quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dilma vira Dilma

Por Valdo Cruz, da Folha Online

Eis que surge, no segundo turno, a Dilma Rousseff mais autêntica. A Dilma que partiu para o ataque direto contra o tucano José Serra, no debate da Band, é mais ela mesma. A outra Dilma, contida, dosando as palavras, treinada à exaustão pelo marketing, era uma versão desacelerada da ex-ministra da Casa Civil, quase um arremedo dela.

A petista não tinha outra saída. Precisava sair da defensiva em que se encontrava. Foi para uma zona de risco, calculada, mas com perigos à frente. Se vencer, poderá dizer que ganhou sendo ela mesma. Se perder, ficará com boa parte da responsabilidade pela derrota.

O fato é que a Dilma produto do marketing cumpriu seu papel. Dentro do roteiro traçado pelo marqueteiro João Santana, a petista deixou de ser uma desconhecida, saiu de quase traço nas pesquisas e terminou o primeiro turno com 47% dos votos. Só que faltou gás no final. Parte do eleitorado, necessária para a vitória, ficou desconfiada. Mudou de lado na reta final. Reconquistar esse grupo, na avaliação da candidata, demanda mais exposição, mais autenticidade, mais dela mesma para gerar confiança.

Entramos, então, no cenário ideal imaginado pelos tucanos desde o início da disputa. Os aliados de José Serra sempre contaram que o estilo de Dilma a derrotaria, deixando exposto seu lado agressivo, assustando o eleitorado. Durante o primeiro turno, isso não aconteceu. Prevaleceu a "Dilminha paz e amor", bem treinada pelo marketing, sem escorregões nos debates. Agora, ninguém sabe exatamente os efeitos da mudança de tática do lado petista.

Daí ser grande a expectativa entre tucanos e petistas a respeito do resultado das próximas pesquisas de intenção de voto. Todos institutos têm programados levantamentos para essa semana. A conferir.

Um comentário:

  1. Meu caro Archibaldo,

    Segue abaixo uma boa análise do post,a razão da Dilma virar Dilma.


    A tática do tudo ou nada


    Paulo Renato de Souza

    “Ao mudar abruptamente de tática, Dilma se meteu em uma operação de alto risco, onde pode perder mais do que ganhar. Em certo sentido, deu munição para quem a acusa de ter duas caras e de ter uma personalidade que sofre mutação conforme as circunstâncias. Hoje existe uma dúvida pertinente entre milhões e milhões de brasileiros: afinal de contas, qual é a Dilma verdadeira? É a do produto artificial criado por Lula e seu marqueteiro, ou a candidata que destilou ódio na TV Bandeirantes?”

    Abraços democreáticos.
    Célia.

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