados dos atuais R$ 120 milhões para R$ 360 milhões ao ano.

Os deputados federais da base governista conseguiram aprovar na Câmara Federal o projeto por 285 votos contra 54. Perpétua Almeida (PCdoB), Sibá Machado (PT), Taumaturgo Lima (PT) e Antonia Lúcia (PSC) ajudaram a salgar a conta para os brasileiros.

É preciso lembrar que esses mesmos parlamentares votaram contra o reajuste de 15 reais do salário mínimo. E que o aumento dos repasses ao governo paraguaio se dá em um momento em que o governo federal faz cortes bilionários no Orçamento.

Como a ordem do governo é aprovar a tunga no bolso do brasileiro, espare-se que os senadores Jorge Viana e Aníbal Diniz, do PT, além de Sérgio Petecão, do PMN, confirmem mais essa caridade com o chapéu alheio.

Archibaldo é o cara, véio!

Por Ademir Pedrosa

Texto irretocável, sua crônica (A lição que vem do outro lado) tem a pujança de sua aldeia – que se quer universal. Conheci o seu avô. Era um velho senhor taciturno, e vivia ensimesmado com sua pequena horta em volta da casa; mal falava português, um bom-dia já lhe soava um discurso desmedido – ele me parecia um lacônico haicai.

Talvez por influência do avô, Archibaldo decidiu ir para o Japão. Eu cismava que o japinha via no avô um paradigma, como se constituísse um desafio de além-mar. Deve ter pensado: ora, se o vô veio até aqui, por que eu não posso ir até lá? E foi.

De avião, levou 24 horas para chegar à Terra do Sol Nascente, tenuíssimo tempo se comparado com os 60 dias que o navio do avô singrou os mares para chegar até aqui. E foi egoísta por não perceber que deixara aqui uma lacuna fria e oca, em reticências. Deu as costas às divagações literárias que discutíamos aqui e ali, e eventualmente numa mesa de bar. Senti sua ausência.

Quando regressou do oriente integrou-se ao Conselho de Cultura do Estado do Amapá – órgão que eu presidia. Foi breve o período que exercemos naquela casa de cultura. Fomos vítimas dum golpe bem-sucedido conspirado por um grupo de petralhas. Ali, ao que parece, sua sina se iniciara. O Conselho de Cultura sucumbiu, e não ficou oca sobre oca em nossa aldeia – nossa literatura foi soterrada pelos escombros da mediocridade, e fomos reduzidos a pó, a esterquilínio.

Foi depois desse estádio conturbado que Archibaldo escolheu o Acre como abrigo. E eu fiquei aqui. Só – cercado de mediocridade literária por todos os lados. Entregamos o Governo pros petralhas; eles, por vaidade, se acharam melhores que o Capi, e deu no que deu. Amargamos oito anos de mazelas. Resistimos com força hercúlea às tentações fáceis e às retaliações severas, e demos a volta por cima. Navegamos de volta para o futuro – de onde nunca deveríamos ter saído.

Reconquistamos o governo e o orgulho de amar nosso estado, ainda que o governo pretérito tenha sido um tsunami – sucateou o estado e feriu gravemente a auto-estima do povo amapaense. Enquanto no Japão milhares de pessoas foram soterradas pelos destroços, aqui 57 crianças, no ano passado, jaziam nos leitos dos berçários da maternidade por falta de oxigênio. Pasme!, 57 bebês sentenciados por um Herodes que via as mortes como uma normalidade hospitalar – Santo Deus!

Eu recordo que foi o Archibaldo que me apresentou ao garoto Camilo, filho do Capi. Eram estudantes contemporâneos e Camilo era conhecido como rato de biblioteca, por sua ganância de devorar livros. Tinha vaga no nosso time, especialmente por ser um bom leitor. A literatura é ávida de bons leitores.

Hoje Camilo Capiberibe é Governador do Estado do Amapá – aleluia! Não sei, não. Mas se o Archibaldo quiser regressar, o Acre será desfalcado de um craque da literatura universal. Amazônia dos Brabos, romance de sua autoria, emparelha em qualquer estante com Galvez, o Imperador do Acre e Mad Maria, de Márcio Sousa.

Sinto orgulho de ter dividido com Archibaldo um pouco desse universo literário – eu era a corda e ele era a caçamba. Nossas reuniões etílicas e literárias quase sempre acabavam numa mesa de bilhar. E aí em que residia a grande diferença entre mim e ele.

Archibaldo era freguês. Minha tacada tinha a precisão de um verbo, e o tiro inexorável de um ponto final. Cada enxadada era uma minhoca. Cansei de ganhar de “buchuda” (partida em que o adversário não consegue encaçapar uma bolinha sequer), numa demonstração impiedosa de que eu era melhor que ele – tiranicamente superior.

Se o Archibaldo quiser voltar pro Amapá, seja bem-vindo. Devo adverti-lo, porém, que aqui está eivado de petralhas, e que estão parcialmente no poder. Ah!, quem de vez em quando dá as caras por aqui é o escritor José Sarney, senador do Amapá e presidente do Senado. Agora, experimenta me botar numa mesa de bilhar com o maranhense – e deixa o resto comigo...

Meu comentário: Ademir Pedrosa é um dos grandes poetas vivos que conheço. O outro é Thiago de Mello (que aliás conhecemos juntos em Boa Vista, Roraima, em um encontro de escritores, em 1995 ou 96). Ademir foi a mais grata e saudável influência de que necessitava para consolidar-me a verve literária. E ele não me ensinou apenas a ler os bons autores, como me instruiu a detectar os medíocres, dos quais logo me apartei. Mais do que de literatura, falávamos da vida. Mas essa não se compraz com teorias. Quanto à memória, ela embota-se com o tempo e acaba por nos induzir a erros. O de Ademir é se vangloriar por sempre ter vencido na sinuca...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Minha partilha

Do fundo da gaveta, mas terrivelmente atual:

Uma das mais belas crônicas da literatura brasileira foi escrita, claro, pelo capixaba Rubem Braga. “A Partilha” fala de dois irmãos que se separam depois de um desentendimento. O narrador da história é o mais velho, que vai dizendo quais pertences pretende levar de casa.

Ele explica que quer ficar com a rede, pois o outro irmão nem gostava muito de rede, “quem sempre deitava nela era eu”. O retrato da irmã pode ficar com o mais novo, mas o retrato da mãe o mais velho quer levar, porque “você tinha aquele dela de chapéu, e você perdeu”. Linhas e chumbadas, o puçá e a tarrafa, o fogão e as cadeiras, a estante e as prateleiras, os dois vasos de enfeite, o quadro e a gaiola, o alçapão, “tudo é seu”.

Mas o canivete o mais velho faz questão de levar, porque quer guardá-lo como recordação. “Quem me perguntar por que eu gosto tanto desse canivete eu vou dizer: é porque é lembrança do meu irmão”.

Reli a crônica pela enésima vez e quis fazer a minha versão, que saiu mais ou menos assim:

Você pode ficar com a cama de casal, com os móveis da sala e da cozinha, com a televisão. O computador foi você quem comprou, é todo seu. Mas alguns livros eu levo: o Caetés, o Dom Casmurro, o do Tchecov e esse aqui sobre o Japão.

A estante é sua, as cortinas são suas, o ferro de passar é seu. Mas o Aurélio vai comigo porque foi do meu irmão. Até escrevi uma crônica sobre esse dicionário, e lembro que você a leu e disse “suas crônicas estão cada vez melhores, meu amor”.

O ventilador, o criado-mudo, os dois cachorros são seus. A verdade é que você nunca cuidou deles, nunca lhes deu banho ou remédio, mas você vai precisar mais deles do que eu. Agora a enciclopédia é minha, cada volume vai comigo, da Barsa eu não abro mão.

Não faço questão da máquina de lavar, das poltronas, do aparelho de som ou do fogão. Queria levar o vídeocassete porque gosto muito de ver filme, mas foi sua mãe quem lhe deu. Vou levar, porém, uma das redes, porque apesar de não gostar de rede, é melhor do que dormir no chão.

Fique com os discos, com os quadros e com as fotografias. O telefone também fica nesta casa, pois nunca me pertenceu. A escrivaninha é sua, o guarda-roupa também é seu. Vou levar o alicate e o martelo, a pedra de amolar e o facão. No peito não vai mágoa, só este coração que lhe dei muito novinho, mas que agora envelheceu.

E se me perguntarem: “Há vantagens em estar partindo, irmão?”, vou mentir que sim, há muitas vantagens, e então lembrarei o dia em que cansei de apertar parafuso ao pé do Monte Fuji e voltei pra te conhecer e descobrir que a dor maior não está em repartir os cacos da vida – mas em ouvir o ruído dos ferros se fechando aqui neste portão.

Sete vidas

A mentira no Acre tem sete vidas. Matéria de hoje de um jornal local repisa a velha história de que o Estado vai vender bambu para a China.

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), João Francisco Salomão, a exportação do produto é tema tratado com os asiáticos desde o ano passado. Salomão acredita que a presidente Dilma Rousseff, em sua visita à China, se lembrará de empurrar nosso bambu aos chineses.

O assunto catalisa as opiniões mais absurdas, como a do governador Tião Viana (PT), que aproveita a história para falar da industrialização do Acre. Ainda que fosse verdade que os chineses nos comprariam todos os feixes de taboca disponíveis, é cretinice alardear que esse comércio selaria os rumos da industralização.

Há exatos cinco anos e 31 dias, o governo vendeu a mesma história quando o embaixador da República Popular da China no Brasil, Jiang Yuande, veio ao Acre. Na edição do dia 11 de março de 2006, o jornal Página 20 trazia extensa matéria sobre o assunto. Entre outras patacoadas, o texto afirmava o seguinte:

"A visita do embaixador e da missão chinesa ao Acre é mais um reflexo da viagem, em maio 2004, do governador Jorge Viana à China, como integrante da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lembrou o vice-governador Arnóbio Marques".

A fanfarronice, portanto, é bem mais antiga do que supõe o presidente da Fieac.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A lição que vem do outro lado


Sou neto de japoneses. Minha avó era de Hiroshima, e teve a sorte de sair de lá antes que os americanos despejassem sobre a cidade uma bomba atômica. Ela conheceu meu avô no navio Buenos Aires, quando este singrava o Pacífico para muito mais tarde atracar no porto de Santos. Foram mais de dois meses de viagem rumo a um país do qual não conheciam a língua nem os costumes. Trabalhadores agrícolas, eles experimentaram a discriminação racial, o trabalho duro nas lavouras de café e a decepção de ver que as promessas de receber um pedaço de terra não passara de propaganda enganosa.

Na década de 70, meus pais decidiram trocar o interior paulista pelo Amapá, onde cresci. E a mudança me privou da companhia dos meus avós, com os quais poderia ter aprendido muito sobre abnegação, paciência e equilíbrio interior. Meu avô era quitandeiro, e não passou disso. Mas para mim ele era o dono de uma portentosa balança que determinava quanto os clientes teriam de pagar pelas frutas e verduras que levavam na sacola.

Morta a esposa, meu avô foi morar com a família de minha mãe no Amapá, onde morreu. Estava lúcido ainda quando a morte lhe veio bater à porta, e ele, budista que era, sem demonstrar uma única sombra de medo, despediu-se de todos para fazer a sua viagem definitiva. Dias depois, de fato, ele nos deixou.

Sanae Kitazono ainda estava vivo quando, em setembro de 1994, eu fui morar no Japão. Passei apenas nove meses lá, o suficiente para ter nascido de novo. As cores, pessoas e lugares que vi, os sabores que experimentei, os cheiros que senti e as lições que guardei foram decisivos ao aprimoramento de um jovem de 22 anos que saíra de casa em busca de dólares e voltou com a bagagem cheia de boas lições sobre paciência, disciplina, humildade, empenho, coragem, lealdade. Em maior ou menor grau, com maior ou menor proveito, entronizei esse aprendizado na tentativa de aplacar um espírito indomável em suas tribulações. A vida é um processo, e no meu caso ele seria ainda mais tortuoso não fosse o que vivi do outro lado do planeta.

A recente catástrofe que abalou o Japão e já empilhou quase 13 mil corpos sob e sobre os escombros do terremoto nos mostra a todos o espírito guerreiro dos japoneses. Eles tentam não sucumbir à desgraça das perdas e prosseguir com a disciplina de uma vida marcada por danos imensuráveis. E enquanto muitos de nós se encarregam de achar explicações as mais estapafúrdias para a desgraça que se abateu sobre o país, eles nos dão mais uma lição sobre a inexorável necessidade de que a vida siga em frente - não importa a dimensão do revés que vez por outra tenta nos paralisar.

sábado, 9 de abril de 2011

Colunista reage ao blog

Nota da coluna Bom Dia, do jornal A Tribuna, deste sábado.

Catástrofe
Dois vereadores ameaçam abandonar o barco em Plácido de Castro e a oposição se alegra anunciando aos quatro cantos que a Frente Popular está próxima de afundar com tamanha catástrofe. Outra ameaça viria de Manoel Urbano. Dois colégios eleitorais gigantes no cenário do Acre.

O histrionismo se refere, claro, à postagem aí abaixo, em que sustento que a nau petista faz água pela dissensão anunciada. Mas na lógica do escriba não coube a menção à derrota da Frente Popular na capital. Não apenas Jorge Viana (PT) ficou em segundo para o Senado, atrás de Sérgio Petecão (PMN), como Bocalom (PSDB) tomou a dianteira dos votos contra o atual governador Tião Viana. É a soma dos fatores que nos permite uma noção clara do produto.

Ao ignorar, pois, o dado mais importante da minha proposição, o escriba do jornal age como Hegel, para quem os fatos deveriam confirmar-lhe as teorias; senão, pior para os fatos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Questão de ordem

O que pode ser mais deplorável:

a) Gasolina a R4 3,50 em Cruzeiro do Sul;

b) Pensão de 24 mil reais pra quem trabalha quatro anos em meio às mamatas do poder;

c) Matéria sobre produção agrícola em que o governador Tião Viana aparece com uma melancia nos braços;

d) O Lula dizendo que os companheiros pilhados no mensalão não deverão ser julgados antes de 2050.

Você decide.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Naufrágio à vista


O barco petista dá sinais de que faz água. E não será o desmentido do vereador Jairo Carvalho, do PT de Plácido de Castro, de que deixaria a Frente Popular, que haverá de conter o naufrágio.

Carvalho negou, após reunião hoje com o Carioca Nepumuceno, que estaria de malas prontas para embarcar na catraia da oposição. Horas antes dera entrevista criticando o tratamento dispensado pelo governo estadual, principalmente por parte de Carioca, aos aliados do interior. Saiu da audiência sorridente, a pregar que a imprensa havia criado boatos sobre si.

Para tristeza dos bombeiros estatais, Carvalho não é o único que quer ver o circo pegar fogo. O colega dele, Allison Ferreira (foto), do PTB, sustenta também que o tratamento dado aos que ajudaram a garantir o quarto mandato do PT é vexatório, desrespeitoso e sobretudo desigual quando se trata de distribuição de cargos. E ameaça engrossar as fileiras da oposição.

Allison garante que o PT domina o campo vasto das benesses como o único dono da bola. Em Plácido, por exemplo, uma turma de companheiros, que nem votos possui, emplaca os afilhados no serviço público sob o critério único do companheirismo. Isso agasta os que se esfalfaram na campanha e esperavam reconhecimento pelo esforço e lealdade.

Para piorar, Plácido de Castro não é o único município em que a gritaria vai tomando ares de motim. A borrasca política que se avizinha de Manoel Urbano pode ajudar a fender de vez o casco do transatlântico petista. Junte-se a isso a derrota da FPA na capital, e teremos um vistígio de tragédia.

O mar está revolto. E o naufrágio parece inevitável.

Parabéns, jornalistas!

No Dia do Jornalismo, uma homenagem do blog aos colegas acreanos que não cansam de se comportar conforme exigem as circunstâncias.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Alquimia da informação

Os jornalistas estatais são pródigos em alquimias. Dessa vez eles conseguiram transformar críticas ácidas do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, em afagos ao colega Jorge Viana, do PT.

Enquanto a Folha Online afirmou nesta quarta que "Aécio bate boca com petistas em 1º discurso na tribuna do Senado", a assessoria de imprensa do acreano enviava à redação dos jornais release com o título "Aécio Neves acredita em consenso".

A Folha atribui ao senador mineiro a frase "entre o interesse do país e do partido, o PT escolheu o do PT". Já o texto chão da assessoria pinçou do discurso do tucano afirmação de que "o exercício da oposição deve ser organizado com coragem, responsabilidade e ética”.

Aécio, segundo a Folha, disse que "Não é interesse do país que o poder federal patrocine o grave aparelhamento e o inchaço do Estado brasileiro, como nunca antes se viu na nossa história." No texto da assessoria, ele teria dito que “Não devemos temer [com o governo do PT] uma relação aberta e transparente”.

Sobre a celeuma que causou o pronunciamento, nenhuma palavra no texto enviado aos jornais da aldeia. A peça termina com uma referência poética sobre dois construtores de pontes.

Jornalismo nunca foi literatura, apesar de grandes escritores como Truman Capote terem feito do ofício de repórter uma verdadeira arte da composição literária. Mas no Acre há um arremedo de jornalismo que não apenas avilta as verdades como desonra a ficção.

Só o humor nos faz suportar tanto cinismo

Com Sarney regendo o fandango, Aníbal deve dançar

O senador Sérgio Petecão (por enquanto no PMN) tem dito aos aliados que o colega sem votos Aníbal Diniz, do PT, não deverá passar de outubro no cargo que herdou do companheiro Tião Viana. A história é velha, alegam os petistas, segundo os quais a Justiça Eleitoral já se manifestara contrária ao pedido de cassação do mandato. A celeuma se dá porque Aníbal não teria se desencompatibilizado do cargo de secretário de Comunicação do Governo do Acre no prazo estipulado pela Justiça.

Mas aos que têm alegado isso, Petecão diz que a situação passou a ser outra depois que Aníbal assumiu o mandato. E garante que por trás do desejo de empossar Carlos Coelho na vaga está ninguém menos que o rei do Maranhão e presidente do Senado, José Sarney.

Em 2002, o senador pelo Amapá João Alberto Capiberibe (PSB), e a esposa dele, Janete Capiberibe, eleita deputada federal, perderam os mandatos depois de um processo na Justiça Eleitoral que pode se transformar em tese de mestrado. Capi resolvera peitar Sarney quando ainda era governador. Teve problemas sérios com a Assembleia Legislativa e com o Judiciário. Eleito para o Senado, foi acusado de comprar dois votos por 26 reais cada um, a serem pagos em duas prestações de 13 reais. Qualquer juiz sério deveria ter desconfiado da farsa, mais tarde atribuída a Gilvam Borges, do PMDB, aliado de Sarney e empossado na vaga de Capiberibe.

Quem mexe com José Sarney acaba com os dedos queimados. Candidato à presidência do Senado, Tião Viana resolveu chamuscar o rei do Maranhão com um dossiê vazado à imprensa, segundo alega o próprio Sarney. Acostumado a dar pito em político do Acre que se sujeita ao mandonismo dos Viana, o senador petista achou que poderia ombrear-se a um dos homens mais poderosos do Brasil. Perdeu a eleição e ganhou um inimigo eterno e muito, muito poderoso.
 
Com Sarney de regente do fandango, é quase certo que Aníbal dance.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Eles quebraram o Acre

Não há nada mais insustentável do que viver de empréstimos, não é mesmo? E se há algo que mortifica os petralhas, é assumir a falência após 12 anos de comando sem a possibilidade de botar a culpa nos adversários.

Matéria desta terça no jornal A Tribuna mostra que o governo estadual fala agora em cortar gastos para atenuar o descarrilamento do trem econômico. E revela que só não chegamos ao fundo do poço antes porque recorremos ao guichê das instituições financeiras. O ponto em questão é que qualquer projeto de fomento à economia, como a propalada industrialização, depende de investimentos, aos quais não teremos mais acesso pela saturação dos saques da última década.

Por enquanto a gente pode ir cortando o cafezinho.

Leia a íntegra do descalabro.

Foto do Blog do Altino.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Enviado por Sérgio Souto

Primeiro eu peço licença
Pra todo povo presente
Pra falar sobre um decreto
Que jogaram sobre a gente.

Pra mudar nossos costumes
Nossos hábitos primeiros
Nesse planeta encantado
Nesse grotão Brasileiro.

É preciso ter coragem
E também muita vontade
Pra fazer voltar o tempo
Que Deus nos deu de verdade.

Não pra agradar o poder
E atropelar sua gente
Em nome de uma tevê
Mas que coisa deprimente!

Mas que falta de carinho!
Com o povo que o elegeu
Seu Sebastião Viana Neves
Me diga o que aconteceu?

Não empurre com a barriga
Que o povo vem e lhe cobra
Qual é meu governador?
Não é do senhor essa obra?

Não bula com nossos brios
Com a nossa simplicidade
Temos total consciência
Da sua capacidade.

Então respeite a escolha
E a nossa sabedoria
Se perguntar não ofende
Onde anda a democracia?

Não vou mudar meu discurso
Sei muito bem onde eu piso
Sou povo e quero respeito
Pode até chover granizo
“Que eu perco a minha cabeça
Mas não perco o meu juízo”

Não subestime que eu grito
Não grite senão eu canto
Não rasgue minha poesia
Que eu faça mais outro tanto
A liberdade ainda espero
Chegará cheia de encanto.

Deixe alguma coisa boa
Na sua grande biografia
O tempo às vezes perdoa
Mas pode cobrar um dia.

Atrasar nosso relógio
Mexer na nossa harmonia
Quando amanhece de noite
Quando anoitece de dia.

Vai fundo no teu trabalho
Com as ovelhas da Bahia
Com as exportações de peixes
Com as enormes melancias.

Com as camisas da Natex
Com as plantações de cana
Com as toras de madeira
Que saem em caravana.

Cuidando bem dessa gente
Da saúde e educação
Dando mais pão e poesia
E menos prospecção.

É que o povo anda cansado
Meu nobre governador
E não quer por no jornal
O tamanho da sua dor.

Da sua desesperança
Do seu brio e pudor
Gente simples é assim mesmo
Sua bandeira é o amor.

Mas sabe bem o que quer
Conhece bem o seu mundo
Seus rios e varadouros
Seus grutiões mais profundos.

Agora sim me despeço
Mas antes faço um pedido
Espero que o senhor atenda
Esse poeta esquecido.

Palavra é documento
Sei que o senhor não ignora
Faz um carinho pra nós
Traz de volta a nossa hora!!!

O sol não pode viver perto da lua



"Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor".

sábado, 2 de abril de 2011

Neste blog mando eu

Sobre texto publicado aí abaixo, em que chamo Sérgio Petecão de pastel de vento, tem gente a dizer besteira por aí. Mas não adianta a turma do senador estrebuchar. Qualquer observador da política tem o direito de deplorar as contradições de quem posa de oposicionista no Acre e recebe ordens de Dilma sobre a qual partido deve se filiar.

Os revoltadinhos têm dito que as ponderações sobre o senador-camaleão seriam determinadas por quem assessoro politicamente. Esses quadrúpedes não têm a mínima noção das coisas, assim como estão muito equivocados em relação ao deputado federal Marcio Bittar. Marcio não é o tipo de político que reclama da censura imposta à imprensa enquanto se encarrega de pautar seus assessores.

Quanto a mim, está claro que possuo ideias e opiniões próprias, e não me obrigo a escrever conforme a concepção de quem me remunera.

No meu blog mando eu.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Sobre argumentos e balas de borracha

O subcomandante da Polícia Militar do Acre, coronel Paulo César, explicou ao jornal A Tribuna, edição desta sexta-feira, por que a imprensa foi impedida de cobrir a desocupação do conjunto habitacional Ilson Ribeiro 2. O militar martelou a cantilena de que os jornalistas, mantidos distantes do confronto, foram poupados do perigo. Adiante.

Segundo o coronel, os tiros com balas de borracha foram direcionados para o alto, apesar de os PMs terem sido recebidos a pedradas pelos invasores. E que os atendimentos médicos se restringiram a um senhor com arranhões no cotovelo, que teria caído na confusão, e a duas mulheres com problemas de glicemia em decorrência da falta de alimentação.

Ao comparar o despejo no Ilson Ribeiro com a ocupação dos morros no Rio de Janeiro, questão suscitada por um repórter, Paulo César disse que no primeiro caso os jornalistas receberam treinamento, e que no outro a medida cautelar de lhes preservar de possíveis riscos se deu justo pela ausência de preparo. Como muita arbitrariedade já foi cometida em nome de aparentes boas intenções, o argumento soa enganoso. Jornalistas precisam ter, por exemplo, muito cuidado ao noticiar fatos que possam atrapalhar o trabalho da polícia, como esta não deveria (trata-se de um preceito constitucional) impedir ou dificultar a atuação da imprensa.

Ao dizer que nenhum jornalista foi proibido de entrevistar os desalojados, Paulo César insinua uma transigência que não atenua o arbítrio anterior. E ao afirmar que entre os invasores havia um procurado pela Justiça, parece querer emprestar ao fato um perigo que não cabe no conjunto. Tudo em nome de um governo que ordenou a censura e agora parece ditar a linha de argumentação.

Pessoas se machucam a todo momento, em qualquer lugar. Muitas ruas e avenidas de uma Rio Branco cujo trânsito é tão violento podem ser infinitas vezes mais perigosas que um confronto entre invasores e a polícia. E no entanto não vemos 350 policiais militares ordenando o tráfego de veículos em nome da integridade física de pedestres e ciclistas.

Aceito o argumento de que a Polícia Militar cumpriu a sua obrigação. Da mesma forma, a imprensa deveria ter feito a parte dela.

Na versão do governo sobre a desocupação, só faltaram as flores

Como era previsto, a desocupação das casas do Ilson Ribeiro deu o que falar. Bem menos que as idiossincrasias do deputado Jair Bolsonaro, é verdade, prova de que pelo menos no Twitter repercute bem mais uma injúria a homossexual que um tiro com bala de borracha em criança sem-teto.

O pessoal do governo escreveu release em que só faltou dizer que a PM levou flores ao pessoal da invasão. E o Sindicato dos Jornalistas do Acre emitiu uma nota fajuta, segundo a qual a responsabilidade da censura imposta aos jornalistas é do comando da Polícia Militar.

Não custa lembrar que daqui a alguns meses, quando em data próxima ao dia da eleição eles forem entregar as casas do conjunto habitacional, a imprensa será bem vinda.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Em nome da "segurança" dos jornalistas, governo do PT insulta a Constituição

A justificativa de que a ação da polícia no Ilson Ribeiro 2 não poderia ser acompanhada pela imprensa em nome da segurança dos jornalistas se configurou em acinte à inteligência do mais estulto entre nós. E em nome da suposta integridade física dos profissionais de comunicação, o governo do Acre escoiceou a Constituição Federal, impedindo o direito à informação.

Quando me disseram que a secretária do Comunicação do Governo do Acre, Mariama Morena, havia usado essa desculpa para justificar a censura, lembrei que repórteres vão à guerra desde a batalha de Solferino, no norte da Itália, em 1859.

Ao argumento de que as câmeras poderiam accirrar os ânimos dos invasores se sobrepõe a evidência de que a presença da imprensa pode conter a violência policial. E no afã de ocultar da população os excessos naturais de eventos como o do Ilson Ribeiro, o governo esqueceu que a inexistência do registro validaria a versão dos invasores. E para piorar o quadro, às declarações de que a desocupação fora feita de forma pacífica se seguiram os relatos de agressão - inclusive a grávidas e crianças - e as imagens de pessoas feridas.

Há quem, cínica e descaradamente, ponha na conta da Justiça os excessos inevitáveis no Ilson Ribeiro. Mas não foram os juízes que mandaram impedir a imprensa de cumprir o seu papel. Os magistrados, ao que parece, seguem defendendo as leis.






Imagens feitas pelo fotógrafo Dhárcules Pinheiro.