A esposa do senador Tião Viana (PT), a arquiteta Marluce Cândida, é a responsável pelo projeto arquitetônico da nova sede da OAB-AC, como a imprensa fartamente divulgou no fim de semana e muitos já sabiam antes mesmo de sua inauguração.
Não duvido da capacidade profissional de dona Marluce, assim como estou certo da competência do médico Tião Viana. Imagino, pois, que ela tenha dado o melhor de si no trabalho que prestou à OAB.
E como o órgão não submeteu a obra de mais de R$ 5 milhões a uma licitação (até porque a lei a dispensa dessa obrigação, segundo o que foi dito alhures), posso supor, sem medo de errar, que a contratação de dona Marluce tenha seguido parâmetro semelhante.
Não obstante isso, me ocorre que a escolha, pautada unicamente na qualificação profissional da arquiteta, tenha apenas coincidido com o fato de que as instalações que projetou estejam assentadas sobre um terreno doado pelo governo do Acre à OAB.
Também pode ser apenas coincidência que a inauguração da nova sede se tenha dado no mesmo dia do aniversário de Dona Marluce, segundo propalou o faceiro colunista social Moisés Alencastro.
Como pode não passar de outra reles coincidência a contratação de Dona Marluce no momento em que o marido projeta-se como o favorito na corrida sucessória ao governo estadual.
Coincidências acontecem, e Florindo Poersch, o advogado reconduzido à presidência da OAB-AC em parte graças à construção da nova sede, sabe disso. Ele pode nem ter atinado para essas questões menores na hora de ordenar a contratação da profissional. Ou sequer se envolveu em assunto tão pueril.
Pois há questões maiores a lhe reclamarem a atenção e o empenho. E uma delas é que o órgão sob o seu comando cumpra com a obrigação cidadã de recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra as aposentadorias dos ex-governadores do Estado. Pois mais do que eu, o Sr. Florindo Poersch sabe que a pensão é inconstitucional. Mais do que eu, o Sr. Florindo imagina o quanto esse dinheiro faz falta ao povo acreano. E talvez tanto quanto eu, o Sr. Florindo seja capaz de se indignar ante o pagamento descabido de régias aposentadorias em um Estado de tantas e tamanhas carências.
É claro que não passa de outra vulgar coincidência que um dos beneficiários dessa excrescência venha a ser o cunhado mais famoso de dona Marluce.
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