sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lembrou dos bambus, senador?

O senador Tião Viana (PT) descobriu, na China, que vivemos um "forte momento da história humana com esta intensa troca de relações comerciais entre povos". Na verdade, trocam-se produtos a partir das intensas relações comerciais, não é mesmo?
E esse troca-troca é antigo, começou no período da Grandes Navegações e atingiu níveis estratosféricos há algumas décadas. Nada, portanto, dessa novidade portentosa vista pelo senador acreano em seu contato com os chinas.

Sou um sujeito de natureza otimista e até bastante crédulo em relação à boa fé alheia. Mas quando se trata das viagens internacionais dos irmãos Viana e sua retórica empulhadora sobre o que elas nos renderão de proveitos comerciais, aí sou obrigado a confessar que não acredito em uma só palavra do que eles dizem.

Quando governou o Acre, Jorge Viana, pelo que consigo lembrar, esteve na França, Peru, Canadá, Estados Unidos, China, África do Sul e Finlândia. Depois de visitar este último, um deslumbrado voltou dizendo que seu sonho era "transformar o Acre em uma Finlândia brasileira". Não conseguiu. Estamos mais para uma Colômbia, tamanha é a quantidade de drogas que circulam por aqui.

A cada viagem, Jorge justificava os gastos de dinheiro público com a tapeação de que eles seriam compensados pelos frutos de relações comerciais ainda hoje inexistentes.

Da mesma forma olho agora essa viagem à China - dessa vez protagonizada pelo irmão candidato a pensionista da previdência estatal. Quando surgiu na imprensa a primeira referência à ela, lembrei que em 2005 o senador Tião Viana apareceu com a história de que a economia acreana afinal encontrara o caminho das pedras. Iríamos, segundo largamente propalado pela imprensa sempre companheira, sair do buraco vendendo bambu para os chineses.

Cinco anos se passaram, e nada mais se disse sobre o assunto. Ao ver a lista dos 75 membros da comitiva que integra essa nova viagem, me percebi estranhamente aflito a torcer para que o senador tenha lembrado de levar os bambus.

Um comentário:

  1. Se algum dia eu escrever um livro sobre "acreanidades", não poderei deixar de contar este episódio em que o Acre queria "vender bambus para a China".

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