quinta-feira, 31 de março de 2011

Sobre argumentos e balas de borracha

O subcomandante da Polícia Militar do Acre, coronel Paulo César, explicou ao jornal A Tribuna, edição desta sexta-feira, por que a imprensa foi impedida de cobrir a desocupação do conjunto habitacional Ilson Ribeiro 2. O militar martelou a cantilena de que os jornalistas, mantidos distantes do confronto, foram poupados do perigo. Adiante.

Segundo o coronel, os tiros com balas de borracha foram direcionados para o alto, apesar de os PMs terem sido recebidos a pedradas pelos invasores. E que os atendimentos médicos se restringiram a um senhor com arranhões no cotovelo, que teria caído na confusão, e a duas mulheres com problemas de glicemia em decorrência da falta de alimentação.

Ao comparar o despejo no Ilson Ribeiro com a ocupação dos morros no Rio de Janeiro, questão suscitada por um repórter, Paulo César disse que no primeiro caso os jornalistas receberam treinamento, e que no outro a medida cautelar de lhes preservar de possíveis riscos se deu justo pela ausência de preparo. Como muita arbitrariedade já foi cometida em nome de aparentes boas intenções, o argumento soa enganoso. Jornalistas precisam ter, por exemplo, muito cuidado ao noticiar fatos que possam atrapalhar o trabalho da polícia, como esta não deveria (trata-se de um preceito constitucional) impedir ou dificultar a atuação da imprensa.

Ao dizer que nenhum jornalista foi proibido de entrevistar os desalojados, Paulo César insinua uma transigência que não atenua o arbítrio anterior. E ao afirmar que entre os invasores havia um procurado pela Justiça, parece querer emprestar ao fato um perigo que não cabe no conjunto. Tudo em nome de um governo que ordenou a censura e agora parece ditar a linha de argumentação.

Pessoas se machucam a todo momento, em qualquer lugar. Muitas ruas e avenidas de uma Rio Branco cujo trânsito é tão violento podem ser infinitas vezes mais perigosas que um confronto entre invasores e a polícia. E no entanto não vemos 350 policiais militares ordenando o tráfego de veículos em nome da integridade física de pedestres e ciclistas.

Aceito o argumento de que a Polícia Militar cumpriu a sua obrigação. Da mesma forma, a imprensa deveria ter feito a parte dela.

4 comentários:

  1. Archibaldo, também acho que o Bolsonaro comete excessos ridículos na maioria das vezes, mas ele tem o pleno direito de dizer que não gostaria de ter um filho homossexual, e que não acha normal o homossexualismo. Como você bem colocou, o direito individual de livre pensamento e expressão.

    O que me irrita nessa turma do "oba-oba", sedizente minoria, é a tentativa infantil de conseguir mais e mais adeptos "militantes" à causa. Demonizam quem não concorda.

    É mais ou menos como os evangélicos extremistas: condenam os do "mundo" (entenda-se qualquer outra religião) ao fogo eterno e ranger de dentes.

    Desconfio sempre de quem pretende unanimidade. Os gays condenam automaticamente quem não compartilha com seu estilo de vida: são os reacionários, inflexíveis, imaturos, retrógrados, ignorantes, enfim...

    Voltando ao Bolsonaro, ele me lembra um personagem do filme Beleza Americana... Rsrs.

    Abração.

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  2. O SOB PC QUER DEFENDER O GOVERNO, MAS SO FICA PIOR ELE JA DEFENDEU OS JORNALISTAS,E AGORA JA ESTA FALANDO MAU DOS JORNALISTAS CHAMANDOS DE DESPREPARADOS.

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  3. ESTE CORONEL É DOIDO PRA SER COMANDANTE, JA TENTOU NO GOVERNO BINHO. ELE É BASTANTE VIOLENTO É QUER MOSTRAR QUE É FIEL AO PT

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  4. Archi, sugiro outro título pra postagem: "sem argumentos, balas de borracha"!

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