quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mais fácil esconder que reagir

O Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma compilação das estatísticas de crimes registrados pela polícia civil dos 27 Estados da Federação. A última edição disponível no site do Ministério da Justiça é do ano passado e revela que o Acre não enviou os dados referentes a 2008. Constam no anuário apenas os relativos a 2007. Veja a aqui.

Além do Acre, apenas o Paraná não informou os crimes ocorridos dentro do seu território no biênio citado. Ocorre que aqui o aumento dos índices da criminalidade é um fato que não precisa ser constatado por dados estatísticos. E se o governo os esconde da população é porque eles, certamente, acrescentariam à impressão geral a certeza do descalabro reinante. Basta uma rápida consulta aos jornais e aos sites de notícia para vermos que os crimes não apenas se multiplicaram como os delinqüentes, agora armados, se tornaram mais perigosos.

O dado curioso do levantamento do Ministério da Justiça é que nos últimos anos cresceram os gastos per capita com a segurança pública no Acre. Em 2006, o governo da floresta gastava 221,55 reais por habitante, valor que saltou para 264,15 reais em 2007 e 335,80 em 2008. Trata-se do 4º maior valor entre todos os estados da federação, a sugerir que nosso problema não está no volume de repasses, mas na gestão desses recursos.

Antes de chegar ao poder o PT embalava seus arroubos oposicionistas no discurso de que a miséria social seria a causa da violência urbana. E agora que precisa administrar os problemas, o partido parece ter esquecido a simbiose que há entre pobreza e criminalidade. Na entrevista de Jorge Viana ao programa do Alan Rick, na terça-feira, o ex-governador exaltou as conquistas sociais de três governos da Frente Popular. Mas se vige ainda o raciocínio anterior, é de se concluir que os indicadores sociais só pioraram nos últimos anos, fator que alavancou a criminalidade na capital e no interior do Estado.

Sabe-se que os cálculos não são o forte da companheirada, com exceção de quando os números podem criar uma falsa impressão de que estamos no rumo certo. Quando é o contrário que acontece, a tabuada vai parar sob o tapete da incompetência e as secretarias de Estado esquecem no fundo das gavetas as contas que deveriam prestar à população que paga impostos.

O problema desse comportamento é que ele é o oposto do que recomendam as maiores autoridades no combate à criminalidade.

Após governar Nova York por duas legislaturas consecutivas, entre 1994 e 2002, Rudolph Giuliani ficou conhecido por reduzir pela metade os índices de violência e transformar a cidade em uma das mais seguras dos Estados Unidos.

Uma das lições de Giuliani é exatamente o oposto do que fazem os companheiros no Acre, como foi registrado na revista Veja (edição de número 2117, de 17 de junho de 2009). Segundo ele, “a primeira coisa a ser feita é a medição diária do crime por região [ele fala de uma cidade grande como São Paulo]. É preciso fazer isso com acuidade, exatidão e constância (...). A medida é simples, mas tem um impacto surpreendente na qualidade e na ação policial”, ensina Giuliani. A lição segue com outros exemplos, mas o essencial já está dito.

Os burocratas do petismo acreano, porém, continuam a acreditar que a melhor coisa a fazer é escamotear as estatísticas, como se a ignorância geral em relação a elas pudesse, por si só, refrear a bandidagem.

4 comentários:

  1. Por serem "conhecedores" da Lei a turma da florestania se dá ao luxo de não apresentar números reais quando se trata de segurança pública e saúde.
    "ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo"(art. 5º, LXIII, CF)

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  2. Parabéns, Archibaldo. Você estava fazendo falta no planeta Acre e, como a turma gosta dizer, com certeza vai se transformar, em "referência" para aqueles que buscam encontrar realidades, verdades, contraponto à farta e cara propaganda oficial.

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  3. Olá, parabens, tem um papel a cumprir no seio e para a sociedade.

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  4. Bem, Arch esconder os índices de violência de publicações fico quieto. Mas, faço uma pergunta: Alguém tem ouvido pela cidade a sirene de alguma rádio patrulha, bombeiro ou samu? A ordem é andar em silêncio, pra não alarmar a população de que está acontecendo alguma coisa... ligar sirene só em caso extremo... acredite se quiser.

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