segunda-feira, 10 de maio de 2010

Uma nota oficial e algumas considerações

O governo da floresta enviou às redações uma nota sobre a greve dos professores. A tentativa de jogar a opinião pública contra os grevistas está mais do que patente. O bom-mocismo dos petralhas é de fazer condoer os corações mais empedernidos, como o meu. Às mentiras de sempre juntou-se uma chorumela pública que destoa da soberba em particular, típica de quem se acostumou a ganhar as disputas no grito e depois aparecer mimoso nos jornais.

A nota do governo vai em vermelho. Comento em azul.

Nota Oficial

O Governo do Estado do Acre, coerente com os princípios que orientam uma gestão democrática, participativa e transparente, procurou negociar e contribuir com uma solução razoável para a greve que mantém parte das escolas estaduais sem aulas, prejudicando o ano letivo de muitos alunos.

Não pode haver democracia onde não há transparência e participação popular. O governo da floresta não informa, sequer aos parlamentares estaduais, os índices relacionados à administração pública e outros dados a ela pertinentes. A nota oficial já começa por fazer o que essa gente mais sabe: mentir descaradamente.

Infelizmente, todas as iniciativas e concessões do Governo em favor do entendimento têm tido seus propósitos desviados pelo Comando de Greve, que assim protela qualquer solução, estende a greve e arrisca criar na sociedade a sensação de um tensionamento entre os trabalhadores da Educação e o Governo, o que é rigorosamente inexistente.

Mais uma mentira: o governo começou por dizer que os prazos eleitorais não permitiam reajuste, mesmo que baseados em reposição inflacionária, como queriam os professores. Estes recorreram ao Tribunal Regional Eleitoral, que emitiu parecer favorável à reposição nas condições em que elas eram exigidas. O governo, desmascarado, insistiu na fraude até a exaustão. Depois passou a dizer-se sem condições de atender a reivindicação da categoria.

É importante ressaltar que as muitas conquistas da Educação nos últimos anos foram construídas no ambiente de trabalho, com total participação da comunidade escolar.

Foi esse esforço coletivo que produziu um avançado Plano de Carreira e Remuneração, um programa de valorização profissional que garante formação superior para todos os professores, a construção de uma rede escolar moderna e propícia ao ensino e ao aprendizado. Para resumir tantas conquistas, anote-se que o Acre não é um estado rico, mas paga aos seus professores o terceiro melhor salário do Brasil.

O estado pode não ser rico, mas tem recursos de sobra para malbaratar em pontes que desmoronam, com asfalto de polvilho e obras faraônicas, cuja utilidade não alcança os moradores mais pobres, cada vez mais segregados dos benefícios gerados para a classe média e média alta - pois os novos ricos do petismo badalam fora do Acre.

O Governo do Estado não pode permitir que os avanços na Educação sejam usados como justificativa para a defesa de concessões irresponsáveis, fora das reais possibilidades dos cofres públicos e, ainda mais, embaladas pelo clima de um ano eleitoral.

Se a briga dos professores e demais categorias não se der em ano eleitoral, nos demais é que nada vai acontecer, já que passado o pleito o governo da floresta costuma rasgar os contratos, esquecer as promessas e demitir os cabos eleitorais - não exatamente nessa ordem.

Não podemos esquecer que o Acre é um estado pobre e que tudo que temos construído é fruto de muito trabalho, de respeito às comunidades e de zelo com os recursos públicos.

Apesar de pobre, o estado paga pensão de governador a uma penca de iluminados. Apenas do PT são dois os beneficiários da excrescência: Jorge Viana e Binho Marques, que deve requerer a sua para fazer doutorado na França, conforme noticiou recentemente um jornal local. A Secretaria de Previdência estatal não informa os valores das pensões, como sempre, mas a mamata ressuscitada pelo esperto Jorge Viana custa algumas dezenas de milhões de reais aos pobres do Acre, anualmente.

Portanto, em respeito à vontade da comunidade escolar, traduzida pelo gesto de pais, alunos e da maioria dos trabalhadores da Educação, que mantém a maioria das escolas funcionando, o Governo do Estado resolve suspender toda e qualquer negociação até que a greve seja finalizada e as aulas retomadas em todas as escolas.

A suspensão das negociações se dá em respeito à comunidade escolar ou em decorrência do franciscanismo estatal? Essa gente parece não ter regra nem para escrever uma nota de algumas linhas...

Finalmente, o Governo do Estado apela ao bom senso dos operadores da greve, solicitando o retorno às aulas e a continuidade da construção das conquistas da Educação no trabalho dentro das escolas.

Rio Branco, 11 de maio de 2010

Manda o bom senso que o governo espere o troco nas urnas. Os professores são a maior categoria do estado, e encerrar as negociações é mirar o próprio pé. Logo agora que o slogan do pessoal da Frente Popular é “Pés no chão e mãos dadas para uma nova caminhada"?

A alguns pode enganar o tom melodramático do texto. A quem tiver, porém, o mínimo de discernimento ficará claro que o governo não cede aos professores por temer a avalanche de reivindicações que se desenha lá no alto. Mas serão movimentos naturais, digamos assim. É tempo de algumas coisas rolarem morro abaixo, se é que vocês me entendem.

10 comentários:

  1. E que sejam as cabeças dos petistas metidos a besta! Olha Archi esta greve tem dois lados. De um os professores fazendo reivindicações justas, de outro pessoas manipulando a categoria para tirar proveito pessoal e eleitoral. O governo, não está "nem aí" para essa greve por saber que "se ceder" a coisa vai ficar feia pra eles. Quanto a uma rebelião dentro das categorias que apoiam o PT acho, amigo, que podemos tirar o cavalinho da chuva, infelizmente, o povão acha que "ruim com eles, pior sem eles", na hora do voto eles "cagam pra trás" como diria meu pai e não se rebelam.

    ResponderExcluir
  2. Parece que o povo já sabe do significado de florestania e desenvolvimento sustentável = miséria, rateio do erário, silogismo infundado de premissas, onde os petralhas estão desgastados e o pior, a maior secretaria (educação) forma opinião, será que continuarão a desenvolver a florestania nas escolas? Veremos nas urnas, é só a oposição se organizar. Não vê o Dim Dim, até a helibras esteve em feijó, mas o juruá tem uma visão melhor dos petralhas do poder.

    ResponderExcluir
  3. Archibaldo,
    os representantes do governo estão tão dispostos a uma negociação que um deles chegou a dizer, em uma reunião na semana passada no Lourenço Filho, que os professores efetivos poderiam ficar até fevereiro de 2011 em greve qeu não tinha como o governo negociar. já os provisórios, esses teriam que retornar imediatamente sob pena de ter o salário e o próprio contrato de trabalho cortados.

    ResponderExcluir
  4. Infelizmente, não são todos que têm esse discernimento. Afinal, no Brasil, após a ditadura, quem entra no poder é "democrático" antes das eleições, mas depois...
    ...Para não esquecer, o Acre é quase todo PT...

    ResponderExcluir
  5. Que pessimismo é esse pessoal, quem disse que PT é Deus? Vamos fazer o que o pessoal do Juruá já fez: recolher cada um à insignificância deles!! Lula já tá indo de vez (e tarde), esse ano não é ano eleitoral é ano de esperança, isso sim. Os neo-coronéis não podem conter o poder que vem do povo, quando este povo anseia e realmente quer mudança, e não é clichê coisa nenhuma, é perfeitamente possível reverter os anos de lavagem-crebral (florestania, florestania, florestania... argh, já chega vomitei). A urna é uma arma de vingança realmente maravilhosa!!!

    ResponderExcluir
  6. Três deputados federais do Acre não compareceram na votação do projeto Ficha Limpa, realizado na madrugada da última quarta-feira, 05.
    O Ficha Limpa se aprovado e sancionado vai impedir que políticos condenados em crimes pela justiça possam se candidatar novamente.
    Os acreanos Flaviano Melo (PMDB), Gladson Cameli (PP) e Perpétua Almeida (PCdoB) não compareceram em nenhuma das sessões de apreciação do projeto.
    A única exceção foi Flaviano Melo. Ele não compareceu a sessão extraordinária que votou o texto base, mas, foi a sessão que adiou a votação das emendas. Nesta votação foram rejeitadas alterações que prejudicariam o 'Ficha Limpa' e neste caso o pmdebista acriano apoiou o projeto popular.
    Ambos também não tinha justificado até então, sua ausência.
    Redação, ac24horas
    Última atualização em Sex, 07 de Maio de 2010 19:50

    ResponderExcluir
  7. Anônimo, sou do TCE e vejo a pouca vergonha q acontece lá, nimguém é punido, quando é nunca pagam a multa, quando a multa existe ~passa pouca coisa de R$ 700,00. Uma vergonha, parece que o ditado mudou: o crime compensa. Existe uma insatisfação geral dos analistas, nimguém pode falar muito, se falar é reprimido, o laço do PT mora no Tribunal Faz de Contas, é triste mas é o q somos, fazedores de conta........

    ResponderExcluir
  8. Excelente vermelho-e-azul, aos moldes do Reinaldo Azevedo (de quem, a propósito, tomei conhecimento através deste blog e já adicionei aos favoritos).

    Ocorre que a tal coerência que o Dunga teima em defender tão obstinadamente (a despeito da torcida, da mídia esportiva e do lobby dos patrocinadores) inexiste no texto vermelho.

    Pena que a "pobreza" do estado só se evidencia quando convém.

    ResponderExcluir
  9. Nada mais desinteressante do que os comentários do ACREUCHO. Suas "análises" sempre provocam boas gargalhadas por serem desprovidas de pé e cabeça.Essa sobre a greve dos professores foi o máximo, só falta o complemento da Joana D'arc e do Eudo Lustosa.

    ResponderExcluir