Quando os argumentos de um adversário casam com nossas pretensões, torna-se de bom alvitre alardeá-los, não é mesmo? E o motivo é simples: se um aliado político defende idéias semelhantes às minhas, é porque é aliado. Mas se minhas idéias encontram eco na argumentação de um adversário, é porque estaríamos diante de uma - digamos assim - verdade absoluta.
O engenheiro Valterlúcio Campelo, em seu blog, sustenta que a escolha dos candidatos a senador, por se tratar de cargo majoritário, "tem uma colagem com a candidatura ao Governo muito maior que a de deputados federais e estaduais. De modo estrito, o Senador representa o Estado e não o povo, portanto suas respostas estão necessariamente vinculadas a uma agenda de governo, consequentemente, ao projeto de governo ao qual se alia".
E prossegue:
"É bastante razoável afirmar que uma provável unidade das oposições na chapa majoritária não significa, como se poderia pensar ligeiramente, a garantia de eleição de um senador, pelo menos. O fato de existirem duas vagas não determina uma vitória da oposição".
A segunda parte do raciocínio é mais precisa que a primeira. Mas o deputado Moisés Diniz, eleitor de Jorge Viana e Edvaldo Magalhães, aplaude, claro, o discurso do "adversário" Valterlúcio, porque gostaria de enfiar duas violas no mesmo saco.
E quando digo que a primeira parte do raciciocínio não é tão precisa, é porque em São Paulo, por exemplo, cujo governo há duas décadas vem sendo ocupado pelo PSDB, há nada menos que dois senadores petistas (Aloísio Mercadante e Eduardo Suplicy). O terceiro senador é Romeu Tuma, do PTB, outro aliado dos petralhas. Ora, considerando a "colagem" apregoada por Valterlúcio entre candidatos ao Senado e a plataforma de governo tucana, parece que os eleitores paulistas andam desrespeitando a lógica.
Ou será que eles, ao contrário do deputado Moisés Diniz, não estão nem aí pra teoria na hora de escolher seus senadores?
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