Por Clélio Rabelo
Talvez fosse chegado o momento de se reproduzir o artigo que escrevi quando de minha despedida involuntária do Acre. Nele, condenso a prática nefasta da malfadada democracia que os “petralhas” apregoam. Na ocasião, entretanto, não cheguei a relatar que, à época em que fui coordenador de divulgação do governo, uma das minhas tarefas diárias era ir pessoalmente às redações de todos os jornais locais (Página 20, A Gazeta e A Tribuna) para, literalmente, editá-los.
No primeiro momento, o Rio Branco ainda se postava de oposição. Ou seja: o conteúdo, incluindo títulos, subtítulos, fotos e manchetes eram determinados por mim. Me sentia como um daqueles censores que tantos males trouxeram à democracia brasileira nos anos de chumbo do regime militar, em que pese o contexto político tivesse sido outro, e que obrigavam os grandes jornais e revistas brasileiros a preencher lacunas com receitas de bolos e figuras do “capeta” ou simbologias tais, em substituição a textos vetados. Começariam aí minhas divergências com as práticas nefastas dos petralhas.
Não nos esqueçamos que, quando o PT ainda engatinhava, foram pessoas como eu e outros raros colegas que abríamos espaço na imprensa local para que o partido tivesse um pouco de vez e voz nas emissoras de rádio, TV e jornais acreanos de então. Quem compartilhou comigo as agruras que representou a incursão do Narciso Mendes e asseclas ao jornal O Rio Branco (Romerito Aquino, Chico Araújo e tantos outros), sabe que chegou a ser editada pelos proprietários do jornal uma lista interna com aproximadamente 100 nomes que não poderiam ser divulgados no jornal. Alguns em nenhuma hipótese (caso de Marina Silva dentre eles), e outros apenas em casos circunstanciais. Ainda assim nós furávamos o bloqueio, apesar das broncas e até ameaças de demissão que sofríamos. Quando da campanha de Jorge Viana à prefeitura e, já trabalhando na TV Gazeta, uma das frases que mais ouvia do Roberto Moura era: “Vá fazer campanha para o PT quando você tiver a sua própria TV seu (...)”.
Recordemos ainda que, também antes da assunção ao poder, uma das bandeiras do PT era exatamente a falta de vez e voz na imprensa “burguesa”, o que era o brado retumbante das greves e manifestações que movimentavam as massas que os galgariam ao poder posteriormente.
Ademais, recordar é viver: o primeiro episódio da gestão Jorge Viana, às vésperas da posse, em 1999, foi protagonizado pelo Toinho Alves e o Altino Machado demonstrando, logo no primeiro momento, que comporiam uma equipe coesa: ambos disseram que a imprensa acreana era composta de jornalistas “de merda”. Não sei se teriam confundido a expressão com a sigla SERDA, um órgão do governo estadual que existiu ali na esquina das avenidas Getúlio Vargas e Ceará – bem em frente à antiga sede de O Rio Branco. Tratava-se, na verdade, da imprensa oficial acreana, que foi entregue ao empresário Eli Assem (leia-se A Tribuna) ainda na gestão Edmundo Pinto em condições até hoje não esclarecidas. E lá se vão quase 20 anos que o Diário Oficial do Estado é editado por uma gráfica “particular” – talvez caso único no país. Os demais “diários oficiais” são editados por outras gráficas.
*Clélio Rabelo é jornalista.
Nota do blog: A impressão do Diário Oficial deixou de ser feita após o surgimento de sua versão online. O DO virtual pode ser acessado no endereço http://www.diario.ac.gov.br
Arquibaldo, encontre o melhor lugar para esse texto. Abraços
ResponderExcluirA partir de algumas conversas que tive com pelo menos dois parlamentares acreanos aqui no Congresso Nacional, parei para refletir sobre o processo político em curso. No Acre, o PV estará coligado com o PT – inclusive na chapa dos proporcionais. O PMDB e o PT são como água e óleo, não se misturam. Mas, juntos comporão a chapa presidencial. PMDB vai marchar entrincheirado com Flaviano, João Correia, Geraldinho e Pinto – se postando de galo. As oposições terão à frente os cabeças grande (não confundir com grandes cabeças - Petecão) e dura (Bocalom). Traduzindo, será o samba do crioulo doido. A turma do PT não tem razões programáticas nem pragmáticas para não apoiar Marina à presidência. Além da questão xenofobista, a relação entre Marina e as lideranças da FPA chega a ser visceral, quase umbilical. É de se supor que ocorrerá no Acre uma situação atípica. Em que pese Binho, Jorge, Tião e etc. digam que apoiarão Dilma em face do compromisso partidário, é possível que esse apoio não passe de retórica. Nos bastidores, o “acreanismo” falaria mais alto e o apoio à Marina seria tácito. Ocorre que, mesmo considerando ser o eleitorado do Acre pequeno em termos proporcionais ao restante do país, é possível que o crescimento da candidatura da ex-ministra supere o mínimo necessário para suplantar Serra na contagem final dos votos. Agora, se ela perder no Acre para a Marina (o que é bastante provável), o peso político dos Vianas estará irremediavelmente comprometido perante Lula e, por decorrência, de suas pretensões futuras.
cleliorabelo@pop.com.br
Tomara que isso aconteça mesmo. Pq o filme deles tá queimado, com o presidente, desde uma certa eleição onde o presidente levou ferro aqui no Acre.
ResponderExcluircidadão acreano mesmo
Caro Archibaldo: Dois comentários indispensáveis. Primeiro, parabéns ao Clélio Rabelo pelo belíssimo e contextual relato que espero sacuda as consciências de algusn outros jornalistas que trabalharam nessa época e que hoje, covardemente ainda lambem botas (não mais de militares senão de fazendeiros)donos do poder. Segundo, um reparo no comentário também postado pelo Clélio: O Acre nunca elegeu essa turma do PT nacional, portanto, não se mostra correto dar por descontada a vitória da recauchutada Dilma Chuck
ResponderExcluirVerdade Archibaldo, se até a morte do Governador ainda não foi esclarecida... imagine esse rolinho da gráfica.
ResponderExcluirO Clélio bem que mereceu o fim que teve. Era um puxa saco, no pico da ditadura do Jorge Viana, ele vivia entregando os colegas de profissão que eram oposição ao PT. Puxa saco e X9 tem sempre um triste fim. Mereceu o NABO para deixar de pedir a cabeça alheia.
ResponderExcluirASS. Jornalista da TV Gazeta
Na falta de argumentos mais sólidos, mais consistentes, os bajuladores de plantão preferem a ofensa, a calúnia, ainda que subjetiva. Bajuladores de plantão sim, conquanto a postagem, pelo horário em que ela ocorreu, jamais seria feita por um jornalista da TV Gazeta eu os conheço. Aqueles que se plantam frente aos blogs com este intuito,repito, neste horário, eu os conheço bem. Muito bem.
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