O assunto do post abaixo é polêmico e eu sabia que despertaria opiniões contrárias. Como sou fascinado pelo debate, publico aqui o comentário feito pelo leitor J. Adolfo Bezerra, que faz considerações pertinentes sobre o tema (menos quando me atribui um preconceito inexistente sobre o apoio dos evangélicos ao governo da Frente Popular). Não debato para ter razão, mas para encontrá-la em algum lugar, ainda que seja nos argumentos alheios.
Segue o comentário do leitor:
Caro escriba,
Embora seja leitor assíduo deste seu blog, e o seja única e exclusivamente por admirar seu modo de escrever, não posso deixar de discordar de você à respeito desta matéria.
Vamos lá:
1°) O argumento sobre o laicismo do estado é pertinente, mas é aberto a uma dialética lógica: ora, se o dito estado é laico, segundo nossa Carta Magna, é livre para interagir com qualquer entidade religiosa, como o faz com outros convênios assinados (é só procurar) com a Igreja Católica, com a União do Vegetal e com outras denominações. Se não existisse este laicismo, haveria, sim uma cumplicidade tendenciosa.
2°) Como você mesmo disse, quase todos pagamos (muitos) impostos. Mas já decidimos, mesmo que de forma torta, pra onde vão estes recursos, pois o fazemos através de representantes eleitos (gostemos ou não) legitimamente pelo povo (estamos neste meio). É um dos princípios da república.
3°) Acho que o amigo está sendo preconceituoso quando faz referência à presença de evangélicos na base de apoio ao governo. Por essa linha de raciocínio, nenhum governo poderia firmar convênios com a Igreja Católica, por exemplo, pois a porcentagem de católicos no Brasil é de cerca de 60%. Quantas bases governistas são compostas por a grande maioria de católicos? Nem por isso fica proibido firmar-se convênios com esta igreja.
Os governos têm, sim, que tratar à todas as crenças com a equidade do estado laico, destinando verbas (dentro de um limite razoável, é claro) a projetos sociais e outras atividades que possibilitam o reencontro do homem com Deus, retirando-o das desgraças da bebida, das drogas, da prostituição e de outros males.
Parabéns pelo blog. Continue a ser independente e audaz.
Laicismo significa ser neutro, não tem nada a ver com financiar “todas” as religiões. Mais ainda, um estado laico implica no respeito necessário a todas as crenças e, inclusive, à não crença. Eu, por exemplo, sou ateu. Você, J. Adolfo bezerra, acha que meu direito está sendo respeitado? Ou que o caráter laico do Estado resta-se manifesto quando do financiamento público, com dinheiro também meu, de denominações religiosas? Quer fazer parte de uma religião? Faça. Quer que o Estado sustente suas crenças? Aí, não, meu caro.
ResponderExcluirAlguém me apresente 3 ações sociais efetivas e significantes da 1ª Igreja Batista de Cruzeiro do Sul. Eu sou de lá, nunca vi nenhuma. Tenha paciência.
Essa mania paternalista do Estado provedor até dos devaneios religiosos de todos os matizes. Credo.
Existem duas coisas que nunca existiram no Brasil: liberalismo (muito menos o “neo”) e laicismo.
Meu caro Archibaldo,
ResponderExcluirSendo o nosso país um Estado Laico,as benesses deveriam ser em favor de todas as agremiações religiosas,ou,em favor de nenhuma.É muito fácil esquecer o laicismo, em favor de poucas agremiações.Não sou contra a assistência social(que é uma política pública,como a saúde,a educação)mas,sou contra o assistencialismo.As ações devem estar direcionadas não apenas para entidades religiosas,porém para aquelas que trabalhem com assistencia social,independente de pertencerem a uma ou outa doutrina,ou de não pertencerem a nenhuma.O meu posicionamento contrário se dá não pelo fato de não ser evangelica,mas pelo contorno populista de tais convênios.Seguindo assim,prosseguiremos com os altos níveis de exclusão social,pese aos "salvadores"programas sociais...
Abraço fraterno,
Joanna.