Coronel Paulo Cézar
Causou-me surpresa a informação de que a matéria que estava sendo produzida pela repórter Ana Paula Batalha não tenha sido publicada pelo jornal A Tribuna, conforme a própria repórter havia adiantado no momento em que lhe concedi a entrevista.
Respondi a cada uma de suas perguntas sobre a reunião da qual havia participado no clube de cabos e soldados a respeito dos interstícios nas promoções e até sugeri que ela ouvisse os responsáveis pela convocação e organização do evento. Solicitei em seguida que eles fossem até o jornal A Tribuna prestar os esclarecimentos necessários, a fim de que não pairasse dúvida sobre a pauta e os objetivos do encontro. Quanto ao fato da matéria não ter sido publicada, sinceramente não me diz respeito.
Lamento que a situação tenha tido tal desdobramento, ao ponto do jornalista Fábio Pontes fazer referência no jornal A Gazeta a um passado de triste memória como sendo algo ainda praticado em nosso Estado.
Felizmente, a liberdade com que cada jornalista se manifesta para expressar seu ponto de vista sobre este e outros episódios não deixa margem para dúvidas: se não houvesse respeito à liberdade de opinião em nosso Estado, certamente os jornalistas não escreveriam com tanta altivez, apesar de alguns equívocos, sobre o que pensam das autoridades.
O fato é que não fiz qualquer contato com a direção ou editoria do jornal para pedir que a matéria não fosse publicada. Continuarei a prestar o meu serviço no combate ao crime e em defesa da segurança das pessoas, com a mesma postura de respeito e consideração com os profissionais da imprensa, porque sei que eles estão fazendo sua parte no esforço diário de manter a sociedade informada.
*Paulo Cézar é subcomandante da PM do Acre
Comento
O coronel Paulo Cézar tem neste blog o espaço também assegurado ao jornalista Fábio Pontes. O presente texto foi encaminhado aos veículos de comunicação em resposta à celeuma criada a partir das declarações da jornalista Ana Paula Batalha.
Gostaria de destacar o trecho em que o oficial militar se refere à liberdade de imprensa que imagina existir no Acre. Para tanto ele recorre à "altivez" com que os jornalistas (alguns, ressalte-se) se referem às autoridades do estado. Imagino que do ponto de vista militar a altivez seja uma grave transgressão à hierarquia, pelo que se percebe do que foi escrito pelo Sr. Paulo Cézar. Uma rápida consulta ao Houaiss revela que o vocábulo tem duas acepções: 1. Sentimento de dignidade, brio, nobreza. E 2. Atitude de arrogância, soberba e intolerância.
Apesar do que diz o coronel, o exercício da livre expressão se encontra cerceado pelo governo da floresta há mais de uma década no estado. E não é altivez de meia dúzia (exercida sobretudo em twitters e blogs) que mudará essa realidade.
Jornais só noticiam o que é conveniente para o pessoal da Frente Popular. Basta atentar para o detalhe de que acontecimentos comezinhos, mas de interesse do governo, virarem manchetes em todos os diários ao mesmo tempo. E que denúncias graves e de interesse público quase sempre amargam a indiferença dos veículos de comunicação. Isso, claro, não significa um juízo de valor sobre os fatos relatados pelo militar. São questões distintas, reconheço.
Mas a conclusão de que Paulo Cézar supostamente recebe tratamento altivo e injusto por parte de dois jornalistas não remete à premissa de que a imprensa goza de liberdade. Esta última é falsa, ainda que a conclusão possa ser verdadeira em todas as suas nuances.
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