sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Geometria (ou aritmética) do amor

Se a vida fosse como a geometria, bastaria que traçássemos uma linha reta e nela seguíssemos sem tropeços. Eu, por exemplo, me encerraria em meu quadrado para ver o tempo passar - sem angústias ou desejos, sobressaltos ou rancores, apenas a doce disposição de não fazer parte do drama exasperante do cotidiano. E criaria uma paráfrase de Spinoza, que em sua Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras teve a bondade de nos provar, sob a mais sólida argumentação filosófica, que Deus de fato existe.

Eu, por exemplo, provaria a existência do amor, argumentando nos termos de Spinoza: duas retas paralelas acabam por se encontrar no infinito. O problema é que esse encontro para mim deixou de ser uma possibilidade. Restou-me apenas a constatação de que nem a aritmética explica a minha desdita: 1 + 1 já não são dois.

O pior da vida é quando nem mesmo a teoria nos consola do que nos foi tirado pela crueza da realidade.

Um comentário:

  1. Archibaldo,Personalíssimo e Profundo!!!
    Sem Palavras...Apenas a Humana Solidariedade!

    Luz e Grande Abtaço,Joana D'Arc

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