segunda-feira, 26 de abril de 2010

De volta aos porões

Por Fábio Pontes, do jornal A Gazeta

O Acre é um Estado que a cada dia chama a atenção do Brasil e do mundo. Após tantos anos de sucateamento e desmandos cometidos pelos mandatários, aos poucos o Acre começa a se desenvolver econômica e democraticamente. Mas, infelizmente, aqueles “anos de chumbo” pelos quais os acreanos passaram, deixou seus herdeiros que insistem em achar que o Acre é, desculpe a expressão, a “casa da mãe Joana”.

No alvo deles está a liberdade de imprensa. E o mais triste é que o ataque vem de um setor que sempre foi hostil com a atuação livre dos jornais: os militares. O caso mais recente aconteceu neste final de semana. Com base em uma denúncia protocolada junto à Procuradoria Regional Eleitoral, a jornalista Ana Paula Batalha produziu uma reportagem que vinculava o subcomandante da Polícia Militar, coronel Paulo César, a fazer campanha política dentro da corporação a favor de candidatos petistas.

Após averiguar e ouvir ambos os lados, como reza o bom jornalismo, Ana Paula teve a notícia de que policiais militares, supostamente a mando do subcomandante, foram ao jornal com ameaças intimidadoras, recomendando a “ter cuidado caso a reportagem fosse publicada”. Ora, que cuidado seria este? Antes disso, uma comissão formada por sargentos procurou a jornalista para defender seu superior e desmentir que Paulo Cesar estaria pedindo votos.

Certamente esse grupo de militares foi por livre e espontânea pressão. O caso é triste para a história de uma população que tanto sofreu nas mãos de coronéis que atropelavam todos os princípios da democracia e faziam Justiça com as próprias mãos. Além disso, o episódio nos faz lembrar os anos em que as redações dos jornais eram invadidas por policiais a mando de autoridades insatisfeitas com a publicação de reportagens que denunciavam os abusos.

Há casos até de jornalistas que foram obrigados a engolir literalmente o jornal impresso. Queremos isso de volta? A sociedade disse que não quando, legalmente, condenou no final do ano passado, mais uma vez, o ex-chefe do esquadrão da morte. A sociedade não aceita mais esse retrocesso. Se o militar se sentiria prejudicado com a publicação da matéria, ele poderia usufruir de todos os trâmites oferecidos pela Justiça brasileira.

Um policial militar deve zelar pelo cumprimento da Constituição Federal, que tem a liberdade de expressão como um dos princípios e direito sagrado dos brasileiros. A Polícia Militar hoje é outra, e não aquela do governo dos generais. Um exemplo disso é o próprio comandante da Polícia Militar, coronel Romário Célio, que sempre atendeu e respondeu aos questionamentos da imprensa sem jamais mandar seus homens invadir o local de trabalhos dos jornalistas.

*Fábio Pontes é jornalista de A Gazeta. Este artigo foi extraído da edição que circula nesta terça-feira.

4 comentários:

  1. KD O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO? "CÓDIGO DE DIREITOS HUMANOS", DECLARAÇÕES DO GOVERNADOR SOBRE JORNALISTAS E AGORA AMEAÇAS A LUZ DO DIA PELO SUB COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR QUE SE ACHA O TODO PODEROSO E INTOCÁVEL. O MP,OAB, SEC DE SEGURANÇA, SEC DE DIREITOS HUMANOS E O PRÓPRIO GOVERNO DEVEM SE MANISFESTAREM PUBLICAMENTE. OU VÃO PEDIR DESCULPAS DIZENDO QUE ISSO É COISA DE HILDEBRANDO? E O PRESIDENTE MARCOS VICENTE?

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  2. O Acre mais uma vez dando um passo atrás...é triste!

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  3. O Cel Paulo Cesar é capaz de mais que isso. Seu objetivo dentro da PMAC é tão somente de pessoal. O que ele demonstra ser um cara compromissado com a Instituição é apenas pano de fundo, apartências. O que ele quer mesmo é se dar bem...

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  4. SE OCOMANDANTE É TÃO SÉRIO EM SEU TRABALHO COMO AFIRMA O JORNALISTA DA TV GAZETA AGORA É QUE VAMOS VER QUE PROVIDENCIAS SERÃO TOMADAS EM RELAÇÃO ESTE FATO ABOMINÁVELLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL.

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