quinta-feira, 20 de maio de 2010

O vendedor de sanduíche

Encontro no centro de Rio Branco, em frente à agência da Caixa Econômica Federal, o fotógrafo Antonio Alcântara. Está sem máquina fotográfica. No lugar desta, uma enorme caixa de isopor em que anuncia sanduiches a 2 reais e suco de frutas pela metade do preço. Alcântara não se constrange. Eu é que não consigo disfarçar o incômodo de vê-lo rendido à dureza do comércio informal.

Nada contra quem sai às ruas a anunciar sanduiches, balas, bombons de chocolate e quejandos. Muito pelo contrário. Se todo trabalho honesto é digno de respeito, mais ainda será aquele que o sujeito é obrigado a desempenhar por força da necessidade.

O que angustia em cenas como essa é constatar que o destino, às vezes, age de forma indecorosa com alguns. Alcântara, além de excelente fotógrafo, é instrutor de teatro. Com o movimento cultural acreano em estado de avançada morbidez e os outrora agitadores culturais transformados em funcionários públicos, não restou alternativa a quem sempre viveu da arte.

E ele então me diz:

- Não tenho trabalho há muito tempo. Com os teatros fechados, o movimento ferido de morte e esse governo a esculhambar a cultura, só me resta procurar um rumo. Tô economizando, me preparando também psicologicamente pra deixar o Acre. Isso aqui só vai piorar.

O fotógrafo é interrompido em seu desabafo por um cliente que lhe pede para ver o que há dentro do isopor. Deixo-o, então, a cuidar do seu minúsculo comércio de sanduiches.

Faz calor após uma manhã de friagem. Caminho agora com o coração pesaroso, a pensar nas armadilhas do destino e na crueldade da política. Quem diria que o governador Binho Marques, pretenso artista na juventude, se transformaria no carrasco do movimento cultural acreano?

Essas reflexões me trazem à memória uma peça do teatrólogo nazista Hanns Johst, na qual um dos seus personagens diz: "Quando ouço a palavra cultura, saco logo o meu revólver".

A frase, aliás, é perfeita para esses tempos de pouquíssima arte e muita violência.

6 comentários:

  1. Fazer o que? Neste governo petista, em qualquer nível, federal ou estadual, encontra-se "ignorantes e iletrados" fazendo papel de doutores e vice-versa!

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  2. Caro Archibaldo, esse governo Binho tem duas caras conheço a figura o qual eramos colega, não vale á pena perder tempo prossimo do cara, só ver o lado errado que é o deles PTista.São todos iguais, já leu essa que o aloprado do lula esta planejando, quando deixar o Governo, querser presidente do Banco mundial só pode ser brincadeira, não sabe nem se pronunciar,

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  3. Tudo bem que o blog é um espaço alternativo, explicita a diversidade de opinião e tece críticas ao governo, mas dizer que o Alcantara vende sanduba e suco por causa do poder público já é demais.
    outra observação: o anônimo é risível quando diz que o Lula não sabe se pronunciar e escreve: "conheço a figura a qual eramos colegas", "prossimo", "querser". KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK só faltou mesmo o comentário do "sábio" Acreucho para completar o dia. um abraço.

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  4. Anônimo ex-amigo do governador, quer dizer que o Lula não sabe falar nem se pronunciar? você sabe? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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  5. Minha solidariedade ao Alcântara. Cultura para os petralhas só se for eivada de ideologia déspota que caracteriza esse governo.

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  6. Nielsen O. M. Braga25 de maio de 2010 às 10:14

    Não se trata de 'demonização' do administrativo estadual coisa nenhuma. É a cultura que foi pro brejo e ponto. Se você é artista e acha que conhecia alguém que dizia apoiar a cultura tem todo direito de manifestar sua insatisfação, seja num blog ou em praça pública, muita gente num passado não muito distante foi torturada para termos direito a falar o que pensamos. Como ser pensante e afeito às artes, sinto como se ocorresse comigo, é indigno ver alguém das artes que não está tendo acesso ao seu próprio palco para brilhar.

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