Após dois dias sem comunicação com o mundo, navegando pelos rios do Juruá, estou de volta à cidade de Marechal Thaumaturgo. A única lan house do município me põe diante dos olhos o tema da semana: a morte da jovem Edna Maria Ambrósio, de 22 anos, durante uma blitz policial.
O caso, me parece, é mais um a confirmar a situação de descontrole na Segurança Pública do Acre. O agravamento da criminalidade acarreta pressão sobre a polícia, que é instada a dar respostas à sociedade. E parece óbvio que no calor dos acontecimentos alguns policiais despreparados (ou emocionalmente instáveis) sejam levados a cometer exageros que custem a vida de um inocente.
De tudo que li a respeito do crime, o artigo da historiadora Fátima Almeida, publicado no blog do Altino, foi o que mais me chamou a atenção. Ela defende que os autores de assassinatos como o de Edna Maria sejam mostrados na imprensa para que sejam vítimas da execração pública. Isso, e não o maior compromisso do Estado com a preparação tática dos policiais e o acompanhamento do seu estado psicológico, seria suficiente para inibir casos semelhantes no futuro, acredita.
Para Fátima, o temor dos policiais às represálias “deve ser um princípio ou uma condição para que não atirem em civis desarmados”. E prossegue: “A execração pública é uma arma poderosa, capaz, por si mesma, de inibir esse tipo de atitude”.
Se a imprensa do Acre prestasse, o clamor público não se limitaria a alvejar os maus policiais, e acabaria também por ferir de morte alguns mitos políticos que se sustentam sobre a omissão dos jornais. Mas parece que alguns só se dão conta da importância do papel da imprensa quando não está em jogo o patrimônio político de algumas excelências. Ademais, não concordo que a execração pública deva ser o critério norteador da conduta policial. Esta deve responder às leis da corporação e se submeter ao Código Penal, quando for o caso.
Fátima Almeida diz ainda que “Se os (policiais) não são capazes de controlar os ímpetos e o desejo insano de atirar em alguém que façam o favor de procurarem (sic) outra profissão”. Não creio, porém, que a questão seja tão simplória. Quando um policial mostra despreparo para lidar com uma arma de fogo em situação de pressão, e comete um erro fatal, a responsabilidade deve ser atribuída, em primeira instância, ao Estado que o contratou. Não se trata, então, de uma decisão pessoal de mudar de profissão, como quer a autora do artigo.
Tanto é verdade que o Estado deve ser responsabilizado em casos como o de Edna Maria, que a cúpula da Segurança Pública precisou vir a público e desculpar-se pelo erro cometido pelos dois PMs.
E como se não bastasse a demonstração cabal do despreparo da dupla de policiais, que resultou na trágica morte da jovem, Fátima Almeida ainda aventou a possibilidade de um complô contra a secretária de Segurança Pública, Marcia Regina, “que está tentando fazer o melhor possível”.
Pior que esse delírio persecutório despropositado, só mesmo um policial armado e perigoso numa rua escura fazendo sinal pra que a gente pare.
Delírio persecutório
ResponderExcluirEntendi que o Estado é o responsável pelos atos de violência de seus comandados,até porque os representantes já assumiram a culpa. Só gostaria de entender melhor o delírio persecutório.Sou leitor de seu blog a pouco tempo, ainda estou me acostumando a sua linguagem.
Fátima Almeida? historiadora? Seu artigo me leva a fazer uma reflexão sobre a nossa segurança pública. Execrar os policiais que cometeram um erro fatal. Melhor não seria queima-los na fogueira? Ou manda-los para uma câmara de gás como fizeram os nazistas? Acho que desrespeitar os direitos constitucionais que eles têm (imágem, honra, vida privada e outros tantos) e humilha-los públicamente seria uma boa forma de castigo. Talvez fosse melhor atirar nas costas deles, como os mesmos fizeram com essa moça. Sabe Fátima, ainda bem que você é só historiadora. Eu não iria querer morar em um País administrado por uma pessoa que pensa como você, que deixa a razão para ser levada pela emoção. Sim, gostaria de saber qual é a escola que você trabalha, para que meus filhos não aprendam as a ver o mundo de forma distorcidas. Não estou defendendo a atuação de nenhum policial que agiu de forma inconsequente, mais ainda temos leis que devem ser respeitadas e que prescrevem como o caso deve ser tratado.
ResponderExcluirSinceramente,onde vamos parar? Talvez vc Archibaldo que é uma pessoa anos luz de inteligencia a minha frente possa me dizer o que falta acontecer nesse estado?
ResponderExcluirIara
Iara, obrigado pelo elogio, mas não exagere na minha cota de inteligência. Abraço.
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