quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ele é a luz da minha vida



João Gabriel faz cinco aninhos hoje (30/06). Ele é a minha luz. O que já consegui fazer de melhor nesta vida. Ele é meu equilíbrio, a réstia de sol que me ilumina os compartimentos mais obscuros. Por ele sigo em frente, não importam os dissabores, as ameaças, os desafios, a rotina, o tédio, o desamor, o abandono, a cobiça, a indiferença, o egoísmo à minha volta.

Às vezes João Gabriel é a única parte que presta em mim. Às vezes ele e eu somos um só: é quando volto a ser um pouco do menino de outrora, e a vida então parece boa e mansa, como eram bons e mansos os tempos da minha meninice.

Ainda me emociono ao lembrar da noite em que ele me agarrou com carinho as bochechas antes de dormir e disse, sonolento: "Você é o melhor de todos os pais".

Não, ele é que é o melhor de todos os filhos. João Gabriel é a única razão que me faz temer a morte e desejar que depois dela tenhamos uma vida eterna, em lugar melhor do que este.

terça-feira, 29 de junho de 2010

E a vida segue

Sem internet em casa, com pouco tempo para postar e nenhuma vontade de escrever.

A vida segue, porém.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O plural de cidadão II

O site da Prefeitura de Rio Branco mostra que a assessoria de imprensa de Raimundo Angelim não é muito afeita à gramática. O pessoal por lá não sabe qual é o plural de cidadão. Eles acham que é "cidadões". Devem ter aprendido com o vice-governador César Messias, outro que já delinquiu no uso do termo.

Pior que o erro em si, é que ele fez parte do discurso lido pelo prefeito Angelim durante o II Fórum Municipal de Educação, cuja abertura se deu na última quarta-feira no Teatro Plácido de Castro.

O escriba oficial explicou assim a importância desse evento: "Durante dois dias de encontro serão realizados debates à (sic) respeito das mudanças para a escola no século XXI, no que diz respeito à leitura e a escrita, além de, (sic) incentivar a iniciação das crianças no universo da leitura".

Não seria melhor iniciar no 'universo da leitura' o próprio redator da assessoria de imprensa de Angelim?

Bicho Binho, candidato a gente fina

Título da matéria do G1 desta quinta-feira:

Governador do Acre rejeita reeleição e diz que é ‘candidato a ser gente’

Íntegra aqui.

Tenho duas considerações a fazer sobre a matéria. A primeira é que o céu cairia sobre a cabeça do editor acreano que ousasse dar esse título ao mesmo texto. O Aníbal Diniz deve ter odiado a coisa toda - e o ódio aumenta na proporção em que eles se sentem impotentes para interferir na notícia, como é hábito nas terras de Luiz Galvez e Jorge Viana.

A segunda consideração é que Binho volta a ser 'gente', mas 'gente fina', assim que deixar o cargo. É que a partir do ano que vem o honorável petralha passa a receber aposentadoria de R$ 23 mil por mês, paga pela patuleia acreana.

Eles são tudo gente boa, não é mesmo?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Santinhos do pau oco

Do blog do Reinaldo Azevedo sobre a senadora Marina Silva e seus amiguinhos do Acre:

Marina tem feito as suas críticas como se fosse uma novata no poder e estivesse descolada do processo político. Vênia máxima, mas não vou cair nessa conversa. Isso é para seus puxa-sacos “isentistas”. Não sou um deles. Se ninguém diz, digo eu: seu grupo, liderado pelos irmãos Viana (Jorge e Tião, do PT), está no poder no Acre há 12 anos. Muita coisa, não duvido, deve ter melhorado por lá — melhorias que aconteceram também em outros estados. Mas há problemas. Depois de sucessivos governos tucanos em São Paulo e de sucessivos governos petistas (e marinistas) no Acre, aquele estado ainda tem um índice de homicídios por 100 mil 26% maior do que o deste estado — dados do Mapa da Violência de 2007. Verdade ou mentira? Cumpre ser um pouco mais cuidadosa em certas coisas.

Íntegra aqui.

É cada uma

Matéria da Folha Online desta terça-feira:

PT diz que processará Serra por danos morais


E que moral tem esse partido para processar alguém?

Leia a íntegra da matéria aqui.

sábado, 19 de junho de 2010

Tagarelice incômoda

Comigo aconteceu duas vezes: horário de almoço, suspensão da sessão da Assembleia Legislativa, dirijo-me à Biblioteca Pública do Acre para ocupar a mente com boa leitura. Entro, pego um café na máquina, escolho o livro e procuro uma poltrona confortável, entre as estantes, longe dos demais. Tenho 40 minutos até a hora de levar o pequeno João Gabriel à escola. E como um interruptor de luz, o livro me desliga do mundo e me liberta das preocupações comezinhas.

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem


Mas eis que o cantar dos galos na madrugada de João Cabral de Melo Neto é interrompido pela conversa de duas funcionárias da Biblioteca. Elas também se refugiaram entre as estantes, talvez para escapar à vigilância dos chefes. A conversa, sobre a misteriosa enfermidade de uma delas, me traz de volta à superfície. Suspendo a leitura, aborrecido, enquanto a lengalenga sobre exames, clínicas, remédios e mal estar, ainda que aos murmúrios, me enche os ouvidos.

Como disse no início, é a segunda vez que o palrar desmedido e inoportuno de funcionárias da Biblioteca Pública me impede de ler neste ambiente em que não deveria haver exceção à regra do mutismo absoluto.

Lembro-me então de Michel de Montaigne: “O mundo é apenas tagarelice e nunca vi homem que não dissesse antes mais do que menos do que devia”.

E não pode haver nada pior que uma biblioteca abarrotada de livros silenciosos e funcionários que falam pelos cotovelos.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quando a ruína pessoal carece de uma boa desculpa

Disse outro dia na coluna Prisma, que subscrevo no site agazeta.net, que Ilderlei Cordeiro (PPS) estava na iminência de desistir de uma candidatura à reeleição por conta do desgaste que sofreu na região do Juruá. Este, porém, não é a único motivo para a previsão que se confirma. Ilderlei é bom de matemática, e sabe que na aritmética da oposição a tendência é que seus votos só diminuam. Tendo como concorrentes Marcio Bittar e Flaviano Melo, ele está certo de que não lhe sobrará cadeira de deputado federal.

Mas vamos a mais uma razão da desistência anunciada ontem em coletiva à imprensa de Cruzeiro de Sul (aqui). Tendo acompanhado grande parte de sua campanha à Câmara Federal, em 2006, pude constatar o empenho de algumas pessoas que foram preteridas tão logo Ilderlei assumiu o cargo. O lobo em pele de Cordeiro só teve faro para a sua alcateia. A família do rapaz virou prioridade, os cabos-eleitorais ficaram na mão e fortes aliados e conselheiros acabaram execrados. (Outros parlamentares acreanos, preocupados apenas com o bom bocado dos seus, deveriam se espelhar em Ilderlei. A lição, porém, às vezes vem tarde demais. Adiante.)

Acordos de campanha firmados por Ilderlei viraram fumaça. E os sinais que subiram aos céus, sob os protestos dos relegados, anteciparam a tragédia política do Calabar juruaense. Na eleição em que se propôs candidato a prefeito de Cruzeiro do Sul, o deputado amargou o quarto lugar na lista de quatro concorrentes - e se houvesse mais um no páreo talvez tivesse ficado em quinto.

Em política, os reveses não tardam quando a eles fazem jus os proponentes. E se o Judiciário por vezes é lento e cego, a justiça do eleitor é célere e vigilante, chegando a ser clarividente. Votei em Ilderlei por questões partidárias, e no primeiro ano de mandato já havia me arrependido.

O arrependimento é maior agora que ele, em entrevista aos jornais, afirma ter desistido da reeleição pela "bagunça" que reina na oposição. Pelo jeito não faltam apenas votos ao rapaz - falta-lhe vergonha na cara, ainda que esteja certo na avaliação que faz do modus operandi dos opositores do governo da floresta. Não, Ilderlei Cordeiro não é nenhum tolo, apenas usa a tolice como disfarce à própria malícia.

Ao admitir que não concorre à Câmara Federal novamente, e o faz sob a desculpa de que a oposição é uma joça e a Frente Popular, uma beleza, ele me dá a chance de perguntar por que, então, não mudou de lado a tempo de encarar as urnas outra vez, agora sob as auspiciosas bênçãos dos cardeais petistas.

Trata-se de uma questão simples e óbvia. Ilderlei sabe a resposta. E muitos de nós, seus ex-eleitores, também.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Descendo a ladeira

As fotos deste post me foram enviadas pelo vereador Valdor do Ó, de Tarauacá. Elas mostram como o governo dos petralhas malbarata nosso minguado dinheirinho em obras mal feitas e até superfaturadas.

A rampa, por motivos óbvios, jamais será mostrada naquelas peças publicitárias que enchem nossa paciência e os bolsos dos donos das emissoras de televisão.





segunda-feira, 14 de junho de 2010

Midas do Iaco

Nesse domingo, em brevíssima passagem por Sena Madureira, ganhei de presente o livro “Do Sertão Cearense às Barrancas do Acre”, cujo autor é Mário Diogo de Melo. Trata-se da história do desbravador João Gabriel de Carvalho e Melo, o primeiro a montar um seringal economicamente estável na região acreana. Romanceei a trajetória desse cearense de Uruburetama em meu livro "Amazônia dos Brabos", publicado em 2007 pela gráfica do Senado Federal.

Os cinco mil exemplares da única edição do livro foram distribuídos gratuitamente pelo gabinete do senador Geraldo Mesquita Júnior. Não deu pra quem quis. E a mim couberam 25 ou 30 míseras unidades, insuficientes para atender aos pedidos que ainda hoje me fazem alguns.

Mas não é do meu romance ou da obra de Mario Diogo de Melo que quero falar. O alvo desta postagem é o João Nunes, o Duduca, de quem ganhei o presente no domingo.

Duduca deve ser o mais bem sucedido empresário de Sena Madureira. É uma espécie de Midas do Iaco: tudo em que põe as mãos vira ouro. Homem de negócios, empresário de visão, é também um apreciador das letras. Culto e eloquente, não esconde seu amor pelas coisas do Acre. Leitor dedicado, esbanja conhecimento sobre a história da região. E generoso como é, não se furta em dividir seus livros com quem suspeita compartilhar da mesma paixão pela palavra impressa.

Ao longo da vida conheci empresários e comerciantes cujos interesses se limitavam a ganhar dinheiro. E tamanha obsessão pelo lucro foi fazendo dessas pessoas meras escravas do que nunca poderão ter - tamanha a ambição que carregam dentro do bolso.

O João Nunes, porém, é a prova de que homens de negócios podem ser verdadeiros aficionados pela arte. No caso dele, da arte de contar boas e relevantes histórias.

Duduca me fez um baita elogio: disse que tenho o texto mais elegante do Acre. Quase me ajoelhei e pedi que ele me tocasse o cocuruto. Assim poderia sair de Sena Madureira com as idéias de ouro que preciso para o próximo livro.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A confirmação da farsa, seis anos depois

O ex-deputado Marcio Bittar me ligou na tarde desta sexta-feira para contar que participou, ontem, do ato público promovido pelo governador de Mato Grosso do Sul, André Pucinelli (PMDB), em favor da candidatura Serra. O presidenciável tucano, mesmo atacado de forte sinusite, foi ao Estado receber a homenagem e gozar da aliança de um dissidente peemedebista. Bittar, que está em Campo Grande, esteve no aeroporto para recepcionar Serra e sua comitiva a convite da senadora e amiga Marisa Serrano (PSDB-MS).

Entre os integrantes da comitiva serrista estava ninguém menos que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), responsável pela primeira grande onda de denúncias contra o governo petista. Jefferson, para quem não se lembra, foi o responsável em detonar o esquema do "mensalão", assim designado o pagamento, pelo governo Lula, a deputados em troca de apoio na Câmara Federal.

Bittar e Jefferson conversaram durante o ato público. O primeiro lembrou ao segundo as eleições de 2004, quando enfrentou nas urnas o petista Raimundo Angelim. No páreo esteve ainda o ex-deputado José Bestene, que acabou conhecido pelo bordão "bananas do mesmo cacho, farinhas do mesmo saco". A frase foi dita em um debate na TV, e era dirigida aos candidatos do PPS e PT.

Marcio Bittar queria saber do próprio Jefferson os detalhes de uma história revelada por ele no programa do Jô, da Globo, logo depois das denúncias do mensalão e reproduzida, se não me engano, no livro "Por Dentro do Governo Lula", da jornalista Lucia Hippolito. Na entrevista, Jefferson contou que o PTB fora instado, por Jorge Viana e José Dirceu, então ministro da Casa Civil, a apoiar a candidatura laranja de José Bestene, para tirar votos de Bittar, como de fato aconteceu.

Roberto Jefferson confirmou a história, o que demonstra que Bestene, sim, era a banana do mesmo cacho petista. "Quer dizer que foi a você, Marcio, que nós prejudicamos nessa história?", indagou o petebista, brincalhão.

Depois das eleições de 2004, Bestene virou parceiro comercial da prefeitura de Rio Branco e do governo estadual. Os negócios dele vão de vento em popa, mas ele não se dá por satisfeito. Quer voltar ao poder, e por isso será candidato a deputado estadual nas eleições de outubro. Que Deus, então, nos proteja.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Explicação ligeira

O excesso de atividades profissionais me tem privado de dedicar ao blog e seus fiéis leitores o tempo e a atenção que gostaria. Espero em breve retornar ao ritmo de outrora. E agradeço, claro, aos que continuam a me visitar aqui.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pescaria digital



Pesquei essa pérola no blog do Cleomilton Filho (link aí ao lado). Ela é do tempo em que eu acreditava no PT. A versão de Tiê para Se Enamora é formidável. Já a dos petralhas pra suas maracutaias...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os excluídos da florestania









Aliás, os únicos "incluídos" são os que têm DAS no governo.

As imagens foram feitas pelo fotógrafo Dhárcules Pinheiro.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Gullar manda bala

Marco Rodrigo Almeida, da Folha de S. Paulo

Prestes a completar 80 anos e a lançar um livro inédito, o poeta Ferreira Gullar, ganhador do Prêmio Camões, diz em entrevista à Folha que marxismo tem visão política generosa, mas equivocada.

"Não me sinto com 80 anos. O calendário é que fala isso. Mas não tenho essa idade", diz, sério, o poeta Ferreira Gullar quando o assunto é seu próximo aniversário, em 10 de setembro.

A tranquilidade associada à velhice, realmente, não se aplica a ele, como sabem os leitores de sua coluna na Ilustrada.

Gullar, que lança em setembro um livro inédito de poesia, "Em Alguma Parte Alguma", preserva intacto há mais de 50 anos o espírito crítico que faz dele um dos principais, e mais controversos, pensadores do país.

No domingo, um dia antes de ganhar o Prêmio Camões, o principal da língua portuguesa, ele participou do Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier.
Logo após o debate, recebeu a Folha. Nesta primeira parte da entrevista, fala sobre governo Lula, o comunismo e as eleições presidenciais.

Folha - Por sua história política, muita gente estranha o senhor ser um dos principais críticos do Lula.

Ferreira Gullar - Não é que seja um crítico ferrenho, tento ser objetivo. Eu me preocupo com o futuro do meu país. O Lula é um farsante, não merece confiança. Não entendemos o que ele faz. Como abraçar o Ahmadinejad [presidente do Irã], de um regime que é uma ditadura teocrática, que realizou uma eleição fraudada. O povo protestou contra o resultado e o Lula disse que aquilo é choro de perdedor.

O senhor já declarou admirar o presidente Barack Obama. O que achou quando ele disse que Lula é o "cara"?

Isso foi uma brincadeira. O fato de o Lula ser um operário que chegou aonde chegou desperta a simpatia das pessoas. Mas não quis dizer que o Lula é "o cara" do mundo. Outra grande bobagem é o Marco Aurélio Garcia [assessor da Presidência] querer impedir a exibição de filme americano na TV a cabo. Alguém tem que falar para ele que já estamos em 2010. É muito atraso.

O senhor ainda se considera de esquerda?


Essa coisa de direita e esquerda é bastante discutível. Quem é de esquerda hoje? O Lula é de esquerda? Não me faça rir. Eu nunca tive medo de pensar por mim mesmo. Não fico preso a uma verdade indiscutível.

Arrepende-se de ter sido filiado ao Partido Comunista na década de 1960?


O marxismo foi uma atitude correta e digna diante do capitalismo selvagem do século 19. Surgiu como uma alternativa contra aquela coisa inaceitável. Mas a projeção da sociedade futura, com a ditadura do proletariado, é um sonho equivocado. O marxismo tem uma visão política generosa, mas equivocada.

O senhor, então, também se equivocou?

Eu também cometi muitos erros na época [anos 60]. A fúria fundamentalista só conduz ao erro. Queria me sacrificar pelos interesses do país, mas não basta ter razão para estar certo.

E quanto às eleições, quais são suas expectativas?

A Marina Silva é uma excelente pessoa. É preciso alguém com a pureza dela num país onde a corrupção impera. Mas a chance de ela ganhar é pouca. Eu espero que a Dilma não ganhe. Se ganhar, nós corremos o risco de ter 20 anos de PT no governo, o que seria um desastre nacional.

Vai então votar no Serra?

Vou. Pelo que sei, ele fez um ótimo governo em São Paulo. Foi excelente ministro da Saúde. Se não votar nele, vou votar em quem?

terça-feira, 1 de junho de 2010

O blog lança a campanha: PLANTE MAIS ÁRVORES, JORGE!



Diante da louvável atitude do ex-governador Jorge Viana (foto) de plantar uma árvore durante a abertura da Semana do Meio Ambiente, em Xapuri, contrariando a tendência de só discursar sobre o assunto desenvolvimento sustentável, este blog lança a campanha "PLANTE MAIS ÁRVORES, JORGE!".

A iniciativa seria uma singela compensação ao fato de em oito anos de governo dele, mais quatro do companheiro Binho, não ter havido um único programa de arborização da capital e das cidades do interior.

A campanha também poderia se chamar: "A EXEMPLO DOS PETRALHAS, TODOS NÓS QUEREMOS SOMBRA E ÁGUA FRESCA".

O "Zé Ninguém" e as galinhas

Por Dulcinéia Azevedo, do jornal A Gazeta.

Custei a acreditar quando vi estampada em vários jornais e sites da Capital a fotografia de um dependente químico declarado, sentando na ante-sala da Delegacia de Flagrantes da Polícia Civil, agarrado a três galinhas.

Pena que aqueles que por ação ou omissão facilitaram a exposição desnecessária do suspeito de furto também não apareçam no registro, como é comum nas operações de grande repercussão, onde posar ao lado de um suspeito deixa de ser constrangedor e ganha status de bravura.

Posso até imaginar os risos que a cena provocou naqueles e naquelas desprovidos de qualquer senso de humanidade, ainda mais se tratando de um “Zé Ninguém”, usuário de crack, que no auge da sua “lombra” declarou amor pelas aves.

Muito embora, nada do que ele tenha declarado deva ser levado em conta, haja vista a sua capacidade de discernimento esteja reduzida em virtude do uso de entorpecente, algo que por si só já lhe garante um olhar diferenciado em virtude do delito que cometeu.

“Zé Ninguém” deveria – antes de tudo – ter passado por uma avaliação médica. E as galinhas objetos do furto deveriam ter sido guardadas em lugar apropriado, como é feito com as provas de um crime. Mero espetáculo deixarem aquele agarrado a estas, ainda mais quando é dever do Estado zelar pela integridade física e moral daqueles que estejam sob sua custódia.

Até porque não se tem conhecimento de que o homicida deva ser levado à delegacia agarrado ao cadáver da vítima; o traficante ao entorpecente; o ladrão ao objeto do roubo; e assim sucessivamente.

Exposição igual por parte da polícia, entretanto, não ocorre com os assassinos confessos. Os repórteres responsáveis pela cobertura policial que o digam quão grande é o grau de dificuldade para obter informações acerca de alguns casos. Imagine um registro.

“Zé Ninguém” rouba galinha e está liberado para a execração pública. “Zé Tudo” mata com requinte de crueldade e tem assegurado o seu direito de imagem, seja na delegacia ou no tribunal.

A cúpula da Segurança Pública no Acre tem se preocupado muito em reprimir o trabalho da imprensa e esquecido de olhar para dentro da própria casa, onde casos como o do “Zé Ninguém” são revelados graças à persistência de aguerridos profissionais.

Dulcinéia Azevedo é jornalista.