sexta-feira, 30 de abril de 2010

A gente ainda chega lá

VEREADOR DO MARANHÃO MANDA DETER E ALGEMAR JORNALISTA QUE COBRIA SESSÃO DA CÂMARA

Estelita Hass Carazzai, da Agência Folha

O jornalista Edmundo Moreira da Silva, 53, foi algemado e detido por guardas municipais durante uma sessão da Câmara Municipal de Timon (MA), anteontem à noite.

Ele e o cinegrafista Magno Ferreira, 27, acompanhavam a votação de um projeto que efetivava os 350 agentes de saúde do município. Os dois trabalham para o site Portal Hoje.

Enquanto aguardavam o início da sessão, dois guardas municipais abordaram os jornalistas e disseram que eles teriam de se retirar por não terem autorização do presidente da Casa, vereador Antônio Borges Pimentel, para filmar o evento.

"Disseram que faz parte do regimento interno da Câmara, mas nunca antes haviam nos incomodado com isso", diz Silva. Segundo ele, nas outras sessões em que levou a filmadora, ninguém foi solicitado a desligar o equipamento.

Diante da negativa em sair, Silva foi detido à força, levado para um camburão e de lá para a delegacia, onde foi autuado por desacato à autoridade.

Segundo a assessoria de imprensa da Câmara de Timon, o jornalista foi detido porque "alterou a voz" e falou "palavras de baixo calão" aos guardas.

A cena pode ser vista em um vídeo na internet. O jornalista, elevando a voz, afirma que está trabalhando "numa casa pública" e que não vai sair, ao que o guarda municipal responde: "Cala a boca, rapaz". A confusão aumenta e Silva é agarrado, algemado e arrastado para fora, diante dos gritos do público.

A Folha telefonou para o comandante da guarda municipal de Timon, mas seu celular estava fora da área.

Segundo a assessoria da Câmara, os jornalistas são solicitados a desligar as câmeras de vídeo "sempre que possível". "Eu sou só um. É complicado dar conta de tudo", afirma o assessor Walber Júnior.

O Sindicato dos Jornalistas do Piauí divulgou nota de repúdio pela agressão.

Veja o momento da prisão.

2 comentários:

  1. Pois é, caro jornalista... Esse é o tratamento com a imprensa em um estado onde a governadora é "eleita" com quatro votos. Lá já passam de quatro décadas de domínio da famiglia. Aqui são doze anos. A gente ainda chega lá...

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  2. A ditadura não acabou, ainda estamos em períodos em que liberdade de expressão é algo do tipo “sim senhor e não senhor”, democracia é algo do tipo “eu concordo, tem meu apoio”, informação só se for apoiando algum mega empresário ou aplaudindo o partido que está na situação. Imprensa no Brasil é uma maquina de imprimir alguma coisa em papel de pão. É uma vergonha...se não fosse a mídia nunca saberíamos dos escândalos políticos, do trafico de influencia, dos atos de desrespeito a constituição brasileira.

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